CURVA DE CRESCIMENTO E DE BIOMASSA FRESCA DA ESPÉCIE AEOLANTHUS SUAVEOLENS EM CULTIVO PROTEGIDO

UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA

FACULDADE DE AGRONOMIA E MEDICINA VETERINÁRIA

ANÚNCIO

CURVA DE CRESCIMENTO E DE BIOMASSA FRESCA DA ESPÉCIE AEOLANTHUS SUAVEOLENS EM CULTIVO PROTEGIDO

GEORGE COSTA E ARMANDO MONTEIRO

ANÚNCIO

BRASÍLIA - DF

JUNHO DE 2008

ANÚNCIO


UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA

FACULDADE DE AGRONOMIA E MEDICINA VETERINÁRIA

CURVA DE CRESCIMENTO E DE BIOMASSA FRESCA DA ESPÉCIE AEOLANTHUS SUAVEOLENS EM CULTIVO PROTEGIDO

GEORGE COSTA E ARMANDO MONTEIRO

PROJETO FINAL DE ESTÁGIO SUPERVISIONADO SUBMETIDO À FACULDADE DE AGRONOMIA E MEDICINA VETERINÁRIA DA UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA, COMO REQUISITO PARCIAL PARA A OBTENÇÃO DO GRAU DE ENGENHEIRO AGRÔNOMO.

APROVADO PELA COMISSÃO EXAMINADORA EM __/__/___

BANCA EXAMINADORA

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Prof. Jean Kleber de Abreu Mattos, Dr.

FAV – UnB - Orientador

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Prof. José Alencar Carneiro de Freitas

FAV – UnB - Examinador

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Engº. Agrônomo Fernando Almeida Costa

BRASÍLIA DF

JUNHO DE 2008

FICHA CATALOGRÁFICA

COSTA, GEORGE, & MONTEIRO, ARMANDO. CURVA DE CRESCIMENTO E DE BIOMASSA FRESCA DA ESPÉCIE AEOLANTHUS SUAVEOLENS EM CULTIVO PROTEGIDO. Brasília, 2008. Orientação de Jean Kleber A. Mattos. Trabalho de Conclusão de Curso Agronomia– Universidade de Brasília / Faculdade de Agronomia e Medicina Veterinária. 13 p.: il.

REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA

COSTA, G., & MONTEIRO, A. CURVA DE CRESCIMENTO E DE BIOMASSA FRESCA DA ESPÉCIE AEOLANTHUS SUAVEOLENS EM CULTIVO PROTEGIDO Faculdade de Agronomia e Medicina Veterinária, Universidade de Brasília; 2008, 13 p. Monografia de Conclusão de Curso.

CESSÃO DE DIREITOS

NOME DOS AUTORES: George Costa & Armando Monteiro

TÍTULO DO TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO (GRADUAÇÃO):

CURVA DE CRESCIMENTO E DE BIOMASSA FRESCA DA ESPÉCIE AEOLANTHUS SUAVEOLENS EM CULTIVO PROTEGIDO Grau: Engenheiro Agrônomo Ano: 2008

É concedida à Universidade de Brasília permissão para reproduzir cópias desta dissertação de graduação e para emprestar ou vender tais cópias somente para propósitos acadêmicos e científicos. Os autores reservam-se os outros direitos de publicação e nenhuma parte desta dissertação de graduação pode ser reproduzida sem autorização por escrito dos autores.

________________________

George Costa

CPF:

CEP:– Brasília DF – Brasil

E-mail:

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Armando Monteiro

CPF:

CEP:– Brasília DF – Brasil

E-mail:

Agradeço ao professor e orientador Jean Kleber de Abreu Mattos, pelo apoio e encorajamento contínuos na pesquisa, aos demais Mestres da casa, pelos conhecimentos transmitidos, e à Diretoria do curso de graduação em Agronomia da Universidade de Brasília pelo apoio institucional e pelas facilidades oferecidas.

