Analfabateismo Funcional: herança familiar e escolar

TCC - Apresentado para obtenção de título de Especialista em Metodologia de Ensino de Língua Portuguesa

ANÚNCIO

,

UNIVERSIDADE ESTADUAL VALE DO ACARAÚ-UVA
UNIVERSIDADE ABERTA VIDA – UNAVIDA
CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM METODOLOGIA DE LÍNGUA PORTUGUESA

ANÚNCIO

EDSON CARDOSO DOS SANTOS FILHO

ANALFABETISMO FUNCIONAL: HERANÇA FAMILIAR E ESCOLAR

ANÚNCIO

JOAO PESSOA
2010

EDSON CARDOSO DOS SANTOS FILHO

ANALFABETISMO FUNCIONAL: HERANÇA FAMILIAR E ESCOLAR

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à Universidade Vale do Acaraú-UVA / Aberta Vida-UNAVIDA, orientada pela Profª. Ms. Talita Dias Nóbrega, em cumprimento às exigências para a obtenção do título de especialista em Metodologia de Língua Portuguesa.

João Pessoa
2010
EDSON CARDOSO DOS SANTOS FILHO

ANALFABETISMO FUNCIONAL: HERANÇA FAMILIAR E ESCOLAR

João Pessoa, 20 junho de 2010.

Conceito:____________________________________________________________

BANCA EXAMINADORA

______________________________________________
Profª Ms Talita Dias Nóbrega
Orientadora

_______________________________________
Profª Drª Vera Nóbrega
Examinadora

Para ensinar, precisa-se o mínimo de recursos e o máximo de vontade.
(Edson Cardoso)

AGRADECIMENTOS

Não agradeceremos ao Deus das igrejas, mas ao que habita de forma incompreensível para os homens, no ser mais desprezível, mais ínfimo, tanto quanto no ser mais louvável ou imaculado; transcendente a tudo e a todos, que não cabe nos livros sagrados de nenhuma religião, mas que verdadeiramente se encontra em cada cultura de cada canto da terra. E dentro dessa perspectiva, o modelo mais divino que se pode conceber na Terra é o do mais próximo, sobretudo, nossas famílias: pais, irmãos (ãs), esposa, esposo e filhos (as).

SANTOS FILHO, Edson Cardoso dos. Analfabetismo funcional: herança familiar e escolar. 55f – MONOGRAFIA (Especialização em Metodologia de Língua Portuguesa) – Universidade Vale do Acaraú-UVA / Universidade Aberta/UNAVIDA – João Pessoa-PB, 2010.

RESUMO

O trabalho intitulado “Analfabetismo funcional: herança familiar e escolar” fundamenta-se nos três principais métodos de pesquisa utilizados em trabalhos científicos: descritivo, exploratório e experimental/causal. A Comunidade escolar (Escola Municipal Major Adolfo Pereira Maia, localizada na Rua Severino Laurentino Leite, S/Nº, Bairro Monte Castelo, Cabedelo/PB, CEP: 58310-000) e, principalmente, a sala de aula foram os campos de estudo deste projeto. Constatou-se que as causas do baixo índice de aproveitamento escolar desta escola, encontra-se calcadas em cinco elementos provocadores desse problema educacional: má alfabetização (escola), desatenção (família), hiperatividade (família), heterogeneidade ou diversidade (escola) e falta de conhecimento pedagógico-cognitivo e de ensino-aprendizado por parte dos professores (escola). Utilizamos também metodologias de ensino da disciplina que procurasse, de forma construtivista (respeitando a capacidade mental de cada aluno), trabalhar o aprendizado das disciplinas, e de maneira tradicional resgatar a formação pessoal e moral, respeitando sobretudo, os costumes culturais. Verifica-se, portanto, a necessidade do domínio da sala de aula a partir de um subsídio permanente de profissionais ligados a psicopedagogia, de um indispensável corpo de saúde, de uma renovada postura e conduta disciplinar por parte de docentes, discentes, servidores e gestores, sobretudo, no cumprimento efetivo das diretrizes da LDB, principalmente, no tocante a religiosidade, ponto modelar-cultural nessa faixa etária.

Palavras-chave: Analfabetismo funcional. Aproveitamento escolar. Construtivismo. LDB

SANTOS FILHO, Edson Cardoso dos. Functional and illiteracy: familiar and educational heritage. 55f – Monograph (Majoring in Portuguese Language Methodololgy) – Universidade Vale do Acaraú-UVA / Universidade Aberta/UNAVIDA – João Pessoa-PB, 2010.

ABSTRACT

This study is entitled “Functional illiteracy: familiar and educational heritage” and is based on three research methods applied to scientific studies, namely, descriptive, explrative and empirical/casual ones. A community school unit (Escola Municipal Major Pereira Adolfo Maia, situated on Rua Severino Laurentino Leite, s/n, Bairro Monte Castelo, Cabedelo/PB, CEP 58310-000) and especially a classroom comprise the two focused áreas of study in the present Project , which aims at pinpointing the causes underlyng the low rate of learners development and improvement in that school unit. The findings of this line of work have spotted some elements which have evidently triggered some of the edcational drawbacks, such as unsatisfactory literacy (school), detachment (family), hyperactivity (family), heterogenity or diversity (school) and lack of pedagogical-cognitive expertise and poor proessional experience in learning-and-teaching matteres. Several methods of teaching have been applied, in a constructivist way (according to the mental ability of each learner), so that some subject matters as well as the individual and moral development of learners coud be on par with their cultural values. Therefore, class mastery requires a permanent support of professionals academically qualified for psycho-pedagogical lines of work, effective health care staff and a continuously receptive attitude and commitment on the part of teachers, learners, staffers and head-teaching staff, in accordance with LDB regulations, in which religious principles are essential questions for Young learners.

Key words: Functional illiteracy. School development and improvement. Constructivism. LDB

SUMÁRIO

INTRODUÇÃO 09

CAPÍTULO I

1 HIPÓTESES DAS PRINCIPAIS CAUSAS DA MÁ QUALIDADE DO ENSINO FUNDAMENTAL PÚBLICO (6ºANO DO ENSINO FUNDAMENTAL) 13

CAPÍTULO II

2 O MECANISMO PEDAGÓGICO E A CONTEXTUALIZAÇÃO SÓCIO-ECONÔMICA DA ESCOLA. 18
2 1. AVALIAÇÃO NA PRÁTICA ESCOLAR. 20
2.2 INSTRUMENTO DE VERIFICAÇÃO NO RENDIMENTO ESCOLAR 22

CAPITULO III

3 O PAPEL TRADICIONAL E DIDÁTICO DO EDUCADOR DO SÉCULO XXI 24
3 1. NOVAS PRÁTICAS DE ENSINO 27

CAPÍTULO IV

4 LÍNGUA PORTUGUESA: O QUÊ E COMO ENSINAR DIANTE DA REALIDADE DOS JOVENS ESTUDANTES DESTA ESCOLA MUNICIPAL? 30

CAPÍTULO V

5 FATOS, HIPÓTESES E SUGESTÕES PARA A SOLUÇÃO DOS PROBLEMAS DE APRENDIZADO NESTA INSTITUIÇÃO (6º ANO) 41

CAPÍTULO VI

6 ESCLOA PARA TODOS? 45
6.1 GESTÃO DEMOCRÁTICA 47

CONSIDERAÇÕES FINAIS E SUGESTÕES 51
REFERÊNCIAS 54

INTRODUÇÃO

Decanta-se, nos meios educacionais, a necessidade de uma renovação na forma de se ensinar a Língua Materna aos nossos alunos. Combate-se o tradicionalismo como ferramenta ultrapassada para os dias atuais, defende-se, por outro lado, uma postura construtivista em que o aluno é o sujeito atuante no processo educacional e o professor seu orientador, este faz brotar a inteligência nata de cada um, em suas múltiplas facetas.
Durante quatro anos ensinando nas escolas do Município de Cabedelo, registramos os problemas enfrentados pelos professores, gestores, servidores e alunos que nitidamente nos mostraram um efeito de ordem meramente política em que se confundem números robustos de uma falsa educação, com educação para todos e de qualidade. Nosso local de pesquisa delimitou-se a Escola Municipal Major Adolfo Pereira Maia, localizada na Rua Severino Laurentino Leite, S/Nº, Bairro Monte Castelo, Cabedelo/PB, CEP: 58310-000, local este, que finalizamos nossos trabalhos docentes e deixamos como legado um subsídio para os atores desta instituição nortearem suas condutas e posturas em suas árduas tarefas de ensinar educando.
A partir das problemáticas identificadas no sistema educacional e em sala de aula especificamente (má alfabetização, desatenção, hiper-atividade, heterogeneidade ou diversidade e falta de conhecimento pedagógico-cognitivo de ensino-aprendizado por parte dos professores) fomentados pelos problemas comuns das escolas deste município, tais como: péssima estrutura física das escolas, recursos tecnológicos escassos e não geridos devidamente, inexistentes suportes de apoio na área de saúde mental e patológica das crianças, total desprezo na formação de base religiosa dos educandos, imprescindível nesta faixa etária trabalhada, além da falta de todos os outros recursos humanos e tecnológicos que contribuiriam na formação moral e física de nossos alunos, tais como uma quadra esportiva em cada escola, pelo menos.
Buscamos, dessa forma, sempre sob uma ótica empírica, relacionar os conhecimentos tradicionais, construtivistas e vivenciais, usando de uma metodologia global, mesclados e adequados conforme a situação pedisse, para, assim, construir sem destruir as bases culturais tradicionais de respeito, disciplina e austeridade; não somente de alunos, mas, sobretudo, na postura exemplar do professor, que hoje em dia, sequer veste-se adequadamente.
O trabalho é composto de seis capítulos, justificados no corpo do trabalho e apoiados nos procedimentos metodológicos e científicos do processo de ensino e aprendizagem, juntamente com as experiências das aulas e suas diversas circunstâncias.
No capítulo 1, comentamos as hipóteses das principais causas da má qualidade do ensino fundamental público do sexto ano do ensino fundamental; no segundo capítulo, adentramos nos mecanismos pedagógicos e a contextualização sócio-econômica desta escola; no terceiro, fazemos uma leitura do papel tradicional e didático do educador do século XXI; o quarto capítulo, reservamos para o quê ensinar, em Língua Portuguesa, diante da realidade dos jovens estudantes desta escola municipal; no quinto capítulo, mesclamos fatos, hipóteses e sugestões para a solução do problema educacional no ensino fundamental desta instituição de ensino, como melhorar a qualidade de ensino neste contexto educacional, evitando a evasão e estimulando professores e alunos; no sexto capítulo, vislumbramos com a inquietante indagação: Escola para todos? E finalizamos com sugestões que, se não em todo, pelo menos em parte, resolveria muitos de nossos problemas educacionais.
Sempre com uma linguagem acessível a qualquer profissional de educação, discutimos os objetivos deste trabalho, que podem perfeitamente ser resumido no desenvolver as habilidades de competência comunicativa dos alunos. Tentamos, o mais possível, sairmos da tecnicidade burocrática e academicista, que muito mais complica do que explica os problemas diversos de nossas escolas. Com isso, objetivamos de forma geral desenvolver em nossos professores a necessidade da compreensão dos processos de aprendizado, que consequentemente reflete diretamente na qualidade das aulas e na aprendizagem dos alunos. Para tanto, especificamos, dentro da disciplina propriamente dita, a necessidade de diferenciar os textos verbais e não-verbais, relacionar significante e significado, desenvolver noções de estruturas fonêmicas e grafêmicas, estabelecer a necessidade do domínio do padrão culto, mostrando de forma real que as variantes dialetais são frutos de qualquer sociedade, em qualquer canto do mundo.
Mas não deixando de ressaltar que a educação e todo o sistema que a envolve estão imbuídos de uma enorme carga ideológica defensora, obviamente, de idéias pertinentes ao momento histórico vivido pelo país. Priorizamos, assim, sem eufemismo, o domínio da “língua oficial”; como instrumento imprescindível de ascensão social, sem contudo, desprezar ou aproveitar as bases da linguagem própria da comunidade, as outras variantes dialetais.
Diante dessas diretivas passamos a desenvolver, é claro, a capacidade de ouvir, falar, ler e escrever, o que nunca foi diferente em época alguma, apenas, com objetivos políticos próprios a um período, direcionados a um público específico, em condições sociais de aprendizado eficientes, mas, que em hipótese alguma, deixou o texto de ser um elemento concreto das aplicações gramaticais e das aulas de língua portuguesa.
Portanto, o projeto justifica-se pelo fato de nós professores termos a necessidade e obrigação de conhecermos os nossos alunos no que diz respeito aos aspectos cognitivos, dominarmos os conhecimentos da psicogênese, embora, não estejamos na alfabetização, e com isso, termos a plena consciência da carga temporal de exclusão social, muito maior do que educacional, em que as classes sociais menos favorecidas passaram e ainda passam, e por isso, sofrem quando inseridas no processo de ensino-aprendizagem, massacradas por uma história de interesses ideológicos, políticos e econômicos e que hoje, diante de um mundo globalizado tem-se a necessidade de um maior número possível de letrados.
Deseja-se ressaltar que o intuito de nosso trabalho não é trazer a palmatória, os caroços de milho, o quarto escuro, e outras técnicas e não métodos carrascos de um passado longínquo. O objetivo é o de mostrar, principalmente para nossos professores, que os estudos lingüísticos sistematizaram cientificamente o que sempre soubemos existir, uma variedade dialetal expressiva, rica e respeitável que se desdobra em aspectos regionais, etários, gêneros e profissionais, e que é inadmissível o desrespeito preconceituoso para cada uma delas. Mas irrefutável a não obrigatoriedade de mostrar aos nossos alunos que determinada construção embora aceitável, adequada em um determinado contexto é “erro”, erro sim, pois na hora de um concurso, na hora de um soletrando da vida será o domínio da norma culta o parâmetro da separação do joio e do trigo.
Devemos, seguindo o raciocínio e por analogia, respeitar os negros não pelo fato de serem negros, mas por serem humanos como qualquer um. Não será a expressão afro-descendente que os tornarão menos estigmatizados por pessoas preconceituosas. Da mesma forma acontece com os gays, com as mulheres, e por que não, com a língua.
Afinal, como melhorar a qualidade de ensino neste contexto educacional, evitando a evasão e estimulando professores e alunos? Não se trata, aqui, de trabalhar um ponto específico do problema, por exemplo, a falta de base na alfabetização, pois, o trabalho desenvolvido seria de cunho meramente pedagógico. Os cinco itens levantados como hipóteses que geraram o problema alçado nesta monografia, estão concomitantemente relacionados intrinsecamente, de tal forma que não poderíamos vê-los separados do objeto em questão. A conversa que teremos, o relato de experiências, a vida dos professores do ensino fundamental deste município, e creio de tantos outros, corroborará que ensinar não é apenas embasar-se de teorias pedagógicas, de estudos importados, mas conhecer o outro e sua realidade, e sobretudo, ter a percepção, que nos olhos dessas crianças, nesses pequenos instantes em que passamos juntos, somos para elas, pais, amigos e exemplos de vida, esperam de nós que caminhemos com elas de mãos dadas, ou seja, a base da educação, ainda é o afeto, nesta faixa etária, sobretudo.

