PORQUE UMA MULHER COMO VOCÊ ESTÁ SOZINHA?

"O que uma mulher como você está fazendo sozinha?"
Já caí nessa cantada barata, há muitos anos e duas vezes.
Hoje não acho que seja cantada, pelo menos quando me perguntam e nem barata, custa articular todas essas palavras com um tom interrogativo!
MAS ATITUDES POSITIVAS E IDÔNEAS...SE UM DIA EU ACHAR, EU CONTO, bem depois...
De sábado para domingo fui "obrigada" a responder a questão duas vezes.
Na realidade respondi porque eu quis.
Primeira pergunta, que não é a que está em questão:
- E fulaninho?
- Não sei, não vi, deletei, não tinha nada a ver comigo.
Agora, vem a perguntas das criaturas do sexo masculino que conheci nesse final de semana.
PORQUE UMA MULHER COMO VOCÊ ESTÁ SOZINHA.
A  primeira vontade é responder: não sei fazer papel de idiota por muito tempo.
Mas fui bem educada e continuo tentando manter a linha...quando possível.
Respiro fundo, conclamo a professora de educação infantil que há dentro de mim, e explico da forma mais suave (obrigada dicionário Aurélio, porque ia dizer meiga e há piadas infames com o vocábulo).
Eis o discurso:
- Sou filha única, professora de educação infantil, advogada, ou seja, olhos e ouvidos treinados mais do que polígrafo, para detectar quaalquer mentira, expressão de dúvida, desapontamento, desaprovação, etc.
Meu pior mal é  a sinceridade: se eu te achar chato, esnobe, mal educado, conquistador, infantil, imaturo, vou dizer imediatamente.
Gosto de estar com pessoas que gostam das mesmas coisas que eu: música (nem sempre as mesmas pelo amor de Deus, e busquemos coisas novas e resgatemos as antigas) arte, leitura, um bom filme, ou comédia romântica bobinha de cotidiano só para rir, teatro, exposições, se você não gostar de tudo isso e mais um pouco, está descartado.
Gosto de ficar sozinha pensando na vida um pouco, e que não me incomodem nesses momentos.
Adoro sair para dançar.
Essas são as coisas boas.
As ruins: meus hormônios me causam crises de stress profunda, meu trabalho, o principal também, moro com meus pais e tia sexagenários, border colllie e papagaio, por enquanto e todos não são nada sociáveis.
NÃO COZINHO, NÃO ARRUMO BAGUNÇA MASCULINA E NEM A MINHA, enquanto não se tornar insuportável (a minha ,claro).
Tenho medo de dirigir, nem tanto por mim, mas pelos que possa vir a prejudicar.
Adoro ser mimada.
Sou extremamente comunicativa.
Tenho muitos amigos, de décadas, que já chegam agarrando, se você se ofender o azar é seu.
Detesto rodinhas femininas de festas onde o tema é: meu marido ganha x, comprei y, que espinha é essa no seu rosto? Porque você não fez as unhas hoje? ( Trabalhe como eu que você descobre, flor! (Mas na madrugada eu reparo por vontade própria e ninguém vê) Você  viu o peso de fulana? Que cabelo é aquele de ciclana? E variações que todas conhecemos.
Agora, me coloquem numa roda masculina, assuntos deliciosos: política, livros, impressões sobre o panorama mundial, aquele lançamento revolucionário que vai valer a pena, negócios, economia (não pão durismo) local, nacional e mundial.
Com os que tem aproach para falar, esclarecer, compartilhar e ensinar o que eu não saiba sobre o assunto.
Minhas amigas me dizem que eu assusto porque sou muito sincera.
Assusto mesmo!
Aí vem o final do assunto:
- Me dá seu celular e anota o meu.
E eu encerro da forma mais assustadora possível:
- Anote o meu, não tenho costume de ligar para homens, e, de vez em quando é bom um pouco de cavalheirismo, não?
E ainda me perguntam: PORQUE UMA MULHER COMO EU (na realidade esse como eu é sugestivo e quase imoral) ESTÁ SOZINHA?
E quem disse que estou?
Meus pensamentos, minhas, idéias, minhas ações, nunca me deixam sozinha.
E estar com alguém apenas para dizer : "sou aceita", não tem nada a ver comigo.
APOSENTADORIA EMOCIONAL JÁ!
Gy Camargo