SUMÁRIO

INTRODUÇÃO...............................................................................................................01

REVISÃO BIBLIOGRÁFICA........................................................................................02

MATERIAL E MÉTODO...............................................................................................06

RESULTADOS E DISCUSSÃO.....................................................................................07

CONCLUSÃO.................................................................................................................11

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS............................................................................12

RESUMO

A espécie Aeolanthus suaveolens G. Don., referida outrora como A. suavis, recebe as denominações populares de Macaçá, Catinga-de-Mulata e Água-de-Colônia, dependendo da região geográfica do Brasil onde esteja sendo utilizada. A espécie é uma fonte alternativa de linalol, listada como provável suscedânea do Pau Rosa -Aniba duckei- fonte tradicional da substância, hoje ameaçada de extinção. O objetivo do presente trabalho foi construir as curvas de crescimento e de biomassa de um acesso de Aeolanthus suaveolens, cultivado em vaso em condição de estufa, visando conhecer o ciclo da planta para exploração comercial. O ensaio foi realizado na Estação Experimental de Biologia da UnB, em Brasília – DF, em casa de vegetação do tipo Glasshouse, com 50% de luz solar e temperatura média de 26,5ºC (média das mínimas 13ºC e média das máximas 43ºC). O cultivo foi feito em vasos de três litros de capacidade, contendo mistura formulada com terra de cultura (3 partes), composto orgânico (1 parte), vermiculita (1 parte) e areia (1 parte). Em cada 40 litros da mistura foram incorporados 100 g da formulação 4-16-8 + Zn. Semanalmente, a partir do transplante, as plantas foram mensuradas para se registrar o crescimento em altura. A altura da planta foi medida a partir da superfície do solo até à gema apical a partir de uma semana após o transplante das mudas. A partir da segunda semana após o transplante, a produção de biomassa passou a ser registrada mediante pesagem semanal de seis indivíduos sorteados. Cada vaso continha duas plantas da espécie. No total, 38 plantas foram pesquisadas, ou seja, 19 vasos. Os coeficientes de variação da altura e da biomassa ao final do período de experimentação foram determinados. Os resultados referentes aos parâmetros eleitos para observação do comportamento da espécie ratificam resultados anteriores da literatura para condições de cultivo da espécie protegido em estufa do tipo “Glasshouse”. O retardo na produção de flores e conseqüente aumento na produção de biomassa foi considerado como positivo para o cultivo em estufa.

INTRODUÇÃO

A espécie Aeolanthus suaveolens G. Don., referida outrora como A. suavis M., recebe as denominações populares de Macaçá, Catinga-de-Mulata e Água-de-Colônia, dependendo da região geográfica do Brasil onde esteja sendo utilizada.

A espécie originalmente teve seu uso inspirado na cultura religiosa africana, como loção protetora contra maus fluidos, sendo regida pelos orixás Oxalá/Oxum/Iemanjá. Mais tarde a espécie teve sua consagração na medicina popular brasileira, principalmente como analgésico, na forma de sumo natural aplicado localmente, especialmente para dores de ouvido, sendo comercializada nas feiras livres do nordeste brasileiro.

Mais recentemente, a descoberta da presença de linalol como componente de seu óleo essencial colocou a planta na linha de frente das espécies de interesse para a pesquisa de substâncias aromáticas, não apenas para a indústria de perfumes, mas, sobretudo, para a farmacológica, uma vez que foram revelados os efeitos analgésicos do linalol, bem como os mecanismos de ação da substância no organismo.

De alto valor no mercado, o linalol é um componente importante de fragrâncias produzidas pela indústria química, que tradicionalmente o extraíam do tronco do Pau-rosa (Aniba rosaeodora Ducke), também referida como Aniba duckei Lostermans, planta da Amazônia Brasileira, atualmente ameaçada de extinção. A espécie Aeolenthus suaveolens é listada, portanto, como uma fonte alternativa de linalol.

Na Universidade de Brasília, mediante o projeto Plantas Medicinais da Faculdade de Agronomia e Medicina Veterinária, a espécie vem sendo mantida em coleção, sendo preservada e difundida mediante colaboração com o professor John N. Covanes do Botresearch (Botanical Research and Biotechnology) - USA.

Recém emergente na mídia, a espécie necessita de ter seu sistema de produção elaborado. Para tal, estudos fenológicos e de produção se fazem necessários.

OBJETIVO

O objetivo do presente trabalho foi construir as curvas de crescimento e de biomassa de um acesso de Aeolanthus suaveolens, cultivado em vaso em condição de estufa, visando conhecer o ciclo da planta para exploração comercial.

REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

Segundo Van der Berg (1987), Aeolanthus suaveolens G. Don. (Labiatae) é denominada popularmente Macaçá ou  Catinga-de-Mulata. É uma erva pequena, atingindo até 45 cm de altura, com ramos pubescentes e folhas sésseis, obovado-oblongas, até 54 mm de comprimento, obtusas, inteiras ou levemente dentadas, e com punctuações visíveis na página inferior, flores lilacinas reunidas em espigas, e estas dispostas em rácimos.

Ornamental e fortemente aromática, fornece óleo essencial próprio para a indústria de perfumaria, o qual, a 13 C, tem o peso específico de 1,028: a ele se devem certamente as propriedades medicinais atribuídos à planta, como valioso excitante difusivo e emenagogo; a infusão é antiespasmódica

A. suaveolens, também referida como “Água-de-Colônia”, é descrita por alguns autores como planta herbácea anual, da família Labiatae, originária da África, contendo lactonas no óleo essencial. Tradicionalmente, é empregada como anticonvulsivante (sumo das folhas). As folhas, na forma de infusão, são utilizadas como calmante e para dores no coração. Multiplica-se mediante sementes.

Intensamente utilizada na Amazônia e no Maranhão, tanto para fins medicinais como religiosos, folclóricos e cosméticos. O chá da planta é usado sob a forma de infusão para problemas de fundo nervoso, taquicardia e epilepsia, principalmente no Pará. Com as folhas da catinga de mulata misturadas com as do manjericão (Ocimum minimum L.) e da “jardineira” (Alpinia nutans Rosc.) se fazia um banho para encharcar os cabelos e a cabeça para debelar esses males ou combater a cefaléia. A Catinga-de-mulata é ingrediente indispensável nos banhos de cheiro e ariaxés dos cultos afro-brasileiros, do tradicional banho de São João e dos perfumes regionais (Van der Berg, 1986).

Na Zona do Salgado (PA), são utilizados os restilos para dores de vista. Chamou a atenção dos pesquisadores que uma planta tão largamente consumida e conhecida permanecesse identificada erroneamente. Como essa espécie era utilizada em banhos rituais da Casa de Minas, levantou-se a hipótese de que sua origem era africana, e a partir daí, foi identificada como Aeolanthus suaveolens G. Don. (Labiatae) (Van der Berg, 1987).

Pio Corrêa (1931) cita-a sob os verbetes “chegadinha” e “mangericão miúdo” e a descreve da seguinte maneira: “CHEGADINHA - Aeolanthus suavis M., da família das Labiadas. Herva pequena até 45 cm de altura, ramos pubescentes e folhas sésseis, obovado-oblongas, até 54 mm de comprimento, obtusas, inteiras ou levemente dentadas e com punctuações visíveis na página inferior; flores lilacinas reunidas em espigas e estas dispostas em racimos. Ornamental e fortemente aromática, fornece óleo essencial próprio para a indústria de perfumaria, o qual, a 13 C, tem o peso específico de 1,028: a ele se devem certamente as propriedades medicinais reconhecidas à planta como valioso excitante difusivo e emenagogo; a infusão é antiespasmódica.”

Embora ainda não tenha sido encontrada na África, atribui-se-lhe origem africana porque ao continente negro pertencem todas as demais espécies do gênero; o certo é que o sábio Martius foi quem primeiro a coletou em Santa Cruz, imediações do Rio de Janeiro. Pio Corrêa menciona ainda que “Caminhoá estendeu a sua distribuição geográfica até São Paulo, e Warming a encontrou em Minas Gerais. Syn: Mangericão miúdo”. Note-se que a classificação botânica neste caso é Aeolanthus suavis, devida a Martius.

Oliveira et al. (2005) registraram que no Rio Grande do Norte a espécie se chama “macassar”, o que também foi confirmado em Recife (PE). A identificação correta foi-lhe confirmada pelo especialista Dr. Harley, de Kew – Inglaterra. Os autores fizeram recentemente uma descrição mais detalhada da planta, que foi assim resumida: “A Amazônia abriga um rico reservatório de biodiversidades que é útil ao homem. Dentre essas biodiversidades, destacam-se as plantas medicinais e aromáticas, porém algumas espécies, ainda não foram investigadas botanicamente. Tal espécie foi coletada no município de Abaetetuba-PA. Os estudos sobre a morfologia externa seguiram as técnicas usuais em Taxonomia vegetal. A espécie apresenta as seguintes características: “erva com aproximadamente 40cm de altura, caule circular, ramificado; folhas pecioladas, revestidas de tricomas secretores, com essência aromática; sua pré-floracão é valvar. Flores do tipo metaclamídeas, bissexuadas, trímeras; o seu androceu apresenta estames didínamos, grãos de pólen esféricos, com carpelos dialicarpelar e unilocular; ovário do tipo ginobásico, súpero, sendo a inflorescência em racemo”.

