A Aplicabilidade da Ginástica Laboral para Segunda Etapa da Educação de Jovens e Adultos da Escola Estadual Lucimar Amoras Del Castillo na Cidade de Macapá

A APLICABILIDADE DA GINÁSTICA LABORAL PARA SEGUNDA ETAPA DA EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS DA ESCOLA ESTADUAL LUCIMAR AMORAS DEL CASTILLO NA CIDADE DE MACAPÁ.

ANÚNCIO

Geovani De Souza Santos*

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Leonardo Silva Garcia*

Mayra De Souza Ferreira*

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Profª esp. Denise Ferreira**

RESUMO

Este estudo teve como objetivo apresentar uma proposta de Ginástica Laboral na escola Estadual Lucimar Amoras Del Castillo para a segunda etapa da Educação de Jovens e Adultos (EJA) na cidade de Macapá. Parte-se da hipótese que a maioria dos educandos tem seu emprego durante o dia e estuda durante a noite e por isso frequentam as aulas com certo desânimo, estresse e cansaço. O estudo foi dividido em três etapas de desenvolvimento que foram: a revisão teórica sobre a Educação de Jovens e Adultos (EJA) no Amapá, história e características; a ginástica laboral (GL) num contexto geral e suas possibilidades de aplicação na escola. Em seguida ocorreu o processo de observação das aulas procurando notar especificidades no comportamento dos educandos e após este processo houve a aplicação de aulas de atividades laborais e dinâmicas de grupo, como possibilidade de incitar os educandos a frequentar às aulas com mais ânimo bem como estimulá-los a praticar atividades físicas.Na próxima etapa foi aplicado um questionário investigativo, para identificar com mais clareza os hábitos de vida dos educando da Escola Lucimar. Como resultado geral, nota-se que a Ginástica Laboral é perfeitamente viável de ser aplicada na EJA, ocorrendo o respeito dos educandos em relação ao horário. Após avaliação realizada nesta etapa percebeu-se que a forma como foi desenvolvida a proposta obteve mais êxito. Este estudo sugere-se a continuidade do mesmo, bem como uma nova pesquisa que aponte os resultados da Ginástica Laboral após um determinado período de aplicabilidade.

Palavras-chave: Ginástica Laboral. EJA. Educação. Estímulo.

*Graduando em licenciatura Plena e específica em Educação Física pela Universidade Vale do Acaraú.

*Graduando em licenciatura Plena e específica em Educação Física pela Universidade Vale do Acaraú

*Graduando em licenciatura Plena e específica em Educação Física pela Universidade Vale do Acaraú

**Professora Especialista em Gestão e docência do Ensino Superior

INTRODUÇÃO

Este trabalho apresentará uma abordagem sobre a realidade da Educação de Jovens e Adultos (EJA) e tem como objetivo proporcionar e estimular Ginástica Laboral para os educandos da segunda etapa da Educação de Jovens e adultos na Escola Estadual Lucimar Amoras Del Castillo na cidade de Macapá.

A educação no Brasil está rodeada de problemas; o Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (IDEB) indica que o país está abaixo da média dos países desenvolvidos e para que nossa educação seja boa devemos pelo menos nos igualar a eles. Os motivos para tais problemas são vários, em especial estruturas físicas pouco adequadas para o desempenho de atividades educativas e para o acolhimento dos estudantes com suas especificidades e profissionais pouco capacitados para cumprir o papel de educadores.

A série histórica de resultados do Ideb se inicia em 2005, a partir de onde foram estabelecidas metas bienais de qualidade a serem atingidas não apenas pelo País, mas também por escolas, municípios e unidades da Federação. A lógica é a de que cada instância evolua de forma a contribuir, em conjunto, para que o Brasil atinja o patamar educacional da média dos países da OCDE.( IDEB, 2009).

A educação de jovens e Adultos é uma modalidade de ensino, amparada por lei e voltada para pessoas que não tiveram acesso, por algum motivo, ao ensino regular na idade apropriada. Conforme a LDB:

Art.37- a educação de jovens e adultos será destinada aqueles que não tiveram acesso ou continuidade de estudos no ensino fundamental e médio na idade própria 1º os sistemas de ensino assegura gratuitamente aos jovens e adultos, que não puderam efetuar os estudos na idade regular, oportunidades educacionais apropriadas, consideradas as características do aluno seus interesses, condições de vidas e de trabalho, mediante cursos e exames 2º o poder público viabiliza e estimulará o acesso e a permanência do trabalhador na escola mediante ações integradas e complementares entre si (Lei de Diretrizes e Bases, 1998, p. 29).

O objetivo da EJAé restaurar o direito à educação, não aproveitado pelos jovens e adultos, oferecendo a eles igualdade de oportunidades para a entrada e permanência no mercado de trabalho. São pessoas que têm cultura própria tendo profunda necessidade de serem auto-dirigidas, por isso, o papel do docente é de fundamental importância no processo de reingresso desses educandos. Os professores dessa modalidade devem ser diferenciados, capazes de identificar o potencial de cada educando é engajar-se no processo de mútua investigação com os mesmos e não apenas transmitir-lhes seu conhecimento e depois avaliá-los.

Os educandos da EJA são em sua maioria trabalhadores empregados, que passam o dia no trabalho e a noite vão à escola, logo estão cansados e não têm um grande rendimento assim, propõe-se um estímulo através da ginástica laboral, para incentivar e integrar a turma. Segundo Kishimoto (2008, p.20): “Há sempre uma criança em todo adulto”. Portando o adulto também pode se divertir através de alongamentos, dinâmicas de grupos praticadas na escola.

É importante mencionar que através da ginástica laboral ocorre a promoção da saúde em todos os sentidos, seja mental, física ou social; mental porque ameniza o estresse, reforça a auto-estima, entre outros benefícios físicos. Segundo lima (2007), o objetivo da ginástica laboral (GL) é: “Promover adaptações fisiológicas, físicas e psíquicas por meio de exercício físico, dinâmicas de grupos e outras técnicas complementares como massagem”.