CAPÍTULO I

1. HIPÓTESES DAS PRINCIPAIS CAUSAS DA MÁ QUALIDADE DO ENSINO FUNDAMENTAL PÚBLICO (6º ANO DO ENSINO FUNDAMENTAL): observação do dia a dia

A partir de observações teóricas sustentadas nas Leis de Diretrizes e Bases, Planos Curriculares Nacionais, Plano de Desenvolvimento da Escola, Fundamentação de Estratégias de Educação a Distância, nos Fundamentos da Proposta Pedagógica do Gestar II (Desenvolver habilidade de compreensão, interpretação e produção dos mais variados textos, utilização dos textos verbais e não-verbais para trabalhar valores) e na vivência contínua da prática educativa em sala de aula e na escola, buscamos responder ao problema enfatizado na introdução: Como melhorar a qualidade de ensino neste contexto educacional, evitando a evasão e estimulando professores e alunos? Para isso destacamos os dizeres de Stenhause:

Os professores, à medida que vão questionando suas diversas práticas, identificadas, conhecidas e analisadas através de processos de pesquisa, são os que podem efetivar intervenções no cotidiano das escolas, desenvolvendo alternativas às propostas oficiais. Essa possibilidade/necessidade, Stenhouse e seus seguidores percebem-na a partir da compreensão das diferenças culturais existentes em nossa sociedade. É, pois, com seus estudos que começamos em nosso país a relacionar cotidiano escolar com culutra (STENHAUSE apud ALVES, 2000, p. 64)

Surge desse excerto a inquietante pergunta: Como melhorar a qualidade de ensino no processo de educação? Crê-se, e por isso limita-se ao 6º ano A e B do ensino fundamental público, do município de Cabedelo, do colégio supracitado, que é possível a partir da observação cultural, disciplina, planejamento e conscientização trabalhar de forma eficiente as cinco causas, citadas no resumo, que gera o analfabetismo funcional no ensino fundamental público e nos subseqüentes anos da educação básica.
A presente pesquisa tem como pressuposto o que diz a epígrafe, que para ensinar, precisa-se o mínimo de recursos, e o máximo de vontade. Esta afirmação é o ponto primordial do trabalho empírico e científico, que se apóia na dialética discursiva a partir de pesquisas bibliográficas e observações no principal campo de estudo e amostra, a escola, a sala de aula e o específico grupo de alunos.
Até que ponto o professor se distancia do puramente profissional e atua como educador? O problema da aprendizagem não é somente uma questão de método, mas, sobretudo, uma questão comportamental do professor e, claro, do aluno. Porém, nessa celeuma, encontra-se a seguinte pergunta: qual dos dois lados possui a competência para reconstruir essa realidade educacional?
Num primeiro momento, nota-se que o conhecimento pedagógico por parte dos professores é muito limitado. Nas reuniões pedagógicas têm-se muitas discussões soltas, sempre com os mesmos temas, mas com pouca fundamentação teórica, levando, dessa forma, a pauta para o “achismo”, que não é o propósito científico do encontro. Não se vê, por exemplo, uma análise com base teórica por parte dos professores, ou mesmo, uma orientação psicopedagógica fundamentada cientificamente por parte dos gestores, no sentido único de fazer com que os docentes utilizem o mesmo discurso pedagógico-disciplinar. Guardadas as devidas proporções, as reuniões denunciam um descaso com a tarefa científica, pedagógica e árdua que a educação reclama.
Não se trata aqui de falarmos, por exemplo, de interdisciplinaridade como uma palavra em moda no âmbito da educação, mas entender sua essência como elemento constituinte da formação do aluno, ou seja, a percepção que a interdisciplinaridade se dá, na verdade, no reforço temático, dentro do conteúdo disciplinar, com o objetivo de tornar real e experimental a informação curricular mínima e de forma concomitante à formação referencial do futuro cidadão. Portanto, o que se conjectura é a conscientização por parte do corpo docente em entender plenamente o processo cognitivo do educando. Os professores não podem ser indiferentes, devem entender inteiramente seus livros de diretrizes educacionais: os PCNs, projetos pedagógicos, bibliografias especializadas, materiais esses,que os subsidiarão na compreensão, elaboração das aulas e o funcionamento mental do ensino-aprendizado docente/discente.
Percebe-se que a questão de interdisciplinaridade envolve muito mais que mera suposição, modismo ou atitude desinteressada por parte dos docentes. Penso, que em tempos remotos, em que o professor se engajava muito mais na tarefa de ensinar a interdisciplinaridade se dava naturalmente, pois o aluno se via na condição de ter que aprender cada uma das disciplinas, o que provocava de forma natural a ponte entre as disciplinas.

“O termo interdisciplinaridade significa uma relação de reciprocidade, de mutualidade, que pressupõe uma atitude diferente a ser assumida rente ao problema do conhecimento, ou seja, é a substituição de uma concepção fragmentária para uma concepção unitária de ser humano” (JÚNIOR, 2008,p.157)

Nessa fundamentação já se nota a carga ideológica em que o professor não compreende, ou torna-se indiferente, pelo simples fato de não querer superar suas barreiras ideológicas:

“A ideologia assegura, a todos, modos de entender a realidade e de se comportar nela ou diante dela, eliminando dúvidas, ansiedades, angústias, admirações, ocultando as contradições da vida social bem como as contradições entre esta e as idéias que supostamente a explicam e controlam.” (CHAUÍ, 2001,p.175)

Por fim, é de suma importância entender que a interdisciplinaridade deve ser compreendida de maneira comum para todo o corpo docente e este tem que se encontrar em pleno domínio dos conhecimentos de suas respectivas disciplinas:

“E somente na troca, numa atitude conjunta entre educadores e educantes visando um conhecer mais e melhor, que a interdisciplinaridade no ensino ocorrerá como meio de conseguir uma formação geral, como meio de atingir uma formação profissional, como incentivo à formação de pesquisadores e pesquisas, como condição para uma educação permanente, como superação da dicotomia ensino/pesquisa e como forma de compreender e modificar o mundo. Entretanto se o objetivo dessa troca for apenas a integração dos conteúdos dos programas das disciplinas, sem um questionamento de problemas relativos à clientela, à comunidade, aos recursos humanos e materiais, visando uma mudança ou transformação social, a interdisciplinaridade pode resultar apenas em um novo “jogo de palavras”, numa rotulação para velhos problemas. Uma interdisciplinaridade no ensino com vistas a novos questionamentos e buscas supõe uma mudança de atitude no compreender e entender o conhecimento, uma troca em que todos saem ganhando: alunos, professores e a própria instituição.” (JÚNIOR, 2008,p.156)

Nota-se que o domínio da disciplina, supracitado no parágrafo anterior, é um obstáculo que de longe fora superado pelo professores. Daí se questionar o posicionamento dos professores em relação, tanto ao processo de ensino/aprendizagem, como ao próprio arcabouço de conhecimentos indispensáveis para se dar a devida integração de conhecimentos:

Poderá o educador engajar-se num trabalho interdisciplinar sendo sua formação fragmentada? Existem condições para o educador entender como o aluno aprende, se não lhe foi reservado espaço para perceber como ocorre sua própria aprendizagem? Que condições terá para trocar com outras disciplinas se ainda não dominou o conteúdo específico da sua? Poderá entender, esperar, dizer, criar e imaginar se não foi educado para isto? Buscará a transformação social se ainda não iniciou o processo de transformação pessoal? (JÚNIOR, 2008,p.157).

Uma das propostas postuladas é que o corpo docente da escola passasse por cursos de qualificação em que pudessem atualizar continuamente seus conhecimentos disciplinares e pedagógicos, também, interagindo com outros profissionais trocando experiências, através de pesquisas e de estudos sistematizados. Apoiados nessas mídias educacionais, tivessem a sua disposição uma bibliografia apropriada e atualizada sempre rematados por cursos de qualificação e treinamento no manuseio dos novos recursos tecnológicos (informática), para, assim, fomentar seus conhecimentos pedagógicas e facilitar sua didática na educação fundamental.
Percebe-se que os planejamentos e preenchimento dos diários são feitos de forma muito mecanicista, descompromissada. Um dia desses, conversando com uma amiga, professora do município do Conde, docente da mesma disciplina, Língua Portuguesa, falávamos sobre esses procedimentos que antecedem as aulas. Surpreende-nos quando, em um determinado ponto da conversa, conta-nos que seu planejamento mensal e anual, não é problema, pois já se encontra pronto e arquivado, bastando imprimir em formato etiqueta, e pronto: diário, planejamento, plano mensal, tudo concluído.
Esse procedimento reflete o descaso com a prática educativa e com o corpo discente. Essa ideia de manter em arquivos os planejamentos é de fato muito prática, porém, perigosa, principalmente, se apenas transferir sob o formato etiqueta, mecanicamente, os de 2003 para os de 2009, sem nenhum compromisso com a idéia pedagógica contextualizada com as circunstâncias sócio-econômicas da época.
O que seria de fato um Plano de Curso, um Planejamento Mensal? É sobre isso que estamos nos referindo: até que ponto o professor desconhece os objetivos desses planos orientadores, ou pior, até que ponto sabem produzi-los? Até onde planejam seus objetivos focando de forma contextual o momento histórico, social, político, cultural da comunidade para a qual direciona suas atividades educacionais?

Para Libâneo, os principais requisitos para o planejamento são: os objetivos e tarefas da escola democrática; as exigências dos planos e programas oficiais; as condições prévias dos alunos para a aprendizagem; os princípios e condições do processo de transmissão e assimilação ativa dos conteúdos” (JÚNIOR, 2008,p.107)

Repare que os fatos que geraram os problemas deste trabalho estão intrinsecamente relacionados. Seria impossível tratar de um deles sem mencionar o outro. A partir do momento que se oferece educação formal para todos não se pode preterir a base, as condições primárias para que a educação formal se efetue. A não solvência da educação familiar, a que realmente proporciona subsídios para as outras, prejudica todo o processo educacional de ensino-aprendizado.
Ao se retirar o tradicional, abre-se um leque em que a tecnologia, a liberdade, a criatividade, as maneiras diversas de ensinar (didática) e outros, tornam-se confusos nas mentes de quem ensina e de quem aprende. Os professores, nesta nebulosa confusão em que o ensino-aprendizagem se encontra, observam-se num verdadeiro campo de batalha, em que mil teóricos sugerem soluções laboratoriais, para realidades tão diferenciadas e totalmente desprovidas de princípios básicos de sociabilidade. Justifica-se dessa forma que não há educação sem base tradicional de formação referencial, sem postura educacional tanto de professores quanto de alunos. Eis, então, a verdadeira causa dessa desestruturação familiar e por conseqüência educacional.

