Controle da Curva Glicêmica em Portadores de Diabetes Mellitus tipo 1 e 2 com a prática do Exercício Físico

Controle da Curva Glicêmica em Portadores de Diabetes Mellitus tipo 1 e 2 com a Prática do Exercicio Fisico

ANÚNCIO

Glycemic Curve Control in Bearers Diabetes Mellitus 1 and 2 Kind with Practices her of  physical Exercise

Dr. Luiz A. S. Barreto Fisioterapeuta e fisiologista do Exercício UNISUAM

ANÚNCIO

Resumo

ANÚNCIO

O diabetes é uma disfunção do metabolismo dos carboidratos caracterizada pelo alto índice de açúcar no sangue (hiperglicemia) e a presença de açúcar na urina (glicosuria), devido a ausência da insulina, redução ou disfunção dos receptores. Classifica-se em primário tipos 1 e 2 e secundário que tem como causas as doenças endócrinas do pâncreas que cursam com a destruição das ilhotas de Langerhans. A atividade física tem um papel importante como complemento do tratamento do diabetes através do exercício aeróbico e resistido que proporcionam efeito positivo na redução da curva glicêmica nos portadores de diabetes mellitus dos tipos 1 e 2, através do mecanismo de captação muscular da glicose.

Unitermos: Diabetes Mellitus, Curva Glicêmica, Exercício Físico

Abstract

Diabetes is dysfunction of the metabolism of the carbohydrates characterized by the hight index of sugar in the blood (hyperglycemia) and the presence the sugar in piss (glycosuria), had the absence of the insulin, reduction or dysfunction of the receivers. One classifies in elementary school secondary types 1 and 2 and that have as causes the endocrines illnesses of the pancreas that attent a course with the destruction of the islets of Langerhans. The physical activity has an important paper as complement of the treatment of diabetes through aerobic and resisted exercise that provides to positive effect in the reduction of the glycemic curve in the carriers of diabetes mellitus of types 1 and 2, through of the glucose muscular capitation mechanism.

Key-words: Diabetes Mellitus, Glycemic Curve, Physical Exercise

Introdução

O diabetes mellitus é uma disfunção do metabolismo dos carboidratos caracterizada por hiperglicemia e glicosuria devido a ausência de insulina, redução ou disfunção dos receptores insulínicos da célula (CAMPOS, 2000). Atualmente classifica-se o diabetes em: Primário ou tipo 1 que depende da insulina exógena e tipo 2 não dependente da insulina e o secundário que tem outras etiologias, como por exemplo, o câncer pancreático e a fibrose cística (HOBBINS, 2001). A atividade física tem se mostrado muito importante como tratamento complementar do diabetes por ter mostrado benefícios na redução da curva glicêmica e no aumento da sensibilidade à insulina (CAMPOS, 2000). A obesidade e o sedentarismo tem sido associados ao aumento das reservas energéticas e a manifestação da resistência a insulina, induzindo o desenvolvimento do diabetes do tipo 2 (RAMALHO E SOARES, 2008). Os principais exercícios propostos nos estudos examinados são: O aeróbico e o resistido, na maioria das vezes associado a dieta, redução do peso e, se necessário, ao controle medicamentoso (CREPALDI et al, 2005). A prescrição de exercícios para a população diabética do tipo 1 deve sempre preconizar o equilíbrio entre a insulina e a ingesta de carboidratos devido ao risco de hipoglicemia e os níveis glicêmicos devem ser de 100 mg/l. Nos níveis descompensados com cetose, o exercício deve ser evitado (VANCINI e DE LIRA, 2004).  Os principais medicamentos utilizados no tratamento do diabetes são a insulina NPH, a regular e os hipoglicemiantes orais são: daonil (glibenclamida), diabinese (clorpropamida) e a metformina.

O objetivo do presente artigo foi o levantamento bibliográfico sobre o controle da curva glicêmica em portadores de diabetes mellitus dos tipos 1 e 2 com a pratica do exercício físico.

 

Metodologia

O presente estudo foi realizado através de um levantamento bibliográfico em artigos publicados de 2005 a 2009 nos bancos de dados Pubmed, Medline e Scielo com os seguintes unitermos: Diabetes Mellitus, Curva glicêmica, Exercício Físico, sendo encontrados 11 artigos que foram utilizados no presente trabalho, observando a especificidade para os grupos em questão.