Diante deste contexto, a ginástica laboral é um processo satisfatório, pois os educandos se veem mais saudáveis, felizes e satisfeitos, melhorando suas relações interpessoais no ambiente escolar tornando-o mais agradável.

Os educandos da EJA estão conseguindo progredir no conteúdo de forma eficiente mesmo apresentando defasagem de idade e cansaço do trabalho diário?

Os educandos estão satisfeitos com os métodos utilizados pelo professor para aplicar o conteúdo?

Deve-se verificar que a educação de hoje precisa acompanhar as inovações e aproveitar a Ginástica Laboral em benefício de todos, garantindo a integração na sociedade como agentes mais críticos e criativos, só assim o aluno terá mais facilidade de expressar sua afetividade, emoções e até mesmo integrar-se ao grupo de forma consciente e crítica.

Nesta perspectiva, queremos romper com ensino tradicional que discrimina, exclui os adultos, que também fazem parte da nossa sociedade precisando apenas ser reconhecidos e valorizados como indivíduos com cultura e personalidade própria.

Conforme as diretrizes curriculares:

Pensar a Educação de Jovens e Adultos hoje significa (re)pensar as especificidades dessa modalidade de ensino e os novos desafios que se impõe aos educadores e educandos, uma vez que a produção e a (re)construção do conhecimento constituem-se em uma troca entre esses sujeitos, tendo como referência a realidade na qual ambos estão inseridos. (DIRETRIZES CURRICULARES, 2005, p.52).

Através dos dados coletados na Secretaria Estadual de Educação do Amapá (SEED), será feita uma abordagem sobre a Educação de Jovens e Adultos (EJA)  na cidade de Macapá comobjetivo de apresentar essa área de conhecimento para quem não conhece, realizando um resgate histórico que apresenta uma trajetória de desenvolvimento da área dando uma visão geral do surgimento da mesma,pois a educação possibilita ao indivíduo jovem e adulto retomar seu potencial, desenvolver suas habilidades, confirmar competências adquiridas na educação extra-escolar e na própria vida, com vistas a um nível técnico e profissional mais qualificado. Também é oferecido pelos sistemas de ensino cursos e exames supletivos, que compreenderão a base nacional comum do currículo, habilitando assim progressivamente os estudos em caráter regular.

Em 1994 surge o Curso Supletivo de Alfabetização que perdurou até 2000, este tinha como objetivo criar no Estado um centro que servisse de referencia para a educação popular, oferecendo, com isso a oportunidade de aprendizagem de leitura e escrita, e esse se fundamentava no construtivismo e na metodologia e filosofia de Freire, e foi autorizado pelo parecer nº. 023/93 – CEE.

A Educação de Jovens e Adultos representa uma possibilidade que pode contribuir para efetivar um caminho e desenvolvimento de todas as pessoas, de todas as idades. Planejar esse processo é uma grande responsabilidade social e educacional, cabendo ao professor no seu papel de mediar o conhecimento, ter uma base sólida de formação. A educação de adultos torna-se mais que um direito, é a chave para o século XXI; é tanto consequência do exercício da cidadania como condição para uma plena participação na sociedade. Conforme enfatizam os PCNEM, (2002, p. 126) [...] no mundo contemporâneo marcado pelo apelo afirmativo imediato, a reflexão sobre as linguagens e seus sistemas é uma garantia de participação ativa na vida social, a cidadania desejada.

Além do mais, é um poderoso argumento em favor do desenvolvimento ecológico sustentável, da democracia, da justiça, da igualdade entre os sexos, do desenvolvimento socioeconômico e científico, além de um requisito fundamental para a construção de um mundo onde a violência cede lugar ao diálogo e à cultura de paz baseada na justiça.

O principal objetivo da Educação de Jovens e Adultos é de auxiliar cada indivíduo a tornar-se tudo aquilo que ele tem capacidade para ser.

A educação básica de jovens e adultos é aquela que possibilita ao educando ler, escrever e compreender a língua nacional, o domínio dos símbolos e operações matemáticas básicas, dos conhecimentos essenciais das ciências sociais e naturais, e o acesso aos meios de produção cultural, entre os quais o lazer, a arte, a comunicação e o esporte. (GADOTTI e ROMÃO 2001, p. 119).

O fato do público jovem e adulto ter, por um motivo ou outro, não entrado ou não terminado o curso regular, na idade convencional, remete à necessidade de pensar e organizar a escola a partir das especificidades e formas particulares de aprender, e de um possível desconforto pessoal por estar fora da escola causando, muitas vezes, problemas relacionados a sentimentos de vergonha, humilhação, insegurança e da crença de que não pode mais aprender.

Neste sentido Freire insiste em dizer que:

sempre recusou a palavra exclusão preferia expulsão, porque dizia que quem seevade, às vezes se evade por conta própria. No caso da evasão escolar é umdefinitivo uma expulsão a estrutura acaba expulsando, pois esta expulsão camuflavaproblemas sérios de qualidade de ensino.( FREIRE 1997, p.35):

É preciso reconhecer que não há uma homogeneidade cultural em relação aos educandos jovens e adultos e, se é possível arrolar algumas características do funcionamento cognitivo deste grupo, tais como:

pensamento referido ao contexto da experiência imediata, dificuldade de operação com categorias abstratas, dificuldade de utilização de estratégias de planejamento e controle da própria atividade cognitiva, do procedimento metacognitivos (OLIVEIRA, 1995, apud KHOL, 1999).

É necessário perceber também que neste mesmo grupo há pessoas que não apresentam tais características, como acontece com outros grupos sociais.