CAPÍTULO II

2. O MECANISMO PEDAGÓGICO E A CONTEXTUALIZAÇÃO SÓCIO-ECONÔMICA DA ESCOLA

Entender o mecanismo do processo de ensino aprendizagem é essencial e obrigatório para os professores. Em contrapartida, dever primordial dos gestores das escolas, nas Reuniões de Planejamento: traçar metas de aprimoramento desses saberes científicos e pedagógicos para que todos os professores usem a mesma linguagem. Sem isso a comunicação não será estabelecida nos encontros mensais de professores e gestores da escola, por mais que tenham boa vontade não obterão êxito nos planejamentos e conseqüentemente em suas práticas educativas:

Currículos também refletem prioridades ou necessidades políticas, econômicas ou socioculturais. Por exemplo, em épocas de grande desenvolvimento econômico, são enfatizados matérias ou conteúdos mais profissionalizantes. Se um país enfrenta ameaças externas, provavelmente aumenta a pressão para que as escolas tratem de conceitos como solidariedade e nacionalismo. Se um país atravessa longo períodos de paz interna, tenderão a aumentar a tolerância e o respeito, e a surgir alternativas educacionais. A urbanização leva às escolas a se preocuparem com questões como a do trânsito ou da violência urbana. O desmatamento e às agressões à natureza levam à necessidade de aprofundar o conhecimento sobre a ecologia e equilíbrio ambiental. Os valores gerais, as situações vivenciais, as possibilidades de expressão tendem a formar a base da pergunta: para que ensinar? (OLIVEIRA, 2001, p. 198)

Como se depreende desse excerto, o papel do professor é bem mais amplo que apenas transmitir informações da disciplina. A palavra ensinar é polissêmica e podemos dizer, ainda, que ensinar é educar através de um currículo. Mas o que seria currículo?

Todo currículo, como toda educação, tem pelo menos um duplo objetivo. Esse duplo objetivo revela a tensão constitutiva de qualquer projeto educativo: transmitir conhecimentos e valores de uma cultura e, ao mesmo tempo, desenvolver espírito crítico, inclusive em relação ao conhecimento acumulado pelas gerações anteriores (práticas, crenças, sabedoria popular), às formas de acumulação (ciências e outras formas aceitáveis de conhecimento) e a própria cultura e seus valores. Esses dois objetivos são antitéticos, isto é, um se opõe ao outro, mas ambos devem ser perseguidos ao mesmo tempo. (OLIVEIRA, 2001, p. 199)

São essas indagações que devem ser significativas para o professor. A resposta a cada uma delas e a consciência desses saberes científicos por parte dos educadores, ajudam-no em seu trabalho de sala de aula e os atualizam com a realidade política, econômica, cultural e social em que a educação se encontra contextualizada.
Oliveira amplia o conceito de currículo em função das variantes sociais de um país. Ele vai mais longe, busca associá-la à palavra “tradicional” mostrando um outro foco desconhecido para nós professores.

Toda educação digna do nome tem como objetivo preservar, perpetuar e reproduzir a cultura e seus valores. Esse é, inclusive, um imperativo para a sobrevivência das espécies. Nesse sentido, toda educação é conservadora, visa perpetuar a tradição. Só que a palavra “tradição”, na sua raiz etimológica (vem do verbo tradere, trazer para diante), não significa preservar, congelar, mas, sim, atualizar. Portanto a palavra “tradicional”, vista por muitos com uma conotação pejorativa, é elemento constitutivo de qualquer projeto educativo. (OLIVEIRA, 2001, p. 199)

O professor que não se encontra atualizado, sem conhecimento dessas informações, toma por certo, ainda que de boa vontade, o errado. A palavra adequação acaba em sua prática se tornando inadequada, pois é necessário o intercâmbio estreito entre a ciência da pedagogia e as demais disciplinas. Não sendo assim a interação entre professores e gestores nunca entrará em harmonia quanto aos objetivos a serem atingidos e o principal prejudicado será sempre o estudante.
Não se pode ficar inerte a toda essa situação. Há um poema que bem expressa em sua linguagem esse sentimento de perplexidade que vem aumentando a cada ano, trata-se do “Salmo perdido” de Dante Milano:

O mundo não é mais a paisagem antiga, a paisagem sagrada.Cidades vertiginosas, edifícios a pique, torres, pontes, mastros, luzes, apitos, sinais. Sonhamos tanto que o mundo não nos reconhece mais. As aves, os montes, as nuvens não nos reconhecem mais. Deus não nos reconhece mais. (OLIVEIRA, 2001, p.3)
Há um apelo por parte do autor em fazer com que nos conscientizemos para a pergunta que se encontra implícita no texto: O que fazer quando as coisas não nos reconhece mais? Viramos as costas, fingimos que ensinamos, omitimo-nos para esta realidade ou transformamos a nós mesmos e a tudo isso?
Falta aos professores e gestores, empunhar a bandeira referencial de valores basilares de uma sociedade justa e solidária e incutir no corpo discente, constituído de crianças e adolescentes princípios morais que nada tem a ver com inadequados e sim com atitudes formadoras de verdadeiros cidadãos.
Tem-se a concepção errônea de que tudo que é antigo é ultrapassado, sem valor para a época atual. Deve-se retirar do sótão de nossas memórias e pôr em prática a seriedade que um dia existiu em nossas escolas e que hoje virou um jogo de interesses políticos. Exigir do professor o cumprimento da instrução e do ensino, aplicando avaliações quantitativas contextualizadas com o assunto dado, sem prevalecer e deseducar com excesso de avaliações qualitativas. Quando os jovens são submetidos aos exames para ingressarem em instituições de ensino ou para tomarem posse em cargos públicos serão avaliados em relação aos seus conhecimentos adquiridos ao longo dos anos de ensino fundamental e médio, mais seus esforços para absorverem novos conhecimentos segundo a perspectiva quantitativa, portanto não serão avaliados de forma qualitativa como parece ser.

2.1 AVALIAÇÃO NA PRÁTICA ESCOLAR

Perdeu-se no tempo a euforia, alegria, tensão e entusiasmo que a semana de provas provocava nos alunos. As conversas nos corredores, a comparação dos resultados, a expectativa de obter a melhor nota, o exemplo que a nota ruim provocava no aluno, tornando-o, assim, mais atento para as futuras avaliações. Hoje, de maneira alguma, com intenção de ser retrógrado, não se vê nos exames qualitativos o resgate da alegria perdida em tempo remotos, vê-se, sim, o distanciamento dos alunos de escolas públicas municipais de uma concorrência mais justa com os alunos que estudam em escolas particulares, nos exames de acesso às melhores universidades e aos melhores empregos.
É claro que, numa perspectiva mais abrangente, deve-se entender a avaliação, e neste ponto, remete-se aos conhecimentos que os professores, de alguma forma, proposital ou não, deixaram escapar, no processo de amadurecimento curricular acadêmico, subsídios para pressupostos avaliativos que os subsidiariam nestas práticas avaliativas nas escolas:

Autocontrole: o aluno adquire mais autocontrole quando relaciona esforço com resultados da aprendizagem. Falta de base: é necessário fazer avaliação diagnóstica para verificar o nível do aluno antes de iniciar um curso. Tipos diferentes de aprendizagem: diferentes tipos de aprendizagem requerem diferentes formas de avaliação. O que é saber uma disciplina: A forma como o professor define o que é saber uma disciplina também define a forma como ele avalia seus alunos. (OLIVEIRA, 2001, p.330).

Durante o ano letivo cada professor utiliza seus conhecimentos pedagógicos, metodológicos e estratégicos para avaliar seus alunos de forma estanque. Nota-se que não há uma concepção comum de aplicabilidade de avaliações, o que se vê é uma avalanche de notas ruins em decorrência de falta de consonância nos saberes dos professores, por conseqüência, tem-se um enorme índice de reprovação. Tudo isso pelo simples fato da escola pública municipal e estadual não fazer uma seleção para ingresso em seus estabelecimentos de ensino, o que não seria constitucional, tendo em vista o fim do ensino básico. Para piorar seus professores não se encontrarem atualizados para receber esta clientela heterogênea que requer tratamento especial e de paciência esgotada com a tarefa de sair de uma escola para outra e sempre deparando-se com a mesma realidade.

As palavras provas, testes, questionários, listas de checagem (checklists), observação do professor e outras evidências de desempenho referem-se aos instrumentos ou métodos que usamos para medir o que o aluno aprendeu. O termo “avaliação” será usado para referir-se ao julgamento que o professor faz, com base nos indicadores da medida. (OLIVEIRA, 2001, p.331)

Não se depreende dessa afirmativa, que as atividades lúdicas, participação em gincanas e desfiles, ou qualquer outra atividade extraescolar, não sejam importante no desenvolvimento de habilidades dos alunos, ou que devam ser descartadas da mensuração no somatório das notas, não, mas sim, deixar de muitas vezes ser a própria nota, pois desta forma acostuma-se o aluno, a falsa idéia da não necessidade do esforço mínimo exigido no processo de aprendizagem. Pode-se, sim, aprender brincando, mas numa etapa em que o aprendizado priorize uma habilidade que não requeira o esforço da memória. Mas, na maioria das vezes, no decorrer de toda vida, o memorizar é imprescindível e ponto primordial para aprender e apreender.

2.2 INSTRUMENTO DE VERIFICAÇÃO NO RENDIMENTO ESCOLAR

O dia a dia da sala de aula nos mostra e possibilita mensurar várias situações passíveis de avaliações. Significa isso que os diversos momentos em que os professores passam em sala de aula permitem captar de seus alunos situações próprias para aplicar, corrigir, e estimular condições de aprendizado da matéria ensinada e interligada a outros campos da ciência.
A verificação do aprendizado, portanto, pode seguir um roteiro quantitativo, ou seja, verificar o conteúdo dado, segundo o Planejamento do Curso, através de conceitos ou notas. Assim como, pode-se usar uma estratégia de avaliação continuada, ou avaliação permanente, esta, desvinculada das notas. Porém, e é exatamente neste ponto que os conhecimentos acadêmicos do professor e também os de vida farão toda a diferença, pois, embora não sejam necessariamente mensuráveis, podem, conforme o grau de planejamento estratégico do professor, possibilitar um aprendizado para a vida e transformar-se em pontos qualitativos que se agregarão, daí a necessidade de um planejamento bem formulado, às notas quantitativas aplicadas de forma sistêmica a cada bimestre letivo.
A sala de aula, na verdade, é um verdadeiro laboratório de observações comportamentais dos seres humanos. Pode-se, sim, a partir de uma verificação apurada, sistematizar um plano com instrumentos de avaliação informal que se some à avaliação formal: a chamada, a revisão do dever de casa, um título para a aula do dia, a apuração do vocabulário, buscar os conhecimentos prévios dos alunos para atingir os objetivos da aula, perguntas e respostas, leitura, resumos, e outros.
Todos esses mecanismos devem ser de domínio dos professores, eles são ferramentas facilitadoras no processo de ensino e aprendizagem, que requer do professor, sobretudo, tempo, muito tempo para registros avaliativos dessas situações, que possibilitarão maior conhecimento dos alunos e por conseqüência maior justiça na hora de avaliar cada um deles.

A preparação e apresentação de trabalhos individuais ou de grupos são oportunidades adicionais para observação e avaliação. Como o professor não pode dividir sua atenção para cada aluno, deve procurar concentrar sua atenção em alunos diferentes, a cada aula ou segmento, de forma a poder conhecer a todos e avaliar suas competências, necessidades e progressos. Além de o professor avaliar os resultados e processos utilizados pelos alunos, de forma individual ou coletiva, essas atividades podem servir para desenvolver a capacidade de auto-avaliação no aluno. (OLIVEIRA, 2001, p.350)

Em língua portuguesa, o que para muitos, seu estudo é bastante teórico, na verdade tem um campo vasto de objetos concretos para desenvolvimento de atividades avaliativas. Nos próprios cadernos que vem impresso o Hino Nacional pode-se trabalhar a questão rítmica, melódica e de gênero textual através da cantoria em sala e em coro. O professor começa a cantar o hino nacional e como um maestro pede a cada aluno, que prestando atenção na leitura, a seu comando, que dê continuidade à canção. Com isso o professor estará trabalhando e avaliando a leitura, a atenção na leitura e na aula e a inibição do aluno.