Revisão Bibliografica

Diabetes Mellitus tipo 1 e 2 ( DM1 e DM2)

Segundo estudos em Hobbins (2001) cerca de 3% da população mundial sofre de diabetes e a taxa de mortalidade anual é de 54.000 óbitos só nos Estados Unidos da América. Campos (2000) conceitua o diabetes como sendo uma disfunção do metabolismo dos carboidratos caracterizada pelo alto índice de açúcar no sangue (hiperglicemia) e a presença de açúcar na urina (glicosúria). Em Hobbins (2001) o diabetes é conceituado como um grupo de distúrbios caracterizados por defeito ou deficiência na resposta secretória da insulina, por menor utilização da glicose e por hiperglicemia. Ainda em Hobbins, o diabetes é classificado em Primário (tipo 1 ou DM1 ou insulino-dependente) associado a componentes genéticos e auto-imunes das células β das ilhotas de Langerhans e (tipo 2 ou DM2 ou não insulino-dependente) associados a distúrbios da secreção insulínica e também a uma deficiência genética autossômica dominante. E o diabetes secundário que esta associado a destruição das ilhotas de Langerhans, doenças exócrinas do pâncreas (câncer pancreático, fibrose cística), distúrbios endócrinos (tumores hipofisários, hipertiroidismo), drogas ou substancias químicas, infecções por citomegalovírus, gestacional, síndrome de down. Hobbins ainda relata que a obesidade é um fator de influencia ambiental de extrema importância responsável pelo aumento da resistência a insulina. A insulina é uma proteína que tem um peso molecular de 5.808 e para que possa exercer a sua função de carrear a glicose para dentro da célula, precisa ligar-se a outra proteína de peso molecular 300.000 (receptor insulínico da membrana celular) ativando-o (GUYTON, 1998).

Fisiologia Normal da Insulina

A insulina liga-se aos receptores insulínicos da membrana celular, tornando-a permeável (sensível) e facilitando a entrada da glicose na célula. Já no interior, a glicose passa pelo processo de fosforilação a substrato para ser utilizado em todas as funções metabólicas dos carboidratos. Acredita-se que a insulina remodela grande parte dos mecanismos enzimáticos metabólicos celulares (GUYTON, 1998). Segundo ele, as células musculares e as adiposas são beneficiadas pelo processo, o que não se aplica aos neurônios cerebrais. Guyton acrescenta que o tecido muscular é pouco permeável a ação da glicose e precisa da insulina para que utilize esse substrato como fonte energética. Após uma refeição composta de carboidratos, a curva glicêmica sofre elevação no organismo. Caso o substrato não seja utilizado, a insulina se encarrega de armazena-lo no fígado na forma de glicogênio. Para tal processo, a insulina precisa inativar a fosforilase hepática enzima que decompõe o glicogênio hepático em glicose, aumentando assim a glicoquinase, uma enzima que fosforila a glicose após sua difusão nas células hepáticas mantendo-a no interior do fígado como glicogênio. Esse glicogênio é liberado quando há uma redução dos níveis de glicose sanguínea (GUYTON). Uma situação de interesse dessa liberação é o chamado “fenômeno do amanhecer” que faz com que o fígado libere o glicogênio sob a forma de glicose quando os seus níveis estão reduzidos no período de repouso. A partir das 4 hs até as 8 hs da manhã, os níveis glicêmicos são elevados para serem usados durante o despertar. Cruzes et al, (2008) relatam, em seu estudo, o “fenômeno do amanhecer” em portadores de diabetes do tipo 1 e 2. Os do tipo 2, quando em tratamento com bomba infusora de insulina subcutânea, deve ser oferecido refeições maiores para que a relação insulina/carboidrato mantenha-se em equilíbrio no desjejum. Ainda em Cruzes et al, o fenômeno do amanhecer é causado pela perda da sensibilidade à insulina hepática e extra-hepatica, induzida pela secreção noturna do hormônio do crescimento. Segundo Ganong (1977) cerca de 5 % da glicose ingerida é rapidamente transformada em glicogênio no fígado, 30 a 40 % é transformada em gordura e 25 % é metabolizado pelos músculos e outros tecidos. Quando o nível glicêmico reduz, a glicogenólise é estimulada fazendo com que o fígado restaure os níveis glicêmicos. Quando há depleção do glicogênio, ocorre estímulo para a glicogenólise das proteínas e glicerol. Desta forma os níveis glicêmicos são novamente restaurados, mesmo durante jejum prolongado.