Muitas espécies produtoras de linalol são utilizadas em sistemas médicos tradicionais, incluindo Aeolanthus suaveolens. O linalol é um monoterpeno referido como um componente prevalente nos óleos essenciais em várias espécies aromáticas utilizado como anticonvulsivante na Amazônia Brasileira. Elisabetsky et al. (1995) realizaram avaliações psicofarmacológicas do linalol “in vivo” e mostraram que este composto tem marcado efeito sedativo no Sistema Nervoso Central, incluindo propriedades hipnóticas, anticonvulsivantes e hipotérmicas. O estudo relata o efeito inibidor do linalol sobre as ligações glutamato em córtex de rato. Sugere-se que este efeito neuroquímico confirma os efeitos psicofarmacológicos do linalol. Os resultados oferecem uma base racional para vários dos usos tradicionais de plantas produtoras de linalol.

Re et al. (2000) sugerem que os efeitos neuroquímicos relatados por Elisabetsky et al (1995) devem ser creditados à atividade anestésica local do linalol. Em estudo, relatam um efeito inibidor do linalol na liberação da acetilcolina e sobre tempo de abertura de canal na junção neuromuscular em ratos. Os dados demonstram algumas interações na modulação da acetilcolina na função neuromuscular de ratos, que são bem correlacionadas com os mecanismos moleculares sugeridos. O linalol induziu uma redução da liberação suscitada de Ach. A possibilidade deste efeito estar ligado a alguma interação com a função pré-sináptica é digno de nota.

Gazzaneo at al. (2005), em pesquisa sobre os conhecimentos e os usos de plantas medicinais na comunidade de "Três Ladeiras", no município de Igarassú, próximo à Recife, em Pernambuco, verificaram que Aeolanthus suaveolens ocupava posição destacada no elenco de plantas utilizadas pela comunidade, abaixo apenas do cicatrizante Pithecellobium cochliocarpum (Gomez) Macbr,"barbatenon", Alpinia zerumbet (Pers.) Burt. ex R. M. Smith ("colônia"), sedativo da tosse e analgésico para dores de cabeça (enxaqueca).

Aeolanthus suaveolens Mart. ex Spreng. ("macassá") dividiu o terceiro lugar com o jatobá, Hymenaea martiana Hayne que tratava erupções, inflamações e reumatismo. A. suaveolens era utilizada para dores em geral, especialmente de ouvido. Também, registraram-se citações de seu uso para dores de dente. Na categoria “para males indefinidos”, A. suaveolens foi a espécie mais referida de todas as plantas citadas nesta categoria, as quais apresentavam propriedades analgésicas. O trabalho refere ainda a espécie como planta cultivada. Seu uso freqüente na Região Norte foi verificado num estudo sobre a cadeia produtiva de plantas aromáticas no estado do Pará, realizado no mercado do Ver-o-Peso, por uma equipe do Museu Paraense Emilio Goeldi.

Como planta cultivada, cumpre-nos determinar o esquema de manejo da cultura. Os primeiros trabalhos geralmente referem-se à multiplicação e ao estabelecimento da população ideal de plantas, que repercute na competição por água e nutrientes. Oliveira et al. (2004a) constataram a influência do sombreamento sobre a produção de matéria seca e sobre a qualidade do óleo essencial de Aeolanthus suaveolens. Oliveira et al (2004b) analisaram o rendimento dos principais componentes químicos do óleo essencial de Aeolanthus suaveolens obtido da flor, do caule, da folha e da raiz da planta, e determinaram importante concentração de linalol (40%). Também observaram que na folha se encontra o melhor rendimento em óleo essencial

Segundo Albino (2006), o transplante de mudas de Aeolanthus suaveolens ao ponto de quatro folhas verdadeiras é fundamental para o desenvolvimento adequado. A abundância de ramificações observada nas plantas transplantadas indica que Aeolanthus suaveolens é uma planta do tipo herbáceo-ramificado, em nada se definindo pelo padrão estiolado, de crescimento ereto, apresentado pelas plantas não transplantadas no tempo certo.