A seguir abordaremos a ginástica laboral na educação de Jovens e Adultos a sua aplicabilidade para os mesmos que aplicada de forma correta a Ginástica Laboral é um eficaz instrumento de melhoria da saúde física, reduzindo e prevenindo problemas, especialmente os de ordem ocupacional, específicos para alongamento muscular, não exige roupas especiais. É uma ginástica leve e de curta duração, que não sobrecarrega e cansa o aluno, mas cujos resultados são altamente benéficos: ajuda a reduzir tensões e o sedentarismo, alivia o estresse, aumenta o animo para o trabalho e ainda promove a integração social.

Um grande desafio enfrentado pelo professor da Educação de jovens e adultos devesse ao fato de que o aluno da EJA, já chega à escola com uma bagagem de vida adquirida das experiências vividas e a maioria deles trabalha de dia e estuda a noite não tendo estímulo para praticar exercícios e muito menos se aplicar nos estudos durante a noite depois de uma jornada de trabalho, deixando a imagem de uma Educação Física discriminatória e sem objetivos, então não conseguemreconhecer  na  disciplina a  verdadeira importância  para sua qualidade  de vida e por mais que o professor  tente  motivá-los,  não consegue despertá-los para o cuidado corporal.

A proposta de aplicação da ginástica laboral nas aulas da Educação de Jovens e Adultos vem atacar direto a essa falta de apetite educacional, e a fadiga do dia-a-dia, Aliot (2008, p. 08), defende que:

um programa de ginástica laboral dentro da escola visa também a melhoria,  eficiência e bem estar  do aluno  adulto  que já passou por  uma jornada de trabalho  de no mínimo  oito  horas durante o dia e a noite terá que   permanecer   por   mais   quatro   horas   sentado   estudando.

Os exercícios propostos pelas aulas de GL poderão amenizar tensões na musculatura adquirida durante o dia ou até mesmo no próprio ambiente escolar devido à má postura durante as aulas. Segundo Aliot (2008, p.8) “Este desconforto físico tem consequência direta no processo de ensino aprendizagem” essa área ultrapassa a idéia de estar voltada apenas para o ensino do gesto motor correto. Muito mais que isso, o professor deve problematizar, interpretar, relacionar, compreender junto com os alunos as amplas manifestações de sua área de ensino, de tal forma que eles entendam o significado das práticas corporais. Pires et al (org. p. 194).

PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS

A pesquisa de campo foi realizada na Escola Municipal de Ensino Fundamental e médio professor Lucimar Amoras Del Castillo, da rede pública de Macapá, localizada no bairro Santa Rita, a cinco minutos do centro da cidade, de fácil acesso, recebendo educandos oriundos de diversos bairros da cidade, onde os sujeitos da pesquisa eram do ensino formal ou nunca tiveram acesso à Educação Básica e buscavam uma nova oportunidade na EJA.

Foram usados para análise e coleta de dados a aplicação de questionário com perguntas abertas e fechadas, baseados na pesquisa de Rocha et al, 2002 “As Práticas Educativas na Educação de Jovens e Adultos” essa pesquisa é definida por Rizzini (1999, p.63) como ‘aquela’, aplicada a partir de um pequeno número de perguntas, para facilitar a sistematização da pesquisa, as perguntas foram serviram para descrever a eficiência da ginástica laboral na escola-campo, situada nesta cidade de Macapá. Nesse sentido, participaram a da pesquisa, quinze (15) educandos (as) na faixa etária de 17 a 33 anos do turno da noite, da escola Professor Lucimar Amoras Del Castillo, a mesma foi realizada de forma documental direta em uma abordagem quantitativa e qualitativa.

A pesquisa desenvolveu-se no primeiro semestre de 2011 em uma sala de aula, da segunda etapa do ensino fundamental, equivalente a 7ª e 8ª serie, durante o processo ensino-aprendizagem com questionários, compreendendo perguntas abertas e fechadas para os educandos sujeitos da pesquisa, que servirá de dados para descrever como a GL poder ajudar no rendimento e o interesse dos educandos nas aulas da EJA da escola-campo, em uma turma de segunda etapa da Educação de Jovens e Adultos da escola Lucimar Amoras Del Castillo no Município de Macapá. A observação do campo foi realizada simultaneamente com a entrevista para garantir uma maior confiabilidade, a fim de maximizar a confiabilidade dos resultados obtidos nessa pesquisa, tem-se, como procedimento, a realização de um instrumento de registro das observações, onde serão feitas as anotações de fatos relevantes ao estudo. Dessa forma, os resultados foram tabulados, analisados e apresentados em gráficos.

Os instrumentos utilizados foram roteiro de observação e as entrevistas semi-estruturadas com aplicação de questionários de anamnese, que possibilitaram a obtenção dos dados para posterior análise dos mesmos. Com utilização de alongamentos, dinâmicas e brincadeiras obedecendo à ordem de execução abaixo:

1ª Etapa: Roteiro de observação:

- Atividades pedagógica realizadas em sala de aula e o comportamento doseducandos da segunda etapa da Educação de Jovens e Adultos da escola Lucimar Amoras Del Castillo.

2ª Etapa: Entrevistas Semi-Estruturadas com educandos da EJA.

Após a coleta dos dados, realizamos a organização e análise do material coletado, seguindo-se a interpretação dos resultados.

EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS EM MACAPÁ

Com dados da (SEED) Secretaria de Estado da Educação, a (EJA) educação de jovens e adultos começou ser oferecida no estado do Amapá no ano de 1973, foi então que o Conselho de Educação do Território Federal do Amapá – CETA, instituiu a Resolução de nº. 01/73, que ofertava exames de educação geral de 1º e 2º graus.

Em 1975, teve início o curso “João da Silva”, que tinha o objetivo de ofertar escolaridade no nível das quatro primeiras séries do primeiro grau a jovens e adultos. Este curso foi oferecido pela Fundação Centro Brasileira de televisão Educativa, sendo estruturado pelo parecer nº 817/72 – CFE e o tratamento pedagógico das matérias que constituíam o núcleo eram globalizados. A grade curricular era assim organizada: Comunicação e Expressão, Integração Social e de iniciação a Ciência.