Fisiopatologia do Diabetes e Complicações a Longo Prazo

Os distúrbios que ocorrem no diabetes podem ser atribuídos aos efeitos principais da disfunção do metabolismo da insulina que são a utilização deficiente da glicose com conseqüente aumento da curva glicêmica para 300 a 1200 mg/dl, mobilização descompensada de lipídios armazenados na forma de tecido adiposo, produzindo aumento na produção de corpos cetônicos, deposito de lipídios nas paredes vasculares, perda de glicose e água pela urina que pode ocorrer quando o nível glicêmico eleva-se acima de 180 mg/dl. Esse desequilíbrio pode induzir a desidratação evoluindo para o choque circulatório.  Como conseqüência o pH sanguíneo cai para 7.0 evoluindo para o coma diabético que se não for revertido em caráter emergencial leva ao óbito (GUYTON,1998). As principais complicações do diabetes são: A microangiopatia diabética que é o espessamento das membranas basais das artérias e capilares relacionados a hiperglicemia, nefropatia diabética, lesão dos rins que cursa com insuficiência renal e óbito, complicações oculares, perda da função visual devido a retinopatia diabética, cataratas e glaucoma que é o aumento da pressão intra ocular e a neuropatia diabética que é o comprometimento nos nervos motores e sensitivos das extremidades inferiores atribuída a lesão nas células de schwann, degeneração da bainha de mielina e lesão do axônio. O portador de diabetes pode ainda ser acometido de outras complicações como o infarto do miocárdio, acidente vascular encefálico e gangrena nos membros inferiores (HOBBINS, 2001).

Atividade Física, Exercício e o Impacto na Curva Glicêmica

Muitos estudos vem demonstrando a importância da atividade física como complemento do tratamento do diabetes, sabendo-se que ambos tem efeito positivo na redução do curva glicêmica, na sensibilidade e ação da insulina (Campos, 2000).

A definição de atividade física em Ramalho e Soares (2008) é um movimento corporal não planejado e o exercício corresponde ao movimento corporal estruturado e planejado. Os dois principais tipos de exercícios citados nesse estudo são: O aeróbico que consiste em um movimento rítmico, repetido e continuo de diversos grupos musculares por, pelo menos, dez minutos; e o exercício resistido que consiste em atividades que utilizam a força muscular para mover um peso ou força contrária. De Lima et al, (2009) cita que o sedentarismo esta diretamente ligado ao aumento ponderal, pois tem um gasto calórico reduzido com qualquer atividade, fazendo com que o organismo aumente suas reservas energéticas na forma de tecido adiposo. Ainda nesse estudo, é preconizada a adoção de um estilo de vida saudável com a prática da atividade física, associada a uma alimentação adequada. Crepaldi et al, (2005) sugerem também o tratamento por modificações no hábito alimentar associado a perda de peso e o uso de drogas antidiabéticas de uso oral para o tipo 2, lembrando que é o exercício físico que proporciona uma melhor qualidade de vida ao diabético. Esse estudo ainda cita que o exercício físico pode trazer muitos benefícios a essa população através do aumento da concentração das enzimas glicolíticas oxidativas, o que aumenta a capacidade do músculo esquelético em produzir energia com menor cetose, bem como o aumento da ação da insulina e dos hipoglicemiantes orais. A prescrição de exercícios para o portador de diabetes deve ser cercada de critérios. Segundo Ramalho e Soares (2008) o portador de diabetes tipo 1, durante a atividade física, apresenta risco eminente de hipoglicemia devido ao bloqueio dos estoques de glicogênio pela presença da insulina e pelo fato dos músculos consumirem glicose. Níveis de glicemia abaixo de 100 mg/dl antes do exercício requer atenção. Níveis superiores a 250 mg/dl com sinais de cetose, a atividade não deve ser realizada. Níveis superiores a 300 mg/dl sem a presença de cetose, o exercício deve ser realizado com cautela ou evitado. A atividade física é sempre indicada como tratamento para o diabetes tipo 2, associada a dieta e medicamentos hipoglicemiantes. Deve-se ter o cuidado com a prescrição do exercício para portadores de diabetes com complicações como a retinopatia, neuropatia, hipertensão arterial e cardíacos, pois o esforço intenso pode ser perigoso (VANCINI e DE LIRA, 2004).