Segundo Costa (2007), o comportamento de Aeolanthus suaveolens foi considerado atípico nas condições de ensaio de vaso em estufa do tipo “Glasshouse”. Os resultados referentes aos parâmetros eleitos para observação do comportamento da espécie ratificam resultados da literatura apenas para condições de cultivo protegido em estufa do tipo “Glasshouse”. Os resultados apontam para importantes limitações no sentido da produção de Aeolanthus suaveolens nas condições dadas.

De acordo com Longhi (2006), o comportamento de plantas Aeolanthus suaveolens observado em estufa foi atípico, pois o grande número de ramificações não condiz com a arquitetura da planta descrita na literatura. A pouca produção de flores e a ausência de sementes também indicaram o comportamento atípico de Aeolanthus suaveolens naquela condição.


MATERIAL E MÉTODOS

Os ensaio foi realizado na Estação Experimental de Biologia da UnB, em Brasília – DF, em casa de vegetação do tipo Glasshouse, com 50% de luz solar e temperatura média de 26,5 ºC (média das mínimas 13 ºC e média das máximas 43 ºC). Sementes de Aeolanthus suaveolens (AS) foram semeadas em sementeiras tipo vaso com mini-estufa de plástico transparente contendo a mistura EEB: terra de cultura (3 partes), composto orgânico (1 parte), vermiculita (1 parte) e areia (1 parte). Em cada 40 litros da mistura foram incorporados 100 g da formulação 4-16-8 + Zn). As plantas foram repicadas quando apresentavam quatro folhas verdadeiras e foram transplantadas quando apresentavam seis folhas verdadeiras. À época do repique e do transplante as plantas foram plantadas em vasos de 3 litros de capacidade contendo a mesma mistura aos pares, perfazendo 19 conjuntos.

Semanalmente, a partir do transplante, as plantas foram medidas para se registrar o crescimento em altura. A altura da planta foi medida a partir da superfície do solo até à gema apical. A partir de 3 g, em média, de peso por planta, a produção de biomassa passou a ser registrada mediante pesagem semanal de seis indivíduos sorteados.

O coeficiente de variação da altura e peso finais do período foi determinado.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Os resultados do presente ensaio estão representados nas figuras 1, 2, 3 e 4. A figura 1 representa a curva de crescimento construída a partir da primeira semana após o transplante das mudas. Observa-se que, seis semanas após o transplante, correspondendo a 62 dias após a semeadura, quando as primeiras flores surgiram demarcando o início do período de florescimento, as plantas continuavam crescendo, com aproximadamente 15 cm de altura, em média. A média de altura das plantas na ultima medição foi de 15,02 cm. O coeficiente de variação da última medição de altura foi relativamente baixo (11,46%). No entanto, o coeficiente de variação da biomassa foi muito elevado (46,45%). A biomassa média da última aferição foi de 32,66g.

Fig.1. Curva de crescimento de Aeolanthus suaveolens sob estufa, em seis semanas de observações.

O segundo gráfico, figura 2, representa a curva de evolução da taxa média diária de crescimento, mostrando que, a partir da quarta semana a partir do transplante das mudas, a taxa média diária de crescimento iniciou um declínio, certamente anunciando o início iminente da florada, fato comum segundo Janick (1968). No entanto as plantas continuam crescendo, embora a uma taxa menor, em torno de 0,3 cm/dia, quando na quarta semana a taxa aproximava-se de 0,5 cm/dia.

Fig. 2. Taxa media diária de crescimento de Aeolanthus suaveolens sob estufa em seis semanas de observações.

O terceiro gráfico, figura 3, representa a curva de evolução da produção de biomassa fresca, que é o produto comercial da espécie. Os dados mostram que, a partir da terceira semana, há um grande incremento na produção de biomassa, que arrefece apenas a partir da quinta semana após o transplante das mudas, muito embora a produção continue em ascenção.

Fig. 3. Curva de biomassa de Aeolanthus suaveolens sob estufa em seis semanas de observações.