De acordo com a (SEED) Secretaria de Estado da Educação, o programa de Educação Integrada – PEI, apareceu em 1976, instituído pelo parecer nº 44/73 – CFE, e desenvolvido no Amapá em doze meses letivos, tendo carga horária de 700 horas. Com objetivo de ofertar a escolarização nas quatro primeiras séries do antigo 1º grau a jovens e adultos que fossem maiores de 14 anos, a grade curricular era composta das disciplinas Comunicação e Expressão, Matemática, Ciências, Integração Social e Educação para o trabalho. O sistemade avaliação era norteada pelos termos aprovado/reprovado para caracterizar o acesso ou não do aluno.

Contudo, a educação precisa ter como foco principal à formação de cidadãos conscientes, ativos e críticos em nossa sociedade, atuando como sujeito de sua história e não meramente um objeto da mesma. Assim, o aluno necessita ser instigado a refletir sobre a sua realidade, o seu contexto social. Em outras palavras, o educando deve realizar uma leitura de sua realidade. Uma leitura crítica regada de intenções pedagógicas, envolvendo toda a comunidade escolar (KUNZ, 1991 apud PIRES).

Em 1986, foi implantado o Curso de Suplência para Aceleração de Estudo de 1ª a 4ª serie a jovens e adultos, e substituiu o Programa de Educação Integrada – PEI. Funcionou com três composições distintas, no período de 1986 a 1993.

O Curso Supletivo de Alfabetização que durou de 1994 até 2000, tinha como objetivo criar no Estado um centro que servisse de referencia para a educação pública, oferecendo, com isso a oportunidade de aprendizagem de leitura e escrita, e esse se fundamentava no construtivismo e na metodologia e filosofia de Freire, e foi autorizado pelo parecer nº. 023/93 – CEE.

A SEED/AP cria em 1997, um novo centro de referencia para educação de jovens e adultos dentro da nova perspectiva de qualidade de ensino e do paradigma da Educação Popular, a Escola Estadual de Educação Popular Professor Paulo freire, com ofertas de vagas em três ciclos referentes ao 1º grau. A linha teórico-metodológica era pautada nas idéias de educação popular difundidos por Paulo Freire.

A metodologia que Paulo Freire busca conscientizar e ao mesmo tempo politizar através da educação que é usada como prática para a liberdade é um método fundamentalmente de cultura popular, o que sugere que a educação deve instruir a repensar e não reproduzir os mesmos pensamentos.

A Universidade Federal do rio de Janeiro – UFRJ, juntamente com a SEED/AP implantaram o programa “Saber mais, Viver mais”, que tinha o objetivo de alfabetizar jovens e adultos, a partir de 15 anos, que estivessem, preferencialmente, inseridos no processo de produção do Estado.

Como podemos notar, a educação de jovens e adultos é tornada para o mercado de trabalho.

Nesse sentido, a educação aqui significa levar o indivíduo a internalizar valores, normas de comportamento que lhe possibilitarão se adaptar à sociedade capitalista. Isto é, uma educação que forma indivíduos alienados em relação às questões da sociedade, que não questionam a sua realidade, que não são críticos em prol de um desenvolvimento adequado de suas capacidades. Enfim, uma educação a serviço dos detentores do poder, da classe dominante (BRACHT, 1992)

A metodologia utilizada tinha como base o mundo do trabalho, a compreensão do trabalho produtivo, tendo como indicadores fundamentais, as palavras geradoras, os temas geradores e a partir deles, o processo de conscientização. Esta metodologia teve o alicerce de uma pesquisa em âmbito estadual, realizada por técnicos da NEJA/SEED/AP e da UFRJ, onde foram identificadas palavras associadas a aspectos relacionados a questões culturais existentes, como fatores determinantes das condições sócio-econômicas da existência cotidiana.

A pedagogia utilizada era baseada no dialogo e na investigação da realidade, no cotidiano e suas práticas e necessidades imediatas, assim como na história local e do país e sua relação com o mundo. O programa tinha como docentes professores da rede oficial de ensino que eram capacitados na metodologia empregada, assim como, recebiam formação continuada. O curso tinha duração de um ano letivo, após o qual, o aluno era inserido na rede oficial na 1ª etapa do ensino fundamental da EJA. O programa teve inicio em 2001 e terminou em 2004, quando surgiu o Programa Brasil Alfabetizado, e a NEJA/SEED/AP, juntamente com outras instituições, passou a realizar convênios com o SECAD/MEC para implantação do programa no Estado. Logo é importante frisar que.

A EJA é uma modalidade educativa que deve expressar de forma clara sua opção por setores vulneráveis em condições de marginalidade socioeconômica e de desigualdade de oportunidades educativas (RIBEIRO 200,1 p. 202)

Atualmente, a Educação de Jovens e Adultos é oferecida na rede Estadual, municipal e na rede particular de ensino. Analisando os dados da tabela 1, representativos do ano de 2006, percebe-se a variação na oferta de vagas da modalidade EJA na rede estadual em consonância com o aumento de vagas ofertadas pela rede municipal em consequência da municipalização do ensino fundamental. Na rede particular de ensino o número de vagas vem diminuindo, evidenciando uma participação mínima na Educação de Jovens e Adultos.

Tabela 1 – Número de alunos matriculados, nos cursos presenciais, com avaliação no processo, por dependência administrativa.