Comportamentos escolares – fazer dever de casa pontualmente, com capricho; hábitos de estudo; como intervir numa aula; como participar de atividades de grupo; como conversar com o diretor(...) todas as disciplinas devem oferecer oportunidades para o aluno se expressar bem, por escrito e verbalmente. (OLIVEIRA, 2001, p. 201)

Todas essas atividades servem como pretexto para contextualizar o ensino da língua e a educação referencial. Nesta fase educacional, de aplicabilidade da educação em questão, aproveita-se todas as situações em sala de aula para, a partir delas, fazermos uma ponte com o conhecido do aluno e o novo.É neste momento, que o professor munido de conhecimentos de vida e de sua disciplina poderá intervir no aprendizado tanto acadêmico como referencial.

CAPÍTULO III

3 O PAPEL TRADICIONAL E DIDÁTICO DO EDUCADOR DO SÉCULO XXI

Do que foi dito até agora, percebe-se que o desempenho do professor está relacionado ao conhecimento científico-pedagógico e ao domínio de sua disciplina. O educador é o responsável junto à comunidade escolar pela elaboração da Proposta Pedagógica de seu colégio. Não é possível a ele construir esta Proposta se não tiver o domínio dos conhecimentos prévios para a sua constituição.
A escola trabalhará na elaboração da Proposta, sete questões de suma importância no processo de ensino e aprendizagem, que sistematizamos aqui a partir da compreensão dos pensamentos de Oliveira (OLIVEIRA, 2001): o currículo do país em que vivemos deverá refletir o seu posicionamento multicultural; o currículo deve procurar selecionar conteúdos que equilibrem forças teóricas e práticas; o papel do educador é tradicional e didático no sentido etimológico das palavras; conteúdos (disciplinares) e métodos devem ser escolhidos de maneira criteriosa (buscar uma aplicação teórico-prática que objetive ensinar para o futuro, ensinar o mais importante, ensinar o que é viável e de maneira justa e alcançar a todos); os conteúdos devem ser estruturados de forma sistemática (didática) a fim de facilitar o aprendizado do aluno; buscar a metodologia apropriada a cada disciplina, que em língua portuguesa, por exemplo, deve-se na faixa etária pertinente a este trabalho, ler em uma velocidade mínima necessária para se tornar leitores proficientes.
O ato de ensinar, como se percebe, articula-se com inúmeras questões envolvidas no processo social. O professor ao entrar na sala de aula terá ou não domínio da turma em função desses conhecimentos. Nos dias de hoje, em que vivemos em uma sociedade do ter e não do ser, percebemos mudanças comportamentais em nossa sociedade, que inclinam para tendências muito acentuadas no campo do individualismo e no consumo compulsivo, que é fomentado com a sedução dos meios de comunicação em massa cada vez mais sofisticados (mp3,4,5,6...).e desconectado das relações de educação e família.
Todas essas mídias, portanto, são usadas como elementos que aliciam nossos jovens; e as principais instituições de transmissão de valores têm que concorrer de forma desigual, pois, não adianta dizer que apenas os recursos tecnológicos nas escolas resolverão o problema da educação brasileira, já que os alunos ficam muito mais tempo expostos aos diversos meios de comunicação que propriamente nas escolas, provocando assim, a catástrofe que é a educação atual.
O problema educacional do país é um problema sistêmico que não tem reflexos apenas na aprendizagem: a violência aumenta em função da má educação; a perda de valores é patente em razão disso. Na verdade, a escola não pode esquecer de sua origem e é por isso, que nosso trabalho é delimitado às crianças do 6º ano do ensino fundamental, pois acreditamos que os valores tradicionais – respeito, deveres, obrigações, cultura e outros – devem ser priorizados e insistentemente trabalhados nesta faixa etária. Criar um bom hábito é muito mais fácil que tirar um, e neste intervalo mínimo de presença do aluno na escola, na contramão do máximo de tempo exposto à ociosidade, torna-se quase impossível se efetivar com êxito o ato de educar. E para isso, nas reuniões com os pais, deve-se orientar de maneira clara e precisa a importância da complementação da família em todo o processo de aprendizagem de seus filhos:

É importante, porém, não confundir pouca influência com nenhuma influência. Muitos pais hoje em dia acham que devem agir como amigos. Mas a autoridade e a hierarquia precisam existir, para que se transmita o que é certo ou errado. Também é bom que os pais fiquem atentos ao relacionamento do filho com os amigos – se ele for sempre a vítima do grupo, sempre humilhado pelos colegas, talvez seja o caso de trocar de escola ou incentivá-lo a se relacionar com outras crianças. (SUPER/janeiro,2008. p.54)

Em decorrência disso, não fica difícil entender que o aluno de hoje é muito diferente do de ontem. Percebemos nitidamente nos dizeres de Cereja (CEREJA, 2003, P.132) quando remete ao pensamento de Jean Jacques Rousseau, filósofo do século XVIII, que defendia a ideia de que a civilização corrompe os costumes do homem, que nasce naturalmente bom. Guardada as devidas proporções, os pensamentos de Rousseau continuam atuais nos dias de hoje, avançamos em tecnologia, mas continuamos os mesmos desníveis comportamentais provocados pelo descaso, ou omissão de uma educação integral.
A civilização atual oferece às escolas, crianças e jovens, que compartilham duas realidades opostas e concomitantes, tecnologias avançadas e uma gama de intermináveis problemas sociais com reflexos psíquicos e educacionais: miséria, desemprego, analfabetismo dos pais, desagregação da estrutura familiar, prostituição infantil, pedofilia, incesto e outros. O resultado é a clientela da escola, o problema psicossocial personificado. O professor não é mais um “simples professor”, é um psicólogo, um pai, um amigo, um observador, um pesquisador. Mas perguntamos: Em alguma época da sociedade, dentro das proporcionalidades, o professor deixou de ser este complemento familiar?
Com certeza o professor terá que analisar essas questões não com a visão do passado, em que seu pai, sua mãe, seu avô e sua avó eram presentes. Terá que ter o olhar, não no sentido piegas da palavra, mas o afetivo, para meninos e meninas, órfãos e órfãs de pais e avós vivos. Estamos falando aqui de crianças de 10 a 13 anos que já pensam em sexo, pois a ausência familiar roubou delas a inocência de que mencionava Rousseau por Cereja.
Como agir em uma circunstância de sala de aula, em que vistoriando as tarefas, mesa por mesa, depara-se com uma aluna, de apenas 13 anos, apreciando cenas de filme pornô, na câmera de seu celular? Duas questões vêm imediatamente à cabeça: em nossa época sequer cogitávamos a possibilidade da existência de um telefone portátil e que tivesse câmera de filmagem, que baixasse trechos de filmes. Em nossa época, meninas de treze anos cortavam vestidos de revistas para vestir suas bonecas de papel. E agora, como agir ao presenciar alunos e alunas que aos treze anos já desejam os prazeres dos adultos?
Essas indagações constantes em nosso dia a dia não podem ser analisadas na mesma visão de um policial. Somos educadores, não prendemos alunos, educamos futuros cidadãos. Por isso a necessidade do consenso em termos pedagógicos. A partir da consciência da realidade da escola pública de hoje, por parte dos professores de todas as disciplinas, com certeza a escola em seu conjunto terá muito mais eficiência ao traçar e efetuar seus planos e objetivos.
Tradicional vem de “tradere”, trazer para frente o conhecimento já adquirido, conduzir nossas crianças para os caminhos de hoje com os valores da tradição: disciplina, respeito, dedicação, gentileza, hombridade...
Essas questões, de suma importância, fazem parte do dia a dia dos professores da comunidade em que este trabalho foi gerado. Nada, aqui, é de desconhecimento do povo e dos que podem fazer alguma coisa para mudar, apenas veste-se com roupagens diferentes em outros municípios. Às vezes parece redundante, quando defende-se na tentativa de resgatar o antigo. Refutamos o construtivismo e defende-se o tradicional? Não. O que estar-se a fazer é alertar que fujamos do academicismo exacerbado, que acha que realidades importadas de países com uma história totalmente diferente da nossa possa servir de modelo para a educação pública brasileira.
Não se desmerece, assim dizendo, as pesquisas feitas em outros locais, mas sim, mostra-se que a condução da educação de nosso país deve ser traçada de forma a valorizar o ponto positivo de outrora, as ferramentas facilitadoras do presente devem somar e não reduzir os seres reflexivos que somos em extensões das máquinas. A antiga educação tradicional, em que o respeito pelos valores morais, infelizmente, hoje em dia, foram substituído por uma compreensão de liberdade, de autonomia que na verdade os jovens e adolescentes não têm. Não nos envergonhamos de empunhar esta bandeira, defende-se até que nos provem o contrário, o que certamente até agora, não se pode constatar, que a educação deu um salto imenso para o quantitativo e esqueceu o qualitativo. Não fazemos uma educação para o nosso povo, importamos educação de outras culturas.

3.1 NOVAS PRÁTICAS DE ENSINO

Depreende-se do que se disse até agora, que há a necessidade de uma mudança de postura do corpo docente e do sistema educacional num todo. Existe de fato uma acirrada disputa pelos jovens, em que as mídias descompromissadas com a educação, apenas interessadas na venda e consumo desenfreado, estão levando vantagem, principalmente, conforme pesquisas, em países que não tem na educação um foco mais relevante.
Claro que os novos tempos requerem práticas educativas diferentes das efetuadas num passado nem tão remoto. Vivemos em um mundo em que a tecnologia avança em projeção geométrica e quem não se dá conta disso acaba ficando para trás. Não quer isso dizer, porém, que todo o legado de práticas educativas sejam obsoletas e desprezadas; somos de opinião que o método de ensino mais eficaz é o que consegue mesclar os modelos do passado que primam pela formação referencial do futuro cidadão e a adequação aos artefatos modernos e facilitadores que promovem meios de funcionalidade mais dinâmicos e eficientes das aulas, facilitando, assim, tanto para professores como para alunos, o processo de aprendizagem.

Trancado na sala dando à mesma aula de sempre, alheio ao que acontece no restante da escola, na comunidade no país e no mundo, é o primeiro passo para um professor se tornar obsoleto no mundo da educação. (PELLEGRINI, 2000, p.98).

Não percamos de vista, portanto, os argumentos defendidos até aqui. Não basta às escolas adquirirem equipamentos modernos de informática, suprirem as dificuldades tecnológicas e estruturais se não fizer o mesmo com o homem e mulher que exercem as funções pertinentes à educação. Repare que não estamos nos referindo apenas aos professores e sim a comunidade como um todo, pois educar é um processo de exemplos constantes, tanto na sala de aula, escola e comunidade.
Temos professores que mal sabem manusear um computador, uma impressora, data show e outros. Professores que não consegue articular verbalmente com seus alunos, de forma a compreendê-los como seres carentes de atenção.

O professor do século XXI é aquele que, além da competência, habilidade interpessoal, equilíbrio emocional, tem a consciência de que mais importante do que o desenvolvimento cognitivo é o desenvolvimento humano e que o respeito às diferenças está acima de toda pedagogia (MARTINS, 2001, p.56).

A fundamentação desta monografia encontra-se apoiada justamente no que se tem de mais moderno e arcaico em termos de educação. Na verdade houve uma importação dos laborosos e gratificantes tempos do Colégio Militar. O professor buscando compreender o aluno em seu aspecto histórico-social, trazendo novidades nos campos da tecnologia, exatas e humanas deforma a trabalhar o futuro cidadão como um ser integral.
Este educador olha o aluno como um filho, e busca nele a sua realização. Porém, só pode fazer isso, entendendo seu mundo, as pessoas que vivem ao seu redor, a forma como é avaliado, pois no fim das contas, os alunos sempre ficam a mercê da sorte.