 

Resultados

De Lima et al (2009) estudaram uma amostra composta de 9 indivíduos com pré-disposição a DM2, 3 do sexo masculino e 6 do sexo feminino com idade entre 47 e 72 anos de idade, uma média de 57 anos sedentários, hipertensos e cinco obesos. Os critérios utilizados foram um teste submáximo em esteira rolante da Imbramed com velocidade de 5,5km/h, com incremento de carga de 1% de inclinação inicial e 2% a cada 1 minuto. Para determinação da glicemia foi utilizado o analisador de glicemia capilar com participantes em jejum de 8 horas. O treinamento aeróbico proposto foi uma caminhada de longa duração e intensidade leve a moderada durante 1 hora 3 vezes semanais após aquecimento prévio de 10 minutos. Os resultados na curva glicêmica foram: pré 118.44 ± 17.32 e pós 107.11 ± 15.63. Houve uma redução de 1,69. A conclusão desse estudo é que o exercício físico pode ser aproveitado na redução da curva glicêmica bem como prevenção do diabetes mellitus do tipo 2.

Ramalho e Soares (2008) encontraram resultados contraditórios sobre o controle da curva glicêmica em portadores de DM1. 11 portadores de DM1 após 12 semanas de exercícios aeróbicos associados ao exercício resistido apresentaram efeito benéfico na hemoglobina glicosilada. 20 portadores de DM1 após 12 semanas de treinamento não apresentaram alterações na curva glicêmica. A conclusão desse estudo é que a falta de resultados positivos se deve a redução inadequada na dosagem da insulina.

Da Silva e De Lima (2002) estudaram uma amostra de 33 portadores de DM2, sedentários 8 tratados com insulina 11 com antidiabético oral e 14 não tratados com idade entre 45 e 75 anos, sendo 18 do sexo masculino e 15 do sexo feminino. A coleta do material para determinação da glicemia foi realizada por exame laboratorial e teste da glicemia capilar pré e pós teste. A média das medidas foi calculada de três em três dias de exercício físico. O protocolo utilizado foi 40 minutos de exercício aeróbico e 10 minutos de exercício resistido precedido por 5 minutos de aquecimento e 5 minutos de volta a calma. A duração do protocolo é de 10 semanas 4 vezes por um tempo de 60 minutos. A intensidade de 50 a 80% da FC Max.  A conclusão desse estudo é que a redução crônica da curva glicêmica demonstra ser significativa para p< 0,05 por um programa de exercício físico regular e que a glicemia do portador de diabetes tipo 2 é reduzida pelo efeito agudo do exercício físico, como mostra o exame da glicemia capilar coletada antes e após o exercício.

Hordern et al (2008) estudaram 132 pacientes portadores de DM2 entre 18 e 75 anos de idade divididos e 2 grupos: 68 no grupo de treinamento e 64 no grupo de controle, com um protocolo de treinamento aeróbico associado a treinamento de resistência de intensidade moderada durante 4 semanas, numa frequência de 2 vezes em ginásio desportivo e 30 minutos domiciliares. Foi realizado teste prévio da curva glicêmica.  O resultado desse estudo foi uma redução de 15,9 % p= 0,001 na curva glicêmica. A conclusão do estudo foi que houve melhora na resposta da curva glicêmica no grupo estudado.

Carr et al (2006) realizaram estudo com 64 japoneses portadores de diabetes do tipo 2 residentes nos EUA, sendo que 2 foram excluídos do estudo. O protocolo de treinamento utilizado foi o exercício aeróbico de 1 hora de caminhada ou corrida 3 vezes semanais durante 24 meses com uma intensidade de 70 % da FC Max, o alongamento e a dieta hipocalórica. Foi realizado teste de tolerância à glicose oral. Os participantes foram divididos em 2 grupos. O primeiro grupo (32 participantes) realizou dieta e alongamento e o segundo (30 participantes) dieta e exercício aeróbico. Os resultados encontrados foram: grupo exercício aeróbico e dieta 294.9 ± 50.0 mg/l e o grupo alongamento e dieta 305.4 ± 30.0 mg/l p= 0,06. A conclusão foi que a melhora na sensibilidade à insulina foi devido a redução do peso corporal. Não houve alteração no curso da destruição das células beta.