Ano Total Federal Estadual Municipal Particular
2006 27.092 - 19.833 6.229 1.030
2005 27.573 - 19.674 6.390 1.509
2004 29.151 - 20.582 5.416 3.153
2003 27.718 - 19.364 5.123 3.231
2002 28.966 - 21.108 5.168 2.690
2001 30.744 - 24.018 5.213 1.513
2000 33.727 - 28.557 3.637 1.533

Fonte: MEC/NEP/SEEC. Construção da tabela: GAC/DIEJA/SEED

HISTÓRICO DA (GL) GINÁSTICA LABORAL

Com referências das Bases de Diretrizes Curriculares de (2006), a Ginástica como parte do conteúdo de estrutura deve dar condições ao aluno de conhecer as possibilidades do seu corpo, sem, ficar preso a parâmetros obrigatórios de movimento e justificativas de seu corpo.

Segundo Logen, 2003 a origem da Ginástica Laboral teve seu início no século passado, mais precisamente no ano de 1925, fundamentado teoricamente no livro “Ginástica de Pausa”, que foi editado na Polônia.

Na mesma época, impulsionada pela cultura e tradição oriental, a GL teve seu grande enraizamento no Japão. Inicialmente era destinada a algumas atividades ocupacionais, mas após a Segunda Guerra Mundial foi difundida por todo o país. A grande propagação da GL na cultura empresarial japonesa é atribuída à veiculação de um programa da “Rádio Taissô” que envolve uma tradicional ginástica rítmica, com exercícios específicos acompanhados por música própria. Atividade que acontece todas as manhãs, sendo transmitida pela rádio, por pessoas especialmente treinadas e é praticada não somente nas fábricas ou ambientes de trabalho no início do expediente, mas também nas ruas e residências.

Dentro do contexto brasileiro, alguns indícios da influência japonesa mostram um pouco da evolução histórica da cultura da realização da GL no país. A Federação de Rádio Taissô no Brasil coordena mais de 5.000 praticantes ligados a 30 entidades em quatro estados: São Paulo, Rio de Janeiro, Paraná e Mato Grosso do Sul. Desde 14 de março de 1996, passou a vigorar a Lei Estadual nº 9.345, em São Paulo, promulgada pelo governador Mário Covas, instituindo o dia da RádioTaissô, comemorado em 18 de junho. (Polito e Bergamaschi, 2002 apud Longen, 2003). No inícioda década de 70, com a chegada de executivos japoneses no Brasil, houve umestímulo para a adoção desta prática em algumas empresas. Segundo Schimitz (1981, apud Longen, 2003), em 1978 a Federação de Estabelecimentos de Ensino Superior em Novo Hamburgo – RS (FEEVALE) e a Associação Pró -Ensino Superior em Novo Hamburgo (ASPEUR), juntamente com o SESI, implantaram um projeto denominado “GinásticaLaboral Compensatória”, que teve início em 23 de novembro de 1978, envolvendo cinco empresas do Vale dos Sinos.

Após algumas experiências isoladas no país envolvendo a GL até o finaldos anos 70, houve um período em que sua aplicação caiu no esquecimento. Para Polito e Bergamaschi (2002 apud Longen, 2003), isto pode ser atribuído à carência de resultadosque servissem de base para a disseminação da GL. A partir da metade da década de 80 houve uma retomada na utilização deste método. Na mesma época em 1987, acontecia o reconhecimento da tenossinovite como doença profissional através da 58º portaria nº 4.602 do Ministério da Previdência e Assistência Social. Este fato exigiu maiores medidas de enfrentamento social a cerca da ameaça das lesões, principalmente por parte do empresariado. Na mesma época, era iniciada a ênfase àqualidade de vida no trabalho. Desta forma, o ressurgimento da GL na segundametade da década de 80, utilizada como medida de promoção da saúde do trabalhador, acompanhou o próprio desenrolar histórico dofenômeno LER/DORT,iniciado pelo reconhecimento oficial da então chamada doença dos digitadores. Nosanos 90, a GL teve sua grande explosão no Brasil, sendo que inúmeras empresas passaram a introduzir em suas rotinas a execução de exercícios. Ospropósitos são diversificados, mas na maioria dos casos é atribuída à prevenção da LER/DORT. Um grande incentivador e promotor da GL no país é o Serviço Social daIndústria (SESI), coordenando vários programas e ações nesta área.

ANÁLISE E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS

Foi feita a pergunta com relação ao gênero masculino e feminino.

Na pesquisa realizada, 65% dos educandos entrevistado se declararam do sexo feminino e apenas 35% do sexo masculino.

Os dados contidos neste gráfico mostram que há uma disparidade entre pessoas do sexo feminino e do sexo masculino que frequentam a modalidade EJA, nas escolas onde houve a realização da pesquisa de campo.

Fonte: pesquisa realizada pelos autores (2011)

Nota-se que as mulheres estão mais dispostas a buscarem na educação uma forma de melhorar suas vidas. Contudo homens e mulheres marcados por experiência de infância na qual não puderam continuar seus estudos pelos mais variados motivos entre eles o ingresso prematuro no mercado de trabalho, a evasão ou a repetência escolar.

[...] homens e mulheres marcados por experiências de infância na qual não puderam permanecer na escola pela necessidade de trabalhar, por concepções que o afastaram da escola como de que „mulher não precisa aprender‟ ou „saber os rudimentos da escrita já é o suficiente‟, ou, ainda pela seletividade construída internamente na rede escolar, que produz ainda hoje, itinerários descontínuos de aprendizagens formais. (MOLL, 2005 p.11 apud ALIOT 2008 p.4)

Com tudo os homens parecem estarmais preocupados com o sustento da família do que coma sua própria formação educacional.

Foi indagada a questão da idade dos educandos

Com referência a idade dos alunos, a pesquisa detectou que 5% deles estão entre as idades de 16 a 20 anos, 90% dizem estar entre 21 a 30 anos, 5% declararam estar com idade 31 a 45 anos.

