A INFLUÊNCIA DA PROGRAMAÇÃO TELEVISIVA NA FORMAÇÃO DAS CRIANÇAS

A INFLUÊNCIA DA PROGRAMAÇÃO TELEVISIVA NA FORMAÇÃO DAS CRIANÇAS

ANÚNCIO

Profº Raul Enrique Cuore Cuore

RESUMO

ANÚNCIO

Este trabalho trata da forma como as emissoras de televisão influem no desenvolvimento das crianças e pré-adolescentes através da programação, induzindo a comportamentos, crenças e modismos presentes na sociedade, ou seja, valores de sexualidade e gênero.

Palavras-chave: Gênero; Sexualidade; Televisão.

ANÚNCIO

1 INTRODUÇÃO

Antes de nada serão definidos gênero e sexualidade que conforme com as palavras de Louro (1999):

“Gênero é a construção social dos significados para as diferenças do sexo biológico, que são pensadas a partir da oposição entre as masculinidades e feminilidades, e a sexualidade se refere a uma serie de crenças, comportamentos, relações e identidades socialmente construídas e historicamente modeladas que se relacionam com o que Michel Foucault denominou “o corpo e seus prazeres””.

Deixando claros esses conceitos é necessário destacar também que as emissoras de televisão não só exibem programação nociva para as crianças. Existem, dentro das grades, programas educativos e informativos, enfim, interessantes que desenvolvem a curiosidade e enriquecem o conhecimento e com o intuito bem claro de formar pessoas conscientes da sua responsabilidade dentro da sociedade da qual fazem parte.

Porém, cabe ressaltar que uma exposição exagerada das crianças e pré-adolescentes aos diversos estímulos de ordem erótica, violenta e, as vezes, preconceituosa que frequentemente são exibidos na televisão pode resultar em conseqüências adversas ao desenvolvimento integral dos meninos e meninas já que esse tipo de conteúdos expostos no vídeo, remete-se aos aspectos físicos, em detrimento dos componentes afetivos.

2 OS REFERENCIAIS DA PROGRAMAÇÃO TELEVISIVA INFANTIL

Dentre os variados referenciais de sexualidade e gênero dentro da programação televisiva podem-se enumerar alguns que possuem maior destaque:

a) Os programas infantis, na sua grande maioria, são apresentados por mulheres, que basicamente se dedicam a atividades de pura diversão e/ou entretenimento, as quais promovem jogos e competições de “meninos contra meninas”, induzindo à percepção de que cuidar das crianças e entretê-las seria uma tarefa essencialmente feminina, enquanto aos homens estariam reservadas responsabilidades “mais nobres ou sérias”.

b) A imagem das apresentadoras é cuidadosamente trabalhada, de modo que elas representem exemplos de beleza, sensualidade, charme, elegância e sensibilidade. Estes atributos são tradicionalmente associados ao papel feminino, e desta maneira mostra às meninas quais atitudes e comportamentos deverão adotar quando se tornarem adultas.

c) Aos meninos o exemplo se dá por meio de atributos de virilidade, força, liderança e coragem comumente referenciadas nos jogos, competições e desenhos animados – principalmente as produções japonesas que tem invadido o universo infantil nos últimos anos – e que reproduzem, em geral, a idéia de que os problemas podem ser resolvidos através da força física. Em geral, o referencial erótico é machista e preconceituoso, sendo que os estereótipos sexuais ou de gênero são usados para “fazer rir”.

d) A maioria dos programas infantis na televisão constituem veículos para a promoção de uma moralidade sexual mais tradicional, que reproduz modelos de masculinidade e feminilidade baseados nos conceitos atividade/passividade, liberdade/dependência, opressão/submissão.

Muito embora os programas infantis na televisão não se constituam no único fator de disseminação de estereótipos e preconceitos sexuais ou de gênero, eles constituem um referencial poderoso para as crianças e pré-adolescentes comunicando-lhes os costumes, tradições culturais, valores morais e éticos intermediando as relações das crianças com a realidade social, através dos jogos, brincadeiras, roupas, danças, canções, enfim uma infinidade de ícones.

Portanto, é justificada a grande preocupação com que os pais e educadores vêem a questão da exibição de determinada programação em horários considerados “de pico”, pois a influência exercida por estes programas pode não ser tão benéfica como se desejaria e, ao principio, as crianças e pré-adolescentes estariam em casa nestes horários.

Sendo cada vez mais comum os pais trabalharem fora de casa, a televisão vem se tornando a única forma de entretenimento e companhia para os jovens. Como diz Simonetti (1994), “Verifica-se que quase 80% das crianças e pré-adolescentes telespectadores assíduos não têm a companhia da mãe ou do pai quando assistem a TV. Este fato justifica o título de “babá eletrônica””.

3 CONCLUSÃO

Não se pretende, com este trabalho, julgar, justificar e/ou condenar quaisquer programas ou emissoras de televisão. A televisão, sem dúvida, vem contribuindo para que se discuta, mais abertamente, sobre os mais diversos temas, antes considerados tabus, como; sexualidade, violência, diferenças sociais, o que torna este processo de debate por si só positivo.

Porém, assim como ocorre na realidade social concreta, também nas emissoras de televisão coexistem múltiplas éticas e diferentes moralidades, dando-se lugar a diferentes interpretações. Esse pluralismo de idéias contribui para a formação e a transformação da sociedade como um todo de uma forma positiva, mais às vezes também de forma negativa.

Os conteúdos de qualidade duvidosa e apelativa não somente são encontrados na programação televisiva, é possível encontra-los também em revistas, gibis, internet, cinema, enfim na mídia em geral.

Cabe, então, aos pais conjuntamente com os educadores dosar a exposição das crianças e pré-adolescentes aos conteúdos impróprios para a sua faixa etária, assim como diversificar as alternativas de entretenimento e cultura, e desta forma criar o equilíbrio adequado para que o futuro homem ou mulher possa julgar o que é de boa e de má qualidade conforme o bom senso.

4 REFERÊNCIAS

LOURO, G.L. Gênero, Sexualidade e Educação: Uma perspectiva pós-estruturalista. Petrópolis: Vozes, 1999.

SIMONETTI, C. Influência da Mídia no Comportamento Infantil. São Paulo: Cortez, 1994.