Marcus et al (2008) realizaram estudo em 15 portadores de diabetes do tipo 2, com um protocolo de exercícios aeróbicos associados a exercícios resistidos. Os participantes foram divididos em 2 grupos: O grupo 1 com 8 indivíduos realizaram exercícios aeróbicos isolados no cicloergômetro a 60% da FC com progressão de 5% ate 85% da FC, 5 minutos com progressão para 50 minutos e o grupo 2 com 7 indivíduos realizaram exercícios aeróbicos associados a resistidos em stepper a motor de 3 hp por 5 minutos com progressão para 20 minutos durante 3 a 4 semanas. O controle da glicose foi realizada através da medida da hemoglobina glicosilada, após jejum de 12 horas, com um valor recomendado para diabetes do tipo 2 < 7%. Valores da hemoglobina glicosilada (A1c) apontam melhora no grupo 1 com redução de 0,3% e no grupo 2 de 0,6%. Houve uma redução na curva glicêmica de 0,59 % no grupo que realizou exercícios aeróbicos e resistido e de 0,31 % no grupo de exercício aeróbico isolado. Este estudo concluiu que o exercício aeróbico associado ao resistido é benéfico para os portadores de diabetes do tipo 2.

Solomon et al (2009) realizaram estudo em 32 portadores de resistência à insulina idosos e obesos. O protocolo utilizado foi o exercício aeróbico na intensidade de 80 a 85 % da FC máx associado a dieta hipocalórica (baixo teor de carboidratos). A curva glicêmica apresentou redução de p= 0,004. A conclusão desse estudo foi que o exercício a curto prazo proporciona redução da curva glicêmica em idosos obesos.

Komatsu et al (2005) realizaram estudo em uma amostra de 118 indivíduos divididos em: 72 portadores de diabetes mellitus do tipo 1 (DM1) entre 9 e 20 anos e 46 no grupo de controle entre 10 e 18 anos. O protocolo utilizado foi o exercício aeróbico em esteira ergométrica. O impacto do exercício na curva glicêmica foi medido pela hemoglobina glicosilada. A média do grupo DM1 foi 8.1 ± 2.2 % e no grupo de controle 5.2 ± 0,9 % p= 0,000.

Os índices de redução da curva glicêmica encontrados em alguns dos estudos e o percentual médio são apresentadas no gráfico abaixo. Glicemia 1- 1,69 Glicemia 2 - 15,9%, Glicemia 3 – 0,59%, Glicemia 4 – 0,31%, Glicemia 5 – 2,2%,   Média – 4,13%.

 

Discussão

Vancini e De Lira (2004), defendem que o exercício crônico deve ser usado como terapia auxiliar no tratamento do diabetes tipo 1 e 2, associado a dieta adequada e terapia medicamentosa, quando necessário, para permitir a prática segura do exercício. A recomendação é 30 minutos de atividade moderada na maioria dos dias da semana. Programas de exercícios para portadores de diabetes deve associar exercícios aeróbicos e resistidos.

Chiappa et al (2002) afirmaram que o exercício aeróbico é importante para o portador de diabetes mellitus, pois auxilia a reduzir o risco de complicações crônicas provenientes desta e aumenta a sensibilidade do corpo à insulina, melhorando a qualidade de vida dessa população.

Crepaldi et al (2005) afirmaram que os exercícios regulares aceleram as adaptações metabólicas e hormonais que aparecem no inicio do exercício físico e contribuem para reduzir as necessidades de insulina, bem como, aumentar a sensibilidade à insulina de forma semelhante ao indivíduo saudável, por um aumento significativo à responsividade dos receptores de insulina, proporcional a melhora da aptidão física.

Carr et al (2006) acreditam que as modificações no mecanismo de redução da curva glicêmica, em seu estudo, se deve a redução ponderal, o que mostrou melhora na sensibilidade a insulina, sem promover alterações no mecanismo de destruição das células beta.

Hordern et al (2008) relataram que o exercício a curto prazo pode apresentar redução na curva glicêmica e que níveis glicêmicos superiores a 159 mg/ml apresentaram melhores respostas.

Solomon et al (2009) relataram que o exercício aeróbico a curto prazo traz mais benefícios metabólicos para indivíduos obesos do que a dieta de baixo consumo de carboidratos isolada. Essa associação reduz o risco de complicações diabéticas e vasculares.

Ramalho e Soares (2008) relataram que a atividade física regular está associada a melhora do controle metabólico. Os efeitos benéficos para portadores de diabetes tipo 1 estão ligados a hemoglobina glicosilada após 12 semanas de exercícios aeróbicos associados a exercícios resistidos.

Da Silva e De lima (2002) afirmaram que os efeitos hipoglicemiantes associados ao exercício podem ser observados em portadores de diabetes do tipo 2 tratados ou não com insulina, ficando clara a importância do efeito agudo do exercício nessa população.