Fonte: pesquisa realizada pelos autores (2011)

Verifica-se que a clientela entrevistada na escola campo na sua maioria é jovem que por algum motivo deixaram de estudar na idade predeterminada.Segundo Oliveiraet al 1997, p. 14 “a escola é vista como uma escada que permite a gente subir na vida”. Não se sabe os motivos pelos quais os educandos deixaram de estudar, porem todos sabem que a educação e o melhor caminho para uma ascensão social e econômica.

Perguntamos se os educando da EJA trabalham durante o dia.

Assim, verificou-se que, 50% dos entrevistados declararam que trabalhavam. E 50% revelaram que não possuíam emprego.

Fonte: pesquisa realizada pelos autores (2011)

Nesse sentido, nem sempre o fator emprego é motivo para defasagem na escola. Os educandos estão matriculados na EJA por diversos outros motivos. Conforme Aliot (2008, p.3).

Muitos foram obrigados a escolher entre trabalhar e estudar ou talvez, não tiveram a opção de escolher, pois o desafio de sobreviver os levou a ingressar muito cedo no mercado de trabalho, afastando-os da escola num determinado período de suas vidas. ALIOT (2008, p, 3)

Porém mesmo estando cansada após uma jornada de trabalho boa parte ainda encontra disposição para estudar.

Questionamos aqui por que eles estão estudando na EJA?

Na pesquisa realizada, 60% dos educandos entrevistado declararam que estão estudando para aprender e garantir um melhor emprego, 25% apenas para conseguir o certificado de conclusão, 10% para recuperar o tempo perdido e realizar uma faculdade e 5% de outros.

Fonte: pesquisa realizada pelos autores (2011)

Os educando da EJA pretendem terminar seus estudos para tentarem entrar no mercado de trabalho mais qualificado. Segundo Aliot (2008, p. 10).

Concorrência no mercado de trabalho, aperfeiçoamento pessoal, regularizar a situação escolar para posteriormente ingressar no ensino superior, acesso ao conhecimento mais amplo e saberes diversificados dos quais a sua vida cotidiana até o momento lhe concedeu, idosos que buscam além do convívio com outras pessoas.

Sabemos que hoje o mercado de trabalho está bastante concorrido e a única forma de tentar estar incluído é através de uma base educacional mais ampla.

Ao perguntarmos quaisas dificuldades que os educandos enfrentam atualmente para frequentar as aulas 58% dos entrevistados responderam que o cansaço do trabalho atrapalha o desempenho, 12% deles alegam que os recursos financeiros são insuficientes para vir à escola, 25% declararam que tem dificuldade em assimilar os conteúdos repassados e 5% optaram por responder outras dificuldades.

Fonte: pesquisa realizada pelos autores (2011)

Neste gráfico podemos constatar que o cansaço acumulado durante o dia prevalece como um empecilho na hora de ir à escola, tornando-o um aluno menos produtivo na sala de aula. Oliveira 1997 afirma que:

o trabalho prejudica o rendimento escolar e o aluno acaba de reprovação em reprovação abandonando a escola. Mais sem estudo, sem qualificação, sem diploma, como e que ele vai poder arranjar um emprego melhor, mais bem qualificado e remunerado.

Assim apesar de todas as dificuldades os educando ainda encontram disposição para assimilar novos conhecimentos para com estes conseguir uma melhor condição social.

No gráfico abaixoprocurou-se obter uma avaliação do aluno sobre a aplicabilidade da GL 10 minutos antes das aulas. 53% dos entrevistados afirmaram que seria uma boa opção, enquanto que 44% declaram que seria uma excelente idéia e apenas 3% afirmam que não gostariam de praticar ginástica antes das aulas.

Fonte: pesquisa realizada pelos autores (2011)

Diante do exposto no neste percebesse que grande parte os educandos da EJA teem vontade de praticar uma atividade física.

A GL e um meio de valorizar e incentivar a pratica de atividades físicas como instrumento de promoção da saúde e desempenho profissional. Dessa forma, valendo-se da diminuição do sedentarismo e do controle do estresse e da melhoria da qualidade de vida, o aumento do desempenho profissional, pessoal e social, ocorrerão naturalmente.  LIMA, (2007 p.29)

E necessário o educando conhecer os benefícios que a GL pode trazer e incorporá-las em sua rotina de vida, e fazer disso um habito diário.

Ao perguntarmos sobre seu estímulo para estudar,21% responderam que se sentem bem, 63% alegaram que se sentem cansados e 16% se sentem estimulado a estudar.

Fonte: pesquisa realizada pelos autores (2011)

Sabemos que existe uma dificuldade muito grande do educando da EJA se sentirem dispostos durante as aulas, poiscomumente a maioria trabalha e chega atrasado por terem mais de oito horas de trabalho, e algum deste frequentam as aulas com nível de estresse alto.

Segundo Lima (2007 p. 34):

atualmente, o sedentarismo e o estresse são dois dos maiores fatores de risco para vida do individuo e para organizações. Um sujeito que não se sente bem é incapaz de produzir de acordo com o seu potencial, não interage como gostaria, não tem motivação e corre seriamente risco de adoecer.

Esse gráfico mostra que apesar da maioria estarem cansados estão procurando uma melhor educação para terem um futuro com mais qualidade.

Com a pergunta feita em relação a assimilação dos conteúdos das aulas. 32% dos educandos entrevistados responderam que conseguem aprender a maior parte dos conteúdos estudados, 34% declararam que conseguem assimilar a metade dos conceitos observados; 34% escolheram responder que assimilam muito pouco os conteúdos estudados e nenhum dos entrevistados optou por responder que não aprende nada.

Fonte: pesquisa realizada pelos autores (2011)

Segundo Oliveira et al 1997:

o trabalho prejudica o rendimento e o aluno acaba de reprovação em reprovação abandonando a escola. Mas sem estudo, sem qualificação, sem diploma, com e que ele vai arrumar um emprego melhor, mais bem qualificado e remunerado?