CAPÍTULO IV

4. LÍNGUA PORTUGUESA: O QUE E COMO ENSIAR DIANTE DA REALIDADE DOS JOVENS ESTUDANTES DE ESCOLAS PÚBLICAS?

Compreendida as razões pedagógicas evidenciadas nos capítulos anteriores, teremos que buscar respostas para o preenchimento de mais dois hiatos do currículo escolar: o que ensinar e como ensinar aos nossos jovens, em Língua Portuguesa, diante dos problemas, muito mais de ordem social do que propriamente educacional?
Existe um termo em Literatura que traduz substanticalmente o despertar, denomina-se epifania. Antes de começar este capítulo vislumbrou-se, uma cena na televisão, que provocou, de certa forma, esta perplexidade em relação ao conceito de trabalho relacionado à linguagem. No quadro das falhas de gravação de Os trapalhões existe uma intenção implícita por parte do seu elaborador, a de mostrar aos telespectadores que o trabalho é feito com tanto prazer, que até os erros são motivos de alegria, de satisfação.
O primeiro passo do aprendizado da língua é mostrar aos nossos alunos a importância do trabalho em seu aspecto de interrelações e seu consequente papel gerador de textos. O trabalho é o esforço empreendido para transformar alguma coisa em prol do coletivo ou em benefício próprio. Não podemos deixar de explicar que o trabalho não está necessariamente relacionado à obtenção imediata de dinheiro e que, portanto, estudar é um trabalho que cada aluno, cada professor executa com fins próprios. O aluno, na faixa etária em questão, é produto, ou seja, resultado daquelas anomalias familiares e escolares mencionadas no início de nosso trabalho. Daí a necessidade de fazer com que o aluno perceba as pontes associativas desses diversos saberes, que formam uma rede de ligações intrínsecas e inseparáveis. Seria, por analogia, o questionamento filosófico que traça pontes de ligações de um a outro assunto, que aos olhos de muitos parecem não ter conexão com a educação formal, mas é o âmago, a fonte de sua eficácia. Por isso a necessidade da relação devida entre educação e trabalho no contexto lingüístico e formativo referencial. Demonstrar-se-á a relação do ter e do ser e a compreensão da valoração nas relações intrínsecas trabalhísticas (falas, laços de amizade, satisfação, dinheiro...) estaremos cumprindo, dessa maneira, o papel defendido e decantado pela educação atual, sem, contudo, esquecermos os bons exemplos da educação de outrora, informar buscando a auto-afirmação do aluno e formar de maneira tradicional, no sentido valorativo, base fundamental para que o aluno apreenda o currículo mínimo de cada disciplina sem contudo, desaprender o respeito.
Portanto, o tema, embora pareça sair do foco, continua sendo a linguagem. Só que o aluno passa a perceber que a linguagem não produz o trabalho e sim é produzida na relação social, e claro, na relação trabalhística. A partir dela os homens trocam informações em diferentes estratos sociais. A disciplina de língua portuguesa captará essas relações sociais que geram as interações comunicativas e cumprirá de forma didática, o trabalho pedagógico e social, trabalhando a linguagem como ponte articuladora entre os indivíduos, reproduzindo a construção dos inúmeros gêneros textuais verbais e não verbais. Demonstrando, assim, as diferentes variações dialetais e os conseqüentes idioletos que há dentro da informalidade da língua e a padronização da forma culta.
Esclarecer-se-á deste modo, os aspectos lingüísticos, gramaticais e agramaticais da língua, destacando, especialmente, a importância da padronização da gramática tradicional no registro escrito, fazendo com que o aluno perceba o papel propulsor nos estratos sociais e a importância do domínio do padrão culto, sem contudo, esquecer o papel comunicativo das variações dialetais, próprias da dimensão regional, da variedade profissional, etária e de gênero.

Toda língua possui uma estrutura, ou seja, todos os seus elementos estão intimamente ligados. Uma língua é, pois, não só um conjunto de palavras, mas também um conjunto de regras, aprendidas desde cedo, que permite aos falantes construir e entender enunciados. Ao conjunto dessas regras, damos o nome genérico de gramática. É importante ressaltar que o conhecimento que o falante tem dessas regras é completo. Esse conhecimento, refere-se, é claro, à língua que ele fala, ou seja, à língua da sua época, da sua região, da sua classe social, da sua faixa etária, pois internalizamos tais regras a partir do registro de fala da comunidade em que vivemos. Essa gramática, que não possui uma nomenclatura específica, é aprendida pelo falante, independente de freqüentar a escola. Observe que os analfabetos conseguem utilizar a língua para se comunicar, porque, ao aprendê-la, aprenderam intuitivamente sua gramática. Outro conceito de gramática, agora entendida como um conjunto de regras sistematizadas, que impõe um padrão de linguagem a ser seguido é denominada gramática normativa. (TERRA, 2004, p.95)

Partindo dessa hipótese, pode-se dizer que o principal indicador de “estados e processos sociais” (MELLO, 1990, p. 53) é a linguagem, mas o que acontece é que esses estados e processos sociais, como fontes produtoras de falas típicas, evidenciam como certa, como padrão, apenas uma de suas variantes. Repare que esta afirmativa é bastante pertinente, tendo em vista que os problemas de escrituração ocorridos na fase inicial do ensino fundamental, na maioria das vezes acompanham o aluno nas fases subseqüentes. Por mais que nos esforcemos, com dinâmicas criativas, com aulas lúdicas contextualizadas e cheias de recursos tecnológicos, percebe-se a dificuldade dos alunos na hora de transcrever suas ideias para o papel. Por que?
O ponto de vista defendido na atual educação diz respeito a um eufemismo exagerado de que não existe uma forma correta de usar a língua. A sociolingüística e a linguística defendem a seguinte tese:

Já que não existe nenhum motivo que nos leve a pensar que o espanhol, por exemplo, é “inferior” ao português, também não existe nenhum motivo para pensarmos que uma variedade do português seja “superior” a outra, especialmente no que diz respeito às capacidades cognitivas de seus falantes. (MELLO,1990, p.53)

Ora, uma pessoa que desconhece a gramática normativa da língua espanhola, mas conhece a gramática internalizada da língua, com certeza não terá seu processo comunicativo prejudicado. Ou seja, o código, “conjunto metódico e sistemático de disposições legais relativas a um assunto ou a um ramo das ciências” foi elaborado a partir de observações contínuas e constantes com propósito de registrar, no coso a língua, o seu funcionamento fonológico-fonético, semântico e sintático. No entanto, em nenhuma hipótese iremos imaginar que a língua espanhola, em suas variações dialetais (regionais, sociais, econômicas e políticas) não cumprirá o seu propósito comunicativo dentro da comunidade em que esta variação, seja predominante.
As variações linguísticas são os retratos substancializados das criações orais daquelas sub-regiões e regiões, ditam um modelo a seguir, a partir de um determinado poder religioso, político e econômico, mas todas surgem com fins específicos de comunicação, de forma facultativa e capacitada, com características puramente culturais (sociais, econômicas e geográficas). Percebe-se perfeitamente neste ponto, a necessidade de relacionar trabalho e linguagem como pontos primordiais de compreensão primária para o aluno em fase de transmudação de analfabetismo funcional para a compreensão do que se lê (letramento).
A socialização provoca no falante, enquanto usuário da modalidade oral da língua, um acréscimo lexical e de estruturas sintáticas em sua forma de expressar-se. Funciona, por analogia, como uma pessoa que viaja por vários países e vai acumulando saberes culturais das outras regiões e consequentemente aumentando seu vocabulário e sua capacidade de expressão e impressão.
A linguagem em sua modalidade oral sempre executou seu papel comunicativo em todos os níveis sociais. Mas a linguagem na sua modalidade verbal escrita sempre fora separatista e hoje tenta-se por milagre fazer com que, sem disciplina, sem esforço, aprenda-se algo por osmose. Uma língua não é apenas uma de suas modalidades, a língua embora seja natural a todos desde a tenra idade é um produto social e para que não se perca no tempo é registrada, sistematizada e padronizada como língua nacional. Da mesma forma que num país existam várias comunidades que seguem padrões de condutas diferentes, há para unificar e controlar regras de condutas padrões, leis civis, trabalhistas que disciplinam a vida em sociedade.
Numa primeira leitura, parece que se defende a concepção de um posicionamento elitista da linguagem, mas se analisarmos sem o olhar político e sedutor perceberemos que a linguagem oral precede sim à escrita, mas a perpetuação da língua e da sua conseqüente cultura se dá nesta e não naquela. Não podemos perder o foco de que tratamos da educação formal, a que se ensina na escola, a que perpetua através da sistematização e que os artifícios de associações com outras ciências, na verdade, é um subsídio para facilitar a compreensão por parte dos falantes de classes sociais menos privilegiadas, desprovidos de condições sócio-econômicas que facilite o processo de aprendizado da linguagem verbal escrita que veicula nos meios dominantes e que serve de acesso para estratos sociais mais elevados. Portanto, não há um contrasenso nas ideologias apresentadas, mas sim, uma complementação e esclarecimento que será corroborado no decorrer do texto.

A língua é um sistema aberto, ao lado de regras sistemáticas que todos os seus falantes devem seguir, aparecem variantes da língua. Cada variante que marca o uso que determinado grupo faz da língua constitui um dialeto. Os dialetos geográficos, etário, sociocultural, de gênero e de profissão. Os dialetos recebem influências uns dos outros. O registro é a variante escolhida pelo sujeito em cada ato específico de comunicação, segundo o contexto, são dois basicamente: o formal e o informal. Podem apresentar-se tanto no formato oral como na forma escrita da língua. A distinção de certo ou errado, passa para o campo do adequado ou inadequadodo. Em sala de aula, é fundamental criar oportunidades para que os alunos trabalhem textos que exemplifiquem diversas situações de comunicação, em que dialetos e registros diferentes se apresentem para a sua reflexão e discussão. Esse é, afinal, o objetivo maior do ensino da língua: desenvolver no sujeito a competência para a leitura e produção de textos. (TP1, 2008, p.41)

Na ótica de Linalda Arruda Mello, Sociedade, Cultura e Língua se percebe, ainda que numa linguagem bem acadêmica, o registro dos mesmos fatos lingüísticos, tem-se uma variedade nativa da língua (VNL) (vernacular), uma língua padrão real (LPR) e uma língua padrão normativa (LPN). A VNL é informal, aprende-se antes da escolarização e é restrita ao uso oral. A LPR é a da classe social mais privilegiada, aprende-se em casa e depois na escola e usa-se na informalidade entre pessoas bem sucedidas social e financeiramente. Já a LPN é objeto do ensino formal, não se ouve na comunicação coloquial, nem mesmo entre as classes privilegiadas, mas é característica do registro escrito entre as pessoas bem escolarizadas. De todas essas a que mais sofre o estigma do preconceito é a variedade nativa ou a do dia a dia:

De acordo com Bernstein, as exigências do desempenho lingüístico, estabelecidos pelas classes dominantes, determinam a variedade padrão de uma língua, que, por sua vez, determina o reconhecimento e a aprovação (...) a fala da classe média é superior à da classe baixa em termos de precisão, exatidão gramatical e capacidade para análise lógica, sem considerarmos medidas de inteligência. (MELLO,1990, p. 54)

O que se depreende desse excerto é que por existirem classes sociais diferentes, a que se encontra no topo da pirâmide social usa uma variedade escrita mais enriquecida lexicalmente e mais bem elaborada estruturalmente, produzindo, dessa forma, textos escritos mais expressivos e claros. Consequentemente há uma imposição ideológica a partir de uma suposta superioridade linguística em relação às outras variedades, mas que na verdade é apenas uma injunção social, econômica, religiosa e política própria de qualquer sociedade que se encontra fomentada por cargas ideológicas, que em alguns indivíduos provoca a motivação preconceituosa.
O falante da língua proveniente da classe mais privilegiada, usuário da LPR ou LPN, dentro dos padrões sociais estabelecidos por esta ou aquela sociedade que se encontra no topo da pirâmide social, terá mais possibilidade de adequar a modalidade da linguagem formal à informal. Ora, temos então o primeiro impasse na nossa árdua tarefa de ensinar: devemos ensinar a gramática prescritiva ou normativa mesmo sabendo que não será usada por nossos falantes oriundos de camadas sociais que não utilizam dessa variedade linguística?
Estamos indagando de forma diferenciada, problematizando com outras palavras as mesmas cinco questões do início do trabalho, em nenhum momento saímos do foco ensino-aprendizado da língua portuguesa. Queremos sim, encontrar uma resposta para diminuir os problemas de aprendizado da língua. O que significa reconhecer a existência de variantes da fala como meio eficiente de comunicação, mas em contrapartida temos na linguagem padrão, conduzida pela uso gramatical normativo, a possibilidade para quem a domina, da clareza, coesão, precisão e concisão na hora de transpor o que se fala para o papel. O que será um grande favorecedor nas conquistas sociais.