O quarto gráfico, figura 4, representa a curva de evolução da taxa média diária de produção de biomassa. Mostra-se que, a partir da quinta semana a partir do transplante das mudas, a taxa média diária de produção de biomassa iniciou um declínio, certamente anunciando, tal qual ocorreu com o crescimento da planta em altura, o início da florada, que, por tratar-se de planta anual, significa o fim do ciclo cultural, culminando com a produção de sementes. A biomassa média da ultima aferição foi de 32,66g. O coeficiente de variação da biomassa foi muito elevado (46,45%), resultado que se assemelha ao encontrado por Costa (2007).

Taxa média diária de aumento da biomassa de
Aeolanthus suaveolens sob estufa
0
0,5
1
1,5
2
3s
4s
5s
6s
Semanas após o transplante

Fig. 4. Taxa média diária de aumento da biomassa de Aeolanthus suaveolens sob estufa, em seis semanas de observações.

Albino (2006), estudou o crescimento de Aeolanthus suaveolens sob cultivo protegido e observou que, na primeira semana de crescimento após o transplante, a TCD (taxa de crescimento diário) era 0,35 cm/dia. Na segunda semana ela chegou a quase a 0,75 cm/dia, aumentando na semana seguinte, aproximando-se de 0,85 cm/dia. A partir de então observou-se uma queda da TCD, que baixou a 0,55 cm/dia, indicando, provavelmente, a proximidade da fase reprodutiva da planta, onde o crescimento desacelera e tem início a floração (Mauseth, 1991).

Longhi (2006), em experimento semelhante, observou que, aos 146 dias de cultivo de Aeolanthus suaveolens em condições de estufa, houve uma estabilização do crescimento, com taxa diária praticamente nula. Aos 179 dias, a média da biomassa foi de 250 gramas. Anteriormente, aos 70 dias, a biomassa havia registrado 51,7 gramas em média por planta, o que mostra que em 75 dias a biomassa sofreu grande alteração, com uma taxa média diária de aporte de matéria seca em torno de 2,64 gramas. O florescimento estabeleceu-se aos 96 dias de cultivo, com a mudança do padrão das folhas ponteiras, que se apresentaram de tamanho notavelmente reduzido, o que sinaliza o fim da juvenilidade (Janick, 1968). Causou surpresa àquele autor o número escasso de flores, o que não condizia com a descrição morfológica da planta encontrada na literatura, que relata inflorescências longas em relação ao tamanho das plantas, e abundante produção de sementes. O autor considerou o comportamento das plantas de Aeolanthus suaveolens observado no experimento como atípico, certamente devido às condições de estufa, pois o grande número de ramificações observado não condizia com a arquitetura da planta descrita na literatura. A produção de poucas flores e a ausência de sementes também indicariam, segundo aquele autor,  comportamento atípico de Aeolanthus suaveolens.

Os dados de Longhi (2006) referendam os dados aqui relatados, particularmente quanto ao período de florescimento, incipiente aqui aos 62 dias, mas prometendo um significativo número de flores aos 96 dias, período de plena florada encontrado pelo autor referido.

Costa (2007), conduzindo ensaio de estufa com Aeolanthus suaveolens, mostrou que aos 54 dias taxa de crescimento era máxima, ou seja, 0,738 cm por dia. A média da biomassa foi de 43,1g, quando o estande apresentava 90% de florescimento, ou seja, ao se completar o ciclo vegetativo. A planta que apresentou a maior biomassa registrou 75 gramas. O autor observou que houve grande variação nos dados de biomassa. Os resultados ali relatados apontam para algumas limitações do cultivo protegido da espécie em Brasília. O comportamento das plantas de Aeolanthus suaveolens observado no ensaio foi considerado atípico, pois o grande número de ramificações não foi condizente com a arquitetura da planta descrita na literatura. A produção de poucas flores e a ausência de sementes também indicaram comportamento atípico de Aeolanthus suaveolens no ensaio.

Este fato é positivo, uma vez que são as folhas, e não as flores, o produto comercial procurado pelos clientes, nas feiras. Assim, um atraso na produção de flores, que resulte num aumento da biomassa, é interessante para o produtor.


CONCLUSÃO

Os resultados referentes aos parâmetros eleitos para observação do comportamento da espécie ratificam resultados anteriores da literatura para condições de cultivo da espécie em estufa do tipo “Glasshouse”.

O retardo na produção de flores e conseqüente aumento na produção de biomassa foi considerado como positivo para o cultivo em estufa.


REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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