Crepaldi et al (2005) relataram que durante o exercício há uma redução da glicose plasmática ocorrendo a observação clinica de hipoglicemia provocada pelo exercício. A elevação dos níveis de insulina inibe a produção de glicose hepática e os músculos aumentam a sua captação de glicose devido ao exercício.

De lima et al (2009) acreditam que o exercício físico aumenta a permeabilidade da membrana à glicose reduzindo, dessa forma, a sua resistência à insulina e promovendo a redução da glicemia. À cerca do exercício aeróbico, sugerem que essa atividade seja aproveitada na prevenção do diabetes mellitus do tipo 2 através da redução ponderal.

Dutra et al (2009) relatam que o exercício aeróbico intermitente na esteira a 70 e 80% do VO₂ máx mostrou um aumento da curva glicêmica, porém numa intensidade >80% não apresentou alterações significativas. O resistido mostrou redução em até 30 % de 1RM e elevação acima dessa porcentagem.

De Oliveira et al (2006) expõem que o exercício resistido promove um aumento da fosforilação das proteínas relacionada a captação de glicose pelo músculo esquelético, resultando em maior quantidade de GLUT4 (proteína transportadora de glicose) para a membrana, aumentando assim a captação da glicose; o que explica a redução da curva glicêmica. O aumento da glicemia em intensidades supralimiares se dá devido a atividade gliconeogênica mediada pelo glucagon para restaurar a glicemia.

Marcus et al (2008) sugerem que o exercício aeróbico associado ao resistido deve ser praticado pelos portadores de diabetes do tipo 2, pois o aeróbico isolado praticado por longo período promove a redução da massa magra. Afirmam, ainda, que o exercício é claramente benéfico, embora esse grupo não participe frequentemente dessa atividade.

Lemura e Von Duvillard (2006) defendem que os programas de endurance de 60 a 80% da FC 3 a 4 vezes por semana e os de resistência 2 a 3 vezes são os mais recomendados para os portadores de diabetes mellitus.

Ramalho e Soares (2008) relataram que os estudos que avaliaram o efeito do exercício no controle da curva glicêmica em portadores de DM1 utilizaram o exercício aeróbico associado ao resistido. Os que os utilizaram isoladamente não apresentaram resposta significativa na hemoglobina glicosilada.

Ganong (1977) relatou que a causa da captação muscular da insulina aumentada com o exercício, ainda não esta bem definida. O que poderia explicar seria que a falta do oxigênio facilitaria a entrada da glicose em condições anaeróbias.

Alfieri e Duarte (1993) alertam que o exercício nos portadores de Diabetes Mellitus do tipo 1 deve ser criterioso devido a tendência que o insulino-dependente tem para a hipoglicemia. Um cuidado especial deve ser dispensado para o metabolismo da água e o dispêndio energético intenso para não desencadear miopatias devido aos espasmos, perda iônica e acidose lática.

De Oliveira et al (2002) defendem ser o exercício resistido benéfico para as funções metabólicas. Programas de exercícios resistidos tem sido recomendados como forma de tratamento não medicamentoso de algumas patologias, uma vez que tem mostrado eficácia na melhora das funções metabólicas.

Conclusão

O propósito do presente artigo na fundamentação teórico-científica beneficia as populações que interessam-se pela prevenção ou o controle da intolerância à glicose e do diabetes, fazendo uso dos mecanismos fisiológicos do exercício físico como estimuladores da captação muscular da glicose. Os resultados inconclusivos apresentados em algum estudo provavelmente esteja ligado ao tipo de protocolo e aos objetivos.  Esse estudo concluiu que o sedentarismo dificulta a utilização da glicose como substrato energético pelo tecido muscular e que o exercício de moderado a intenso é um facilitador dos mecanismos fisiológicos da captação da glicose pelo músculo em portadores de diabetes mellitus do tipo 2, tornando a membrana da célula muscular mais permeável à ação da insulina. Os resultados mais significantes expostos na literatura demonstram ser a associação do exercício aeróbico com o resistido a melhor escolha para esse tipo de população. Vale ressaltar que, nos portadores do tipo 1, a relação dieta/insulina deve ser observada criteriosamente, fazendo-se necessário um controle mais rígido através da medida da glicemia capilar pré e pós exercício. Estudos mais abrangentes deverão ser realizados, principalmente, nos portadores de diabetes do tipo I e do tipo 2 descompensado que, devido ao uso da insulina, podem oferecer um risco maior de episódios hipoglicêmicos.

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