Todo falante de uma língua tem a capacidade (faculdade) de distinguir um texto coerente de um aglomerado incoerente de enunciados. É capaz de parafrasear um texto, resumi-lo, de perceber se está completo ou incompleto, de atribuir-lhe um título ou, ainda, de produzir um texto a partir de um título dado” (FÁVERO,p.14)

Este fragmento comprova a ajuda interrelacional entre as ciências no ato de educar, dando-nos as ferramentas que com paciência, de forma construtivista, ou seja, partindo do conhecimento cognitivo dos alunos, trabalhemos habilidades comunicativas nos alunos que os possibilite resumir, complementar textos, parafrasear e criar títulos a partir de textos contextualizados.
Deve-se, portanto, buscar uma sedimentação mental a partir desses conhecimentos pedagógicos, de maneira que os alunos desenvolvam habilidades, orientados por seus professores e que, sozinhos, aprimorarem seus conhecimentos. Logo, a predisposição para compreender o aluno, a priorização de um posicionamento de atualização contínua de conhecimento, faz com que o fenômeno fingir que se está ensinando e fingir que está aprendendo, aos poucos se esvaia e a indiferença de fechar os olhos para mais uma massa de analfabetos funcionais poderá ser um estigma extinto de nossa sociedade.
Não adianta o professor encher o aluno de matérias, isto sempre foi cristalino. O mestre, especialista, deve, antes de tudo, compreender como funciona a mente da criança, do jovem ou do adulto no processo de aprendizagem. Um conhecimento só consegue ser absorvido quando faz relação com uma informação prévia, ou seja, algo que sirva de suporte para sustentar esse novo conhecimento. Se não ocorrer dessa maneira, terá sido em vão para o professor e para o aluno. O mesmo acontece com a avaliação, o professor terá que ser sensível e perceber que os alunos não podem ser avaliados de forma semelhante.
Estamos tratando de uma educação que prima por um resgate social, deve-se lembrar, que a maioria das crianças com quem trabalhamos é fruto de uma anomalia familiar e social, logo, somos em nossa prática educativa, verdadeiros progenitores. Para este grupo social, deve-se além da informação, moldar-se a formação referencial de cada aluno, segundo, é claro, os padrões culturais desta ou daquela comunidade.

No desenvolvimento cultural da criança, toda função aparece duas vezes: primeiro, em nível social e, mais tarde, em nível individual; primeiro entre pessoas (interpsicológica) e depois, no interior da própria criança (intrapsicológica) (VYGOTSKY, 1979 apud JUNIOR, p.80)

De forma geral, estamos intrinsecamente relacionados com as questões pedagógicas, mas esses termos técnicos não devem ser levados para um 6º ano do ensino fundamental, por exemplo. Porém, devem ser socializados e refletidos pelos professores para que dos planejamentos resultem aulas com objetivos comuns, precisos e realizáveis. Deste modo, a inclusão social desses alunos não se dará com apenas e exclusivamente a sua variedade dialetal, mas, também com o uso da LPN, própria do registro escrito da fala e de uma camada social específica e dominante. Embora saibamos que esta linguagem mais apurada não expresse o uso comum dessa comunidade será através dela que se romperá o paradoxo da aproximação e distanciamento da construção de significados das múltiplas informações aos estratos sociais mais desfavorecidos. Quer isso dizer, que passarão a entender o que leem e compreender o que escutam dos meios dominantes de comunicação, ou seja, de fatos estarão alfabetizados e letrados.

Aqueles que são, ou foram alfabetizadores, já se depararam com certos professores que logo ao primeiro mês de aula estão dizendo a respeito de alguns alunos: não tem aptidão para aprender, tem problemas familiares, é muito fraca da cabeça(...) Emília Ferreiro desloca a questão para outro campo: Qual a natureza da relação entre o real e sua representação? A escrita da criança não resulta de simples cópia de um modelo externo, mas é um processo de construção pessoal, no sentido de que inicialmente precisam compreender seu processo de construção e suas normas de produção. Muito antes de iniciar o processo formal de aprendizagem da leitura/escrita, as crianças constroem hipóteses sobre este objeto de conhecimento. (MÍDIA, 2010)

Por conseguinte, o objetivo das aulas de português deve ser o de atualizar a competência discursiva dessas crianças (ouvir, falar, ler e escrever), partindo da hipótese da existência da gramática internalizada (condição comum de todo ser humano), mas não esquecendo a gramática tradicional, padronizada e sistematizada, que embora, sofra, naturalmente, alterações por conta da plasticidade da língua, ainda assim, é a lei que rege os ditames dos registros escritos dos principais veículos de informação, seja em qual mídia for.
Desta forma, ainda que não seja consenso de todos os autores, mas a partir de observações em sala de aula, o primeiro ponto abordado, após avaliação diagnóstica, para este grupo específico, alunos do sexto ano do Ensino Fundamental público, foi a apresentação das duas maneiras básicas de se escrever, prosa e poesia; em seguida, a partir de uma metodologia socrática, dialogou-se com os alunos questões temáticas que são próprias da sociedade e que nas relações sociais se transformam em textos. Após essa apresentação conceitual do que se denominam gêneros textuais intuitivos, apresentamos os diversos gêneros textuais que são frutos de interações diversificadas no âmago da sociedade e nos meios profissionais.
Quanto à gramática normativa, busca-se sensibilizar-se com a faixa etária das crianças, ensinar o essencial de cada um de seus aspectos (fonológico, morfológico, sintático e semântico), sem, contudo deixar de fazê-lo. Principalmente, por se tratar de crianças que ainda se encontram em fase de formação silábica das palavras (falano e falando), acusando uma má alfabetização, ainda assim, deve-se sempre buscar atingir, ainda que não cem por cento falando, mas as expectativas dos alunos mais adiantados, tendo em vista a heterogeneidade expressiva nessas salas de aula.
Crê-se, dessa maneira, que estamos seguindo um método condizente com a linha atual da educação inclusiva, utilizando-se de uma metodologia e estratégia que a partir do conhecido oral de cada aluno (Construtivismo) o faça compreender a necessidade de ter o domínio de mais uma variante dialetal. Faz-se aqui, uma ressalva de suma importância, que o Construtivismo, elaborado por Emilia Ferreiro, não designa suas pesquisas cognitivas como método, mas sim como uma observação científica que conseguiu entender os processos mentais de qualquer criança, com a finalidade de compreender como se dá a transmutação fônica para a escrita.
Não podemos deixar, porém, de relevar que tal conhecimento faz parte, também, do arcabouço do professor de língua portuguesa, mas sobretudo é um saber, uma ferramenta que deveria, pela lógica, ser aplicada nas crianças em processo de alfabetização para ao ingressarem no 6º ano do Ensino Fundamental, encontrar-se prontas para absorverem a norma padrão de forma mais natural, o que não vemos em nossas escolas.
Por isso, como alternativa de suprir essa deficiência, as experiências concretas transformadas em linguagem verbal e não-verbal (textos), mostradas aos alunos, a crônica, por exemplo, passa a seus olhos uma nova idéia, pois antes de ter sua realização em registro verbal escrito, brotou de um acontecimento real, captado por um bom observador, por diversas vezes e sistematizado com as características próprias daquele gênero textual. Da mesma forma o romance, a poesia, a música, a comédia, a paródia, o conto, a fábula, a receita, o formulário bancário, o cheque, a notícia e outros.
Demonstra-se, assim, que cada um desses gêneros na verdade são realizações das práticas sociais registradas e muitas vezes adaptadas para as constantes mudanças das interações culturais. Ressalta-se, também, a questão dos chamados suportes textuais (livros, jornais, computadores etc.), sempre aproveitando o conhecido de cada um para a apresentação do novo, da constante mudança que a tecnologia imprime.
Portanto, parece claro, que a aprendizagem da língua em suas diversas realizações linguísticas se dá na apresentação do mundo verossímil e de práticas sociais vindas da oralidade, mas que necessita de um registro escrito para fins de conservação histórica, comprovação comercial e outros; faz-se, então, necessário, o uso do nível formal culto nos registros escritos, que de forma clara, precisa e padronizada, oficialize e substancie a nacionalidade de um povo, de uma cultura.
Cabe, portanto enfatizar, que o ensino da língua nos dias atuais prioriza a fala como sendo o ponto de partida para o aprendizado, porém não se pode esquecer que é a partir do seu registro escrito, com todos os seus mecanismos, que a língua é instituída como fonte cultural de um povo. A língua de fato é viva e serve às necessidades de um povo, mas não devemos perder de vista que os fatos lingüísticos não são captados e problematizados tomando como referência o puro conhecimento da fala.
A capacidade de observação só é possível quando se tem o domínio pleno da variedade culta sistematizada; seria utópico negar este fato. Todos os estudiosos da língua dominam a variedade culta e a partir dela procuram encontrar um meio termo de facilitar o aprendizado. Louvável atitude, porém, infrutífera, pois o aprender é um caminho solitário, árduo e que requer de cada um o esforço e condições próprias para tal, e nestas se encontra a figura orientadora do professor.

É tarefa do professor ajudar o aluno a organizar os novos conhecimentos em grandes blocos de idéias ou temas. Estruturar significa ajudar a mostrar a relaçõ dos conhecimentos anteriores. Em vez de “cobrir” um tema rapidamente , de forma superficial, e correr para “dar” o tema seguinte, o professor deve aprofundar o conhecimento de um menor número de temas, assegurando a compreensão dos conceitos, sua relação, a reflexão sobre eles e o raciocínio crítico. (OLIVEIRA, 2001, p.41)

O propósito deste trabalho é deixar claro que o preconceito lingüístico é só uma vertente, ou melhor, um reflexo do próprio preconceito. Uma pessoa preconceituosa, seja professor, médico ou outro profissional qualquer substancializará a sua discriminação de diversas maneiras, inclusive, linguisticamente. Um doutor em gramática que não seja preconceituoso, buscará em seus pupilos, a melhor maneira de educá-los de forma responsável e respeitável, não esquecendo, porém, e aí está a diferença, o seu dever primordial, o de ensinar.
Os problemas encontrados na educação são de ordem social e devem ser supridos pelas escolas, mas para isso o empenho de nossos governantes deve ultrapassar o mero apelo político. Nossas escolas têm que se estruturar de forma a ter profissionais das diversas áreas do saber, com carga horária que iniba a ociosidade a que nossas crianças se submetem tão logo saem pelos seus portões. Isso vale, também, no que diz respeito ao aproveitamento do professor, no maior tempo possível naquela escola.
Porém, o profissional do Ensino Básico tem que “pular” de escola em escola para aproximar-se do nível financeiro dos professores de cursos superiores,de instituições públicas, tendo ou não pós-graduações. O professor, hoje em dia, se assemelha muito ao médico, principalmente dos hospitais públicos, sequer olham para seus alunos, pouco sabem sobre eles, apenas prescrevem um remédio que parece atender àquele sintoma característico de uma doença supostamente comum. Os resultados são parecidos, muitas mortes, muitas crianças que chegam ao sexto ano do Ensino Fundamental, não sabendo, sequer, escrever seus nomes.

CAPÍTULO V

5. FATOS, HIPÓTESES E SUGESTÕES POSSÍVEIS PARA A SOLUÇÃO DO PROBLEMA EDUCACIONAL.

Cada um de nós usa a linguagem em função de nossa posição social, regional e educacional o que é bastante natura e comprovado cientificamente. A sociedade e suas relações é quem determina o padrão próprio e adequado do uso da língua. Mas, analisada sob esta ótica, deve-se agir de que forma, já que sabemos que os aspectos psicossociais de nossos alunos são fatores determinantes de sua oralidade e consequente escrita?
O que incomoda, é o posicionamento ideológico que se tem de forma comum e inquestionável, no corpo docente de todo o município. Visitando qualquer outra escola pública do município de Cabedelo teremos o mesmo ponto de vista em relação à palavra tradicional, tanto nas aulas de português, como em qualquer outra disciplina. Teoricamente todos os gestores escolares conhecem a doutrina pedagógica e todos os professores sabem da realidade em sala de aula. Mas se conhecem os problemas e dominam a fundamentação teórica e metodológica por que o problema persiste? Por que esses alunos têm um péssimo rendimento escolar? Essa é a questão inicial do trabalho: o que falta em seus lares deveria ser suprido nas escolas, daí o tradicional.
Uma das hipóteses enquadra-se perfeitamente no que definimos bem no início de nosso estudo: poucos professores possuem uma fundamentação teórico-pedagógica, entendem muito pouco sobre o processo de aprendizado pedagógico e são desestimulados por todo o conjunto circunstancial. Se essa teoria for verdadeira, a solução nos parece relativamente sustentável, bastando as escolas qualificarem seus profissionais em cursos que suplementem essa deficiência.
Porém, em sala de aula, o que vemos de fato é a concomitância dos cinco problemas geradores desse trabalho: desatenção, hiperatividade, fraca alfabetização, falta de conhecimento pedagógico por parte dos professores e heterogeneidade dos alunos. A solução reclama a responsabilidade de todos:

Art 4º O dever do Estado com educação escolar pública será efetivado mediante a garantia de: III – atendimento educacional especializado gratuito aos educandos com necessidades especiais, preferencialmente na rede regular de ensino. (JÚNIOR, 2008,p.31)