Uma parte dos educandos consegue absorver os conteúdos com maisfacilidade porque possui uma rotina menos estressante e normalmente aqueles que trabalham o dia inteiro não tem o mesmo rendimento em sala de aula ou não tem motivos ou estudam por obrigação.

Com relação ao que o educando gosta de fazer em sala de aula, constatou-se que 80% deles vão à escola, buscar conhecimento, querendo estudar e aprender e20% declararam que frequentam a escola apenas para passar o tempo, encontrar os colegas e conversar.

Fonte: pesquisa realizada pelos autores (2011)

Apesar de suas dificuldades os educandos, em sua maioria, querem ter um compromisso com a sua formação educacional na busca do conhecimento. Os Brasil, PcnsEM afirmam que:

um dos pontos de partida é a consciência crescente da sociedade sobre a importânciada educação, que tem resultado em permanente elevação do número de estudantes –de forma que não mais será preciso trazer o povo para a escola, mas sim adequar aescola a esse povo.

Desse modo a escola deve ser flexível e inovadora a ponto de criar mecanismos que atraiam esses educandos para ela, não apenas para estudar mais também para interagir com a mesma, fazendo uma só conexão entre a escola, comunidade,professor e educando, mostrando que pode sim, existir esse relacionamento entre ambos.

Foi questionado como o educando se sente estudando na EJA no que se refereàs aulas diárias nota-se 53 % dizem estarem cansadospelo fato de trabalharem durante o dia, 21% alegam se sentirem bem por estar em contato com outras pessoas, 10% estimulados, porquequerem terminar os estudospara ter uma melhor perspectiva de vida, 5% dizem estarem desmotivados por não conseguirem assimilar os conteúdos das aulas, 3% se sentem mal por acharem as aulas chatas e 8% dos entrevistados declaram sentir sono por causa da jornada de trabalho do dia-dia

Fonte: pesquisa realizada pelos autores (2011)

Nesse sentido, a educação aqui significa levar o indivíduo a internalizar valores, normas de comportamento que lhe possibilitarão se adaptar à sociedade capitalista. Isto é, uma educação que forma indivíduos alienados em relação às questões da sociedade, que não questionam a sua realidade, que não são críticos em prol de um desenvolvimento adequado de suas capacidades. (BRACHT, 1992).

Ao realizar a pesquisa na escola-campo, fomos bem recebidos pela coordenadora e professores da escola, e ao dar inicio a nossa primeira observação notamos uma grande evasão tanto de alunos quanto de professores na turma o que dificultou na hora da coleta de dados.

Os educandos da EJA apresentam uma defasagem de idade e de série encontrando enorme dificuldade no processo de aprendizagem, eles não se dispõem de tempo para estudar, pois trabalham durante o dia e a noite vão           para a escola, com isso pode-se trabalhar a ginástica laboral como estratégia, a fim de melhorar o rendimento dos educandos, buscando neles a criatividade, empenho e estimulação enfrentando seus limites para obter um melhor desenvolvimento.

Entretanto, ao pensar sobre a utilização da ginástica laboral é preciso considerar que esta modalidade possui suas especificidades as quais devem ser respeitadas. E não apenas com atividades meramente recreativas que não são usadas para programar novas práticas e, sobretudo criar um ambiente de integração entre professores e alunos.

A ginástica laboral não pode nem deve ser usado simplesmente para passar o tempo, como se não tivesse nenhum valor pedagógico. Ao contrário, essas atividades envolvem os alunos para o trabalho coletivo, é através dessas atividades laborais usando como recursos os alongamentos, dinâmicas e brincadeiras que o adulto poderá indagar transformar e expressar suas vontades.

Aliot (2008, p.7) Defende que:

um programa de Ginástica Laboral no CEEBJA (Centro Estadual de Educação Básica para Jovens e Adultos)contribui também para motivar a comunidade escolar através de atividades recreativas, divertidas e de lazer na própria escola, como também minimizar os fatores estressantes do seu cotidiano, levando os alunos para a prática de atividades físicas, conscientizando-o a elaborarem e praticarem uma alimentação saudável buscando assim uma mudança benéfica e positiva no seu estilo de vida.

Constatamos durante a observação que os educandos iniciavam as aulas desmotivados e sem cumprir o horário determinado pela escola e no decorrer das aulas ficavam dispersos e a maioria deles não prestava atenção nos conteúdos repassados. Um dos vários motivos que tiravam a atenção dos alunos era a presença de um bebê recém-nascido cujo a mãe, com objetivos de terminar seus estudos, não tinha outra opção a não ser levar a criança para sala,este  um dos motivos para a evasãodos educandos da EJA não ter com que deixar seus filhos.

A proposta inicial da pesquisa era trabalhar com os educandos a ginástica laboral antes de iniciar as aulas, uma maneira de aquecer o grupo e integrá-los para a aula que estaria por vir.

Empenhados na busca constante de equilíbrio sensório-motor os educandos da II etapa da EJA (Educação de Jovens e Adultos), praticaram exercícios de GL como, relaxamento, alongamento e dinâmicas antes das aulas.

Ao final das atividades era promovida uma discussão sobre a função da atividade laboral e como ela pode ser inserida no cotidiano para melhorar a qualidade de vida, pois:

consta-se, ainda hoje, os níveis de sedentarismo reduzem-se lentamente. Desse modo, o desafio é transformar a ginástica laboral, voltada pra uma ação efetiva que apóie a modificação de um estilo de vida de melhoria da qualidade de vida em sua várias dimensões DE LIMA (2007 p.295)

Verificou-se que durante a primeira semana de aplicação da GL durante sete minutos antes de iniciar as aulas os educandos por motivos de sedentarismo sentiram a fadiga muscular, mas isto não foi suficiente para eles desistirem das atividades laborais propostas. Já na segunda semana, foram aplicadas dinâmicas de grupo, na qual foi bem aceito pelos educandos.

Ao final da pesquisa observou-se que os educandos passaram a chegar no horário normal de aula com intuito de não perder os sete minutos de atividades laborais, logo passaram a frequentaras aulas com mais participação e ânimo.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Inserir um trabalho com a educação de jovens e adultos na disciplina de Educação Física, é vivenciar situações que necessitam questionamentos, pesquisas e reafirmações sobre a importância desta disciplina na EJA, é também uma forma de oportunizar o cidadão de ter acesso ao universo de informações, vivências e valores numa perspectiva de construção e utilização de instrumentos para promover a saúde, utilizar com criatividade o tempo livre bem como expressar afetos e sentimentos em diversos contextos de convivência. A Educação Física na EJA deve se constituir num instrumento de inserção social, de exercício da cidadania e melhoria da qualidade de vida.

Durante a pesquisa de campo foi comprovada a hipótese de que os educandos da segunda etapa da EJA, em sua maioria trabalham durante o dia e estudam durante noite, por isso, sentem cansados após uma jornada de trabalho muitas vezes superior a oito horas, outros teem que administrar seus interesses familiares e vão à escola estafados.

Após as semanas de aplicação de GL com os educandos observou-se que estes passaram a chegar no horário normal de aula com intuito de não perder ossete minutos de atividades laborais, logo passaram a frequentar as aulas com mais participação e ânimo. A aplicação de atividades agradáveis bem como conhecimentos e subsídios para a melhoria da qualidade de vida, para desmistificar o descrédito na disciplina, a aplicação da proposta levou as seguintes conclusões: O ingresso muito cedo no mercado de trabalho influenciou em alguns pontos relacionados diretamente com os conhecimentos específicos da Educação Física; abdicados estudos no tempo cronológico correto, tirou deste aluno a possibilidade de adquirir conhecimentos sobre a importância da atividade física para o corpo humano; conteúdos voltados para a área da cultura humana na disciplina Educação Física e que são abordados também em outras disciplinas.

As propriedades da EJA exigem que busquemos analisar e propor práticas educativas compatíveis com a realidade da sociedade excludente em que vivemos. Neste processo, a GL representa um caminho para programarmos uma proposta educacional mais humana, fraterna e libertadora.

Na pesquisa que realizamos pudemos constatar que os educandos investigados dizem utilizar as atividades físicas, reconhecendo a sua importânciaparao bem estar físico e mental , entretanto, verificamos que essas  atividades ainda acontecem de forma esporádica que muitas vezes não chegam a motivar todos os educandos, precisando ser mais bem planejada e adequada à realidade de todos e com maior frequência. E neste processo, o professor precisa assumir a crença no poder de transformação que a GL pode trazer para a educação, potencializando o desempenho do educador que sabe e gosta de praticar atividades laborais, que eleva e respeita o potencial de cada indivíduo. Para tanto é preciso repensar nossas práticas, adequando a realidade dos educandos para promover o exercício da cidadania e também perceber que a sala de aula constitui-se em um espaço com diferentes vivências que podem ser aproveitadas para estimular os educandos, facilitando e dinamizando as aulas.

A proposta é usar a GL com responsabilidade e maturidade sendo um agente inovador para a efetivação do processo de mudança do ato de aprender, voltados para as necessidades dos educandos da EJA.

Assim, é possível compreender o outro, amar e sentir-se aceito pelos colegas respeitando e compartilhando seus anseios, suasdúvidas e desejos. Para Freire, “a alegria necessária à atividade educativa é a esperança. A esperança de que professor e alunos juntos podem aprender ensinar, Inquietar-nos, produzir e juntos igualmente resistir aos obstáculos” (1996, p. 80).  Os educandos da EJA  tiveram boa receptividade às atividades laborais utilizadas para estimulá-los no processo de aprendizagem. alguns apresentaram críticas a certas atividades que “são infantis”. Assim, o desafio não estar somente na  introdução da GL na EJA, mas acima de tudo, compreender as especificidades  que esta modalidade exige. Coletivo de Autores (1992) confirma quando aborda a necessidade da reflexão sobre a cultura corporal, afirmando buscar desenvolver uma reflexão pedagógica sobre o acervo de formas de representação do mundo que o homem tem produzido no decorrer da história, exteriorizadas pela expressão corporal: jogos, danças, lutas, exercícios ginásticos, esporte, malabarismo, contorcionismo, mímica e outros, que podem ser identificados como formas de representação simbólica de realidades vividas pelo homem, historicamente criadas e culturalmente desenvolvidas. Levando o aluno da EJA a adquirir um conceito de corpo como mero instrumento de trabalho, deixando de lado seus momentos de lazer. A Ginástica Laboral na EJA dentro do conteúdo estruturante Ginástica, entra neste contexto como uma opção de respeito a este corpo tão desconsiderado.

Aplicar a GL antes das aulas pode contribuir para a melhoria da sua qualidade de vida, mas um dos fatores agravante para este fim é o sedentarismo e a comodidade que o ser humano adulto adquiriu ao longo de sua vida, por isso a proposta da GL na EJA também é fazer com que os educandos tenham um hábito de praticar qualquer atividade corporal, além de agradar e beneficiar os educandos que se engajaram a ela, usufruindo de maneira saudável os benefícios que a mesma proporcionou, superando os desafios encontrados e estando preparados para encarar novos desafios que a vida sempre está oferecendo.

O professor é um agente motivador desse processo,porém no sistema educacional todos da comunidade escolar podem desempenhar um papel importante visando o desenvolvimento do potencial educacional e motivacional do educando.

Assim sendo, diante da pesquisa realizada, espera-se que seus resultados tenha ressonância em âmbito estadual, pois traz em sua essência a ânsia por mudança e transformação e no sistema escolar que beneficia o educando e educadores, para impulsionar o nível de qualidade da educação do estado do Amapá.

Concluir esta pesquisa não significa fechar o trabalho em si, considerando aberta para novas análises e considerações.

REFERÊNCIAS

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