O que se entende por necessidade especial? Por que só as crianças até seis anos têm esse direito? Novamente, vê-se o professor em apuros, tendo que recorrer a alguma fonte que o subsidie. Melhor seria que soubesse exatamente como proceder, o que já vimos não ser o caso. Mas, sincronicamente, ocorre outro atrito não menos grave, a escola não oferece um corpo de psicólogos que atue de forma intensiva nas necessidades cognitivas dessas crianças e ainda é indiferente a situações antipedagógicas, provocadas por atitudes burocráticas, impossibilitando qualquer trabalhos docente (56 crianças em uma única sala de aula).
A LDB nos garante o suporte teórico-legal, mas a escola não é estruturada física e profissionalmente para dirimir os problemas comuns da rede pública de ensino. Numa turma, por exemplo, de vinte oito alunos relativamente comportados, pois tem escolas, no mesmo município, com problemas de toda ordem psicossocial, é impossível aplicar qualquer atividade educacional. Como trabalhar de forma harmônica e com resultados, em uma turma, com pelo menos uns doze casos típicos de hiperatividade, sem a ajuda de um profissional que avalie as condições de sociabilidade daquela criança? Portanto, muito ajudaria nas problemáticas já identificadas (coordenação motora, reflexos psíquico-comportamentais de distúrbios familiares e outros) se tivéssemos esses profissionais atuando em prol da educação dessas crianças, adolescentes e jovens de forma continuada.
Identificamos crianças com sérios problemas de coordenação motora, totalmente, desatenta e distraída. Outras que não conseguem permanecer calmas, por um minuto sequer, mas com letras perfeitas; outras, ainda, que nitidamente seriam boas alunas, mas algo em suas mentes as deixam com apenas o corpo em sala de aula, totalmente apáticas ao assunto e ao barulho provocado por várias vozes ressonando em um ambiente quente e nada confortável para se educar.
Pelo quadro apresentado, percebe-se que a presença de um profissional específico do comportamento humano (físico, psíquico e moral) seria imprescindível. Não estamos falando de uma presença esporádica de seis em seis meses, estamos falando da presença diária, com “sala consultório”, “sala confessionário”, que fizesse com que as crianças se sentissem benquistas, acolhidas, e que a escola, em todos os seus aspectos, demonstrasse preocupação com o seu bem estar físico, psíquico e moral. Os alunos identificam quais dos professores os tratam com carinho, com preocupação, comprometidos de fato com a tarefa de educá-los, ainda que às vezes sejam os mais ásperos, os mais tradicionais.
Não podemos mais fingir que a educação é gerida apenas pelos diretores, coordenadores, professores e pais de alunos. Assim como temos a necessidade de nos adaptarmos as novas tendências metodológicas, a escola pública municipal, na figura de sua provedora, a prefeitura, tem que oferecer todos os profissionais necessários para atender a esta clientela especial, que por si só é problemática, sobretudo, nas condições estruturais de trabalho.
Temos crianças no sexto ano com problemas de alfabetização silábica, que sequer escrevem seus nomes; na mesma turma, crianças com boa capacidade fonológica, ortográfica e motora, plenamente alfabetizadas, ou como queiram, letradas. Nossas turmas são muito heterogêneas e numerosas e por mais que nos esforcemos, o trabalho não sai com proficiência, mesmo com métodos lúdicos de ensino, que são muito mais vernizes que solucionadores.
Enfim, são inúmeros os problemas encontrados em sala de aula, mas seria incoerente com a epígrafe inicial a não apresentação de uma solução que atinja os objetivos almejados. Como já foi dito e reiterado diversas vezes, a palavra tradicional é elemento constitutivo de qualquer projeto educacional, portanto é também onde encontraremos as respostas aos nossos problemas.
A condição primeira de qualquer educação fundamenta-se em duas colunas tradicionais: disciplina e hierarquia. Não se pode fazer tudo que eles querem. Devemos deixar bem claro, desde o início do ano letivo, que quem manda na turma é o professor. Isso não tem nada a ver com a ideia distorcida dos eufemismos exagerados de hoje em dia, à perseguição da educação de metodologia tradicional. O que desejamos é a possibilidade de transformar a matéria prima corrompida, por esta urbanidade desordenada, em futuros cidadãos respeitosos, respeitantes e cônscios dos valores morais de sua sociedade.
Considerando, enfim, a condição da família brasileira atual e levando em conta a clientela para a qual trabalhamos, nos veio à mente as palavras do palestrante espírita Divaldo Franco: “O analfabetismo religioso é nocivo às nossas crianças, jovens e adolescentes” (PALESTRA ESPÍRITA) Portanto, pensamos que não deveria ser facultativo, como reza o art. 33 da LDB, e sim, constitutivo da grade curricular de nossas escolas públicas e privadas, a educação religiosa e eclética. Não somos partidários de nenhuma religião, mas entendemos que seja indispensável para jovens e adolescentes que não têm na razão um porto seguro, pelo menos um dogma que os oriente para um caminho digno.

CAPÍTULO VI

6. ESCOLA PARA TODOS?

Pensamos que não houvesse a necessidade de reportarmo-nos a uma ideia antiga de nossos arquivos mentais; pensamos ter certeza de que a ideia dialética, que consubstancia este trabalho pudesse, de fato, por si só, transformar a educação e cosequentemente, os jovens:

O país fez uma opção – pela massificação do ensino, num entendimento muito particular de democratização: em vez de se criarem as condições para que, vá lá, as massas tivessem acesso ao conhecimento superior, rebaixaram-se as exigências para atingir índices robustos de escolarização (AZEVEDO, 2008, p.98)

De fato é o que acontece com o sistema educacional de nossos dias. Oferece-se vagas nas instituições públicas de ensino, mas não se disponibiliza condições para que a educação de fato se realize. O foco deste trabalho é a conscientização do professor e do aluno de suas realidades de sala de aula. Embora o texto de Azevedo seja bastante incisivo em seu ponto de vista, não deixa de ser coerente e lógico, pois retrata exatamente o que se constata na realidade atual da educação pública.
Acontece que de certa forma os nossos discentes e docentes se encontram embevecidos de uma ideia ainda pior: “Fingimos que ensinamos e eles fingem que aprendem”. Na última reunião pedagógica essa triste realidade: os problemas que dão origem a nossa pesquisa, principalmente, os referentes aos professores continuam irrefutáveis. A postura do professor é irredutível, geradora até mesmo de um novo trabalho de pesquisa.
Nosso corpo docente não tem consciência do trabalho social que faz, não percebe a interdisciplinaridade em sua própria disciplina, vê no lúdico o único processo de inicialização profissional e no desenvolvimento de habilidades sociais e trabalhistas. A educação está sendo levada pela desesperança de quem educa e pelo descaso de quem aprende.
Os professores entendem construtivismo, quase, num todo, como projetos que envolvam exclusivamente jogos, festas e gincanas, sequer conhecem o termo em sua essência, construção mental do aprender. Não percebem que seus alunos não possuem base suficiente na leitura para de uma experiência concreta formarem condições posteriores e contínuas de seus estudos. Insistem em não buscarem informações fora de sua área de ensino, e, sendo assim, não verificam que suas atividades, nesse contexto educacional, deve ser complementar às atividades da língua materna, para assim, construir um pensamento crítico no alunado. Inteirados, numa visão talvez, escapista, de que as atividades lúdicas despertarão o Machado de Assis, o Aleijadinho e outros, os professores realmente fingem ensinar e os alunos fingem aprender.
O pior disso tudo é que a responsabilidade recai sobre o professor de língua portuguesa, que é acusado de não fazer o seu papel. O que de certa forma corresponde com a verdade, pois, a educação banalizou-se. Na atual circunstância de nossas escolas e condições de nossos alunos, o professor que desempenha um trabalho em uma turma tão heterogênea e numerosa tem a tarefa quase impossível de nivelá-la em termos de conhecimentos; encontra-se desamparado por não ver nos outros professores a utilização da mesma linguagem, ou seja, fazer o aluno aprender a ler. Preferem pontuar atividades de gincanas e jogos, perdendo a oportunidade de ensinar aos alunos que cada trabalho oferece uma premiação que se substancializa na capacidade de enxergar o outro, respeitar o outro, interrelacionar-se para crescer física e mentalmente.
O quadro formado a partir da aplicação de nossas tarefas corroborou nossa tese e deixou como demonstrativo que o analfabetismo funcional tem como causa os problemas acima levantados. Para solucioná-los a força não pode ser unívoca, e sim, conjunta. Os professores devem levantar a mesma bandeira, apoiados em uma mesma fundamentação teórica muito bem compreendida.
Nossos alunos são frutos de uma desestruturação familiar, social e econômica e não conseguirão sozinhos sair da condição funcional em que se encontram. Essa ajuda, todavia, só se dará quando os professores mudarem seus paradigmas, o governo perceber ou criar condições de manter nas escolas os alunos numa carga horária suficiente, em que de fato caiba a atividade lúdica apropriada a cada faixa etária, fazendo diferença de fato com os apelos das ruas. Já não se fala mais, primeiro o dever depois o lazer; a recíproca vulgarizou-se.
Para que as salas de aula voltem a ser, o que foram no passado, não querendo isso dizer um retorno à palmatória, a sala de estudo obrigatório etc., mas uma volta ao respeito, ao determinismo, ao pensamento “ Primeiro o dever depois o lazer”, que hoje em dia significa o seu oposto. Deve acontecer uma mudança radical na forma de pensar educação em nosso país. Do contrário a educação sempre será um número ou um degrau para as classes políticas. Erguemos as mangas, destapemos nossos olhos, o que se tem aí hoje, em qualquer nível educacional é uma liberdade de libertinagem, em que os alunos com fácil acessa à intenet e a tudo que querem, transformaram a educação e o educador respectivamente atores, estão sempre representando.

6.1 GESTÃO DEMOCRÁTICA

Para falarmos de Gestão Democrática subentende-se que tenhamos a noção do que seja a democracia. A democracia surge na Grécia antiga, especificamente em Atenas. O cidadão ateniense tinha como elementos fundamentais no conceito de democracia três direitos importantes: igualdade, liberdade e participação no poder.
É importante, porém, ressaltar que a sociedade ateniense era escravocrata, o que torna incoerente o exercício pleno desses três direitos, ainda que contextualizado na história possamos compreender aquele momento.

Há na prática democrática e nas idéias democráticas, uma profundidade e uma verdade muito maiores e superiores ao que a ideologia democrática percebe e deixa perceber. (...) a sociedade não é uma comunidade una e indivisa voltada para o bem comum obtido por consenso, mas, ao contrário, que está internamente dividida e que divisões são legítimas e devem expressar-se publicamente. (CHAUI, 2005, p.246)

A democracia, como um todo, é constituída de uma gama imensurável de ideologias, que deixa outros interesses nas entrelinhas e passa, portanto, despercebido aos olhos do cidadão comum. Ora, a idéia de igualdade, liberdade e participação tem tudo a ver com a gestão democrática na escola, que, também, relaciona-se com a Grécia antiga, pois, percebemos que, em ambas, a igualdade não existe, a sociedade é de fato dividida, mas legitimadas, na democracia, para expressar-se e exigir publicamente seus direitos.
Nasce aí, a concepção de gestão democrática na escola. Direitos iguais para os alunos. Mas o que significa este nascimento num país como o Brasil? Como se dar a democracia na escola? Desde quando temos este estado direito vigorando? Todo o trabalho desenvolvido nesta monografia busca uma solução para tornar mais homogênea a desigualdade das salas de aulas nas escolas públicas municipais e em nenhum momento tenta-se ir pela contra-mão das diretrizes educacionais governamentais. Porém, sendo um trabalho crítico não podemos deixar de perceber o grau de interesse político, sem contudo ter o desinteresse de acontecer, mas de forma lenta, e tendenciosa, sem de fato aplicarem as medidas reais para que as salas de aulas e as escolas já se encontrassem mais democrátias.

A escola pública de hoje é diferente da escola do passado. A escola pública do passado era organizada para atender os filhos das famílias das camadas alta e média da sociedade, que, geralmente, já dispunham de uma preparação familiar anterior para terem êxito nos estudos. Era uma escola que proporcionava uma formação geral e intelectual para os filhos dos ricos, enquanto os pobres que conseguiam ter acesso à escolarização tinham outra escola: a de preparação para o trabalho físico (para profissões manuais), com conhecimentos reduzidos e quase nenhuma preocupação com desenvolvimento intelectual. (JÚNIOR, 2008, p.16)

Como se percebe no trecho acima as escolas ofereciam serviços diferenciados para alunos de classes sociais diferentes, mas o que percebemos hoje não é tão diferente de ontem. A maioria dos alunos que ingressa nas faculdades públicas de Medicina e Direito, por exemplo, faz parte das classes dominantes. Por que? Porque estudaram em escolas diferenciadas, quase sempre particulares, com um custo maior do que certos cursos superiores, filhos de pais com nível superior, proximidade, desde a tenra idade, da cultura letrada; inscritos em cursos de línguas estrangeiras e da própria língua, enfim, em condições bem superior aos dos filhos das classes menos desfavorecidas.
Hoje, procura-se propagar uma idéia, que a meu ver, professor de escola pública da rede municipal faz três anos, tem muito mais de discurso do que prática. O problema da educação começa mesmo na própria Constituição:
São direitos sociais a educação, a saúde, o trabalho, a moradia, o lazer, a segurança, a previdência social, a proteção à maternidade e à infância, a assistência aos desamparados na forma desta Constituição. IV – salário mínimo, fixado em lei, nacionalmente unificado, capaz de atender a suas necessidades vitais básicas e às de sua família com moradia, alimentação, educação, saúde, lazer, vestuário, higiene, transporte e previdência social, com reajustes periódicos que lhe preservem o poder aquisitivo, sendo vedada sua vinculação para qualquer fim; (CONSTITIÇÂO FEDERAL, 2008,p.19)

A educação de ontem que atendia as classes dominantes deixa bastante claro que não se faz apenas com palavras. As crianças devem ter condições familiares que possibilite o aprendizado. Se não é possível, não devem os professores fugir da responsabilidade da docência, alegando como argumento, a falta de condições para aquele aluno aprender. Mas, muito menos, o governo deve eximir-se de possibilitar condições reais de aprendizado integral para aquela criança. Como? Adotando o que fora defendido neste trabalho, escola com regime integral de aprendizado, exigindo do professor tempo exclusivo de dedicação e equiparando o seu vencimento aos dos professores da rede pública federal.

A escola democrática, portanto, é aquela que possibilita a todas as crianças a assimilação de conhecimentos científicos e o desenvolvimento de suas capacidades intelectuais, de modo a estarem preparadas para participar ativamente da vida social (na profissão, na política, na cultura). Assim, as tarefas da escola, centradas na transmissão e assimilação ativa dos conhecimentos, devem contribuir para objetivos de formação profissional, para compreensão das realidades do mundo do trabalho; de formação política para que permita o exercício ativo da cidadania (participação nas organizações populares, atitude consciente e crítica no processo eleitoral etc.) de formação cultural para adquirir uma visão de mundo compatível com os interesses emancipatórios da classe trabalhadora. (JÚNIOR, 2008, p.16)

Não há de se dizer outra coisa, a educação continua totalmente atrelada aos interesses políticos, carregada de ideologias e discursos verbais escritos e orais, com leis que dizem muitas coisas e fazem muito pouco. A educação não pode direcionar-se apenas, como se percebe atualmente, para o ensino técnico, devemos encaminhar o cidadão desde sua formação básica, possibilitando a quem tem o perfil tecnológico e a quem tende mais para a área de humanas, poderem de fato desenvolver nas diferentes escolas, da rede pública ou privada, condições iguais e críticas de aprendizado de qualidade para que mais tarde, na época do exames de vestibular terem condições de ingressar nos cursos tecnológicos, ou de licenciatura e/ou de bacharelado oferecidos pelas instituições de ensino superior públicas e/ou privada.
A educação democrática é conseqüência da política democrática de fato e de direito. Não podemos negar que houve um avanço substancial na educação, principalmente, nas condições de transportes estudantil, equipamentos tecnológicos e outros meios de praticidades inovadoras de ensino. Acontece que o elemento humano que manipula esses artefatos da educação moderna não foi, até hoje, valorizado como deveria ser. Um profissional da educação deveria ter tanto prestígio quanto um técnico judiciário. Parece que ainda falta muito para a educação democrática acontecer.

CONSIDERAÇÕES FINAIS E SUGESTÕES

Publicamos dois pequenos livros/apostilas com as atividades textuais dos alunos do 6º ano A e do 6º ano B, embasados, nos temas transversais: Ética e Pluralidade cultural. Sempre buscamos fundamentação no material de estudo do GESTAR II (Programa Gestão da Aprendizagem Escolar), tornando o nosso trabalho mais rico em qualidade e variedade de textos e exercícios. Porém, atuamos mais dentro da realidade vivenciada em cada dia e com base nos diagnósticos iniciais que já deram sustentação estratégica ao projeto.
Sendo assim, desenvolvemos um discurso no corpo do trabalho, em que de forma sucinta esclarecemos os fatos, as causas, e as hipóteses trabalhadas, que deram origem a este projeto. Consideramos que fizemos o trabalho com o propósito único de ver nossas crianças do 6º não, bem melhores nos anos subseqüentes, mais preparadas no sentido referencial e instrucional.
Destacamos, porém alguns pontos, que humanamente torna qualquer atividade educacional ineficiente, e que poderia melhorar muito com a ajuda do professor e do sistema educacional. Em nossas considerações finais pontuamos as seguintes sugestões, delimitando-as para o foco do trabalho em questão, crianças do 6ª ano A e B do ensino fundamental da Escola Municipal Adolfo Maia:

a) organizar turmas com afinidades e predileção de uma língua específica, dando-lhe a oportunidade de escolha (Inglês ou Espanhol);
b) formar turmas de ensino religioso (todas as vertentes inseridas no contexto regional) de caráter obrigatório com a finalidade de resgatar valores referenciais e condutas morais de socialização. O analfabetismo religioso é tão problemático quanto o analfabetismo funcional;
c) cada professor deveria elaborar um questionário psicossocial de seus alunos, tornando seu conhecimento, quanto as condições da turma, mais estreito, e tratando dessa forma o seu objeto de estudo, mais pertinente e real em sua pratica pedagógica;
d) no primeiro dia de aula, delimitar um tema, sobre história do Brasil, por exemplo, e solicitar que seus alunos escrevam um texto, de pelo menos 15 linhas, em três parágrafos para analisar a noção de estrutura textual, textualidade, ortografia, pontuação, sintaxe, conhecimento gerais e a pragmática textual do aluno;
e) estabelecer um período de oito horas-aula em oposição às atuais quatro horas, de forma a trabalhar e segmentar sistematicamente um modelo de educação, que abrace profissionais realmente comprometidos e com condições de trabalho;
f) a interdisciplinaridade, tema de relevância nacional na educação, trabalhada em cada disciplina, não deve ser o foco principal, como uma ideia distorcida de que só assim funciona; mas sim, em cada disciplina e com cada profissional comprometido, aprimorar seus conhecimentos de ensino-aprendizagem e pedagógico, conscientizando-o de como o aluno aprende, de que são diferentes, de que vivem em condições não similares as suas e que precisam de afeto e disciplina;
g) a questão lúdica, embora essencial, deve ser tratada com o mesmo rigor de relevância, mas não como única e exclusiva forma de atração do aluno para a educação. Daí a necessidade do aumento da carga horária na educação popular;
h) o aluno deve entender de forma consciente o que seja dever, lazer e obrigações. As mídias tecnológicas devem ser facilitadoras da educação e não substitutas das aulas e dos professores, que são exemplos para a maioria das crianças nessa faixa etária;
i) elaborar pequenos livros com trabalhos escritos pelos alunos, de forma a valorizar e materializar seus trabalhos. A confecção deve ser fiel às escrituras dos alunos e não mascaradas na descaracterização de suas obras. Quer isso dizer, que os trabalhos não devem ser estatísticos ou de projeção, e sim, de reflexo e reflexão da realidade trabalhada. Esses trabalhos denunciam onde se deve aplicar maior esforço em sala de aula, tanto na disciplina de língua portuguesa, como na complementação do letramento através das demais disciplinas;
j) portanto, o campo de estudo e os fenômenos lingüísticos devem ser a base para a localização de soluções para a educação, a realização do professor e a evolução educacional e cidadã de nossos alunos.

Desde o primeiro planejamento pedagógico desta escola, buscou-se nas fundamentações teóricas, enfatizadoras do processo cognitivo do aprendizado, dentro da faixa etária trabalhada, subsídios para desenvolvimento de um projeto que pudesse despertar o interesse pelo aprender e ensinar.
Notou-se, porém, que na verdade, os elementos desestruturais, que geraram os problemas-hipoteses deste trabalho, são, sobretudo, o desconhecimento por parte dos professores, nos saberes pedagógicos, o principal causador desta má situação na educação brasileira.
As novas tecnologias, os novos recursos facilitadores do caminho do aprender muito pouco, ou quase nada servirão de ferramentas, se não houver por parte do sistema educacional a conscientização da necessidade de unificação de conhecimentos pedagógicos e andragógicos por parte de todos os professores. Claro, também, de uma valorização do profissional do ensino básico, tornando-os tão valorizados financeiramente quanto os do ensino superior.

REFERÊNCIAS

ALVES, Nilda, (2000). Os romances das aulas. Movimento, Revista da Faculdade de Educação da UFF, Rio de Janeiro: DP&A; Niterói: UFF, n.º2, set.,p.7-73.

AZEVEDO, Reinaldo. Restaurar é preciso: reformar não é preciso. 2025 ed. tiragem 413350, p. 48-56, Abril, jan. 2008.

BARBOSA, Maria do Socorro Gomes. Apostila de Metodologia do Ensino da Língua Portuguesa. João Pessoa. 2010.

BORTONI-RICARDO, Stella Maris. Educação em língua materna: A Sociolingüística na sala de aula. São Paulo: Parábola, 2004.

CÂMARA JÚNIOR, Joaquim Matos. Manual de Expressão Oral e Escrita: 2.ed. Petrópolis: Vozes, 1986.

CEREJA, Willian Roberto; MAGALHÃES, Thereza Cochar. Português: Linguagens – Volume Único. São Paulo: Atual, 2003.

CHAUI, Marilena. Filosofia – série Brasil. 1. ed. São Paulo: ABDR, 2005.

CONSTITUIÇÃO FEDERAL. 5. ed. atual. até a EC n. 56. – Barueri, SP: Manole, 2008.

FALSTICH, Enilde L. de J. Como ler, entender e redigir um texto.6.ed. Petrópolis: Vozes,1994.

FÁVERO, Leonor Lopes; KOCH, Ingedore G. Villaça. Lingüística Textual: Introdução. 2 ed. São Paulo : Cortez, 2005.

JÚNIOR, Carlos Oliveira; NAPOLEÃO, Hugo Tosetti. Casa das apostilas: Governo do Estado da Paraíba: Língua Portuguesa e Didática. São Paulo, 2008.

LAKATOS, Eva Maria. Metodologia do trabalho científico. 6. ed. São Paulo: Atlas, 2001.

MELLO, Linalda de Arruda. Sociedade, Cultura e Língua. João Pessoa: Sorim, 1990.

MÍDIA –MNOVAS PRÁTICAS DE ENSINO NO MUNDO GLOBALIZADO. Prof. Elvis Rossi Mello. Disponível em: . Acesso em: 09 junho 2010. às 10h49mim

MOLLICA, Maria Cecília; BRAGA, Maria Luiza. Introdução à Sociolingüística – o tratamento da variação. 2. ed. São Paulo: Contexto, 2004.

OLIVEIRA, João Batista Araújo e; CHADWICK, Clifton. Aprender e Ensinar. 2. ed. São Paulo: Global, 2001.

ORLANDI, Eni Puccinelli. Interpretação – Autoria, leitura e efeitos do trabalho simbólico. 2. ed. Petrópolis: vozes, 1996.

PERINI, Mário A. Princípios de linguística descritiva INTRODUÇÃO AO PENSAMENTO GRAMATICAL. São Paulo: Parábola Editorial, 2006.

REVISTA SUPER INTERESSANTE, São Paulo: Ed. n. 248, jan.2008 – Mensal. p. 48-56
RESENDE, Vânia Maria. Literatura infantil e juvenil: vivência de leitura e expressão criadora. 2. ed. São Paulo: Saraiva, 1977.

SCHOPENHAUER, Artur. A arte de escrever. Porto Alegre: L&PM Pocket, 2008.

SILVA, Ana Lúcia Rodrigues. .Monografia Fácil: ferramentas e exercícios.São Paulo: DVS Editora, 2004.

SOARES, Magda. Letramento. Belo Horizonte: Autêntica, 1999.
TERRA, Ernani; DE NICOLA, José. Português: língua, literatura e produção de textos. 1. ed. São Paulo: Scipione – vol. 1, 2004

TP1 PROGRAM GESTÃO DA APRENDIZAGEM ESCOLAR. SEB – Secretaria de Educação Básica. CDU 371.13.Braília